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A eclesiologia de comunhão pós-conciliar

“Quando se fala em Eclesiologia de Comunhão, pensa-se a profunda comunhão, de onde se origina a vida e a missão da Igreja a partir do Concílio Vaticano II. Por isso, é também chamada de Eclesiologia de Comunhão do Vaticano II. Esse tema evoca uma eclesiologia que remete imediatamente às primeiras páginas da conciliar Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium."

Jackson Erpen - Vatican News

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Depois de ter falado sobre a eclesiologia da Lumen Gentium, que foi objeto de inúmeras reflexões e muitos comentários, sobretudo no período pós-conciliar - particularmente em 1985, por ocasião do Sínodo Extraordinário de Roma - padre Gerson Schmidt* aprofunda neste nosso espaço o conceito da eclesiologia de comunhão pós-conciliar:

"Quando se fala em Eclesiologia de Comunhão, pensa-se a profunda comunhão, de onde se origina a vida e a missão da Igreja a partir do conceito do Concílio Vaticano II sobre a realidade da Igreja. Por isso, é também chamada de Eclesiologia de Comunhão do Vaticano II.

Desde o término do Concilio Vaticano II, surgiu a interpretação da Eclesiologia da Lumen Gentium como uma Eclesiologia de Comunhão. O sínodo de 1985, com seu objetivo de fazer um balanço dos 20 anos do Vaticano II, tentou concentrar a Eclesiologia Conciliar em torno do conceito de comunhão. Apesar de não ocupar uma posição central no Vaticano II, esse conceito pode servir, contudo como síntese dos elementos essenciais da Eclesiologia conciliar. Após o sínodo de 1985 houve uma polarização em torno dessa temática e conceito de comunhão, reflexo da prioridade dada pelo sínodo à Eclesiologia de comunhão. “Essa Eclesiologia dá relevância à dimensão comunitária da Igreja, destacando o seu aspecto comunional, relevando, com isso, as comunidades eclesiais, assim como a Igreja Particular”[1].  Portanto se dá relevo à comunidade paroquial e à diocese.

 

Como já refletimos em outro programa passado, e repetimos aqui. Compreende-se, pela Eclesiologia de Comunhão, uma Igreja que se revela como Comunhão em Cristo e por meio d’Ele com a Trindade, onde todos os seus membros estão intimamente interligados, conectados assim como os membros de um corpo humano, imagem paulina. A vinculação das várias partes desse Corpo Místico se dá, sobretudo, com sua cabeça, que na Igreja é Cristo. Por meio d’Ele e por Ele é que todas as partes recebem vida.

Na Lumen Gentium, o Concílio não quis repetir verdades antigas, mas atualizar a milenar consciência que a Igreja tem de seu próprio mistério, enquanto a Eclesiologia reflete a autoconsciência da Igreja. A Igreja aberta à comunidade como forma de viver a vida cristã e estar presente no mundo. Nada de individualismo, de individualismo rastejante, na expressão de São João Paulo II[2]. Existir em comunhão e em comunidade é exigência da vida cristã.

O essencial do mistério da Igreja é ser ela uma comunhão com o Pai, o Filho, no Espírito Santo, e ela viver em comunhão fraterna. Aqui valem os princípios de corresponsabilidade, colegialidade, subsidiariedade sinodalidade. A pastoral eclesiológica do Vaticano II não é de segregação, mas de comunhão com os outros.

Por isso, aponta no número 9 da Lumen Gentium, assim: “Contudo, aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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[1] HACKMANN, Geraldo Luiz Borges. Concilio Vaticano II, 40 anos da Lumen Gentium, vv. aa., Edipucrs, , Porto Alegre, 2005, p.105.

[2] Laborem Exercens, 21. 

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28 abril 2021, 08:17