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Papa Francisco incensa o Altar e a Cruz no início da Celebração Eucarística no Estádio Franso Hariri, em Erbil Papa Francisco incensa o Altar e a Cruz no início da Celebração Eucarística no Estádio Franso Hariri, em Erbil 

Um cristianismo celebrativo - encontro com Cristo

"Um cristianismo sem liturgia, eu ousaria dizer que talvez é um cristianismo sem Cristo. Sem o Cristo total. Até no rito mais despojado, como o que alguns cristãos celebraram e celebram nos lugares de prisão, ou no escondimento de uma casa durante tempos de perseguição, Cristo está verdadeiramente presente e oferece-se aos seus fiéis”, disse o Papa Francisco.

Jackson Erpen - Vatican News

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“Não existe espiritualidade cristã que não esteja enraizada na celebração dos mistérios sagrados (...).  A liturgia, em si, não é apenas oração espontânea, mas algo a mais: é um ato que fundamenta toda a experiência cristã e, por conseguinte, também a oração. É acontecimento, é evento, é presença, é encontro. É um encontro com Cristo.”

Depois de ter falado em nossos três últimos programas sobre os temas: “A Paróquia na eclesiologia de comunhão”, “A Igreja como uma casa de comunhão” e “A caminho de uma sinodalidade”, padre Gerson Schmidt* retoma neste nosso espaço o tema da liturgia, inspirado na rica catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de 3 de fevereiro, que teve por tema “Rezar na liturgia”:

 

"No início do mês de fevereiro deste ano, no dia 03, o Papa Francisco apontou uma rica catequese sobre a liturgia, lembrando a Sacrosanctum Concilium como centro do processo de um cristianismo não intimista, mas celebrativo. O Papa disse que, por muito tempo, “muitos fiéis, embora participassem assiduamente nos ritos, especialmente na Missa dominical, hauriam alimento para a sua fé e a sua vida espiritual sobretudo de outras fontes, de tipo devocional”. A liturgia ficava a parte, enquanto se rezavam outras coisas particulares, como o terço ou outras devoções. Não se compreendia a liturgia, não se mergulhava no mistério sagrado.

O Papa Francisco disse ainda assim nesses dias: “Nas últimas décadas, houve muito progresso. A Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II, representa o centro deste longo trajeto. Reafirma de modo completa e orgânica a importância da liturgia divina para a vida dos cristãos, que nela encontram a mediação objetiva exigida pelo fato de Jesus Cristo não ser uma ideia nem um sentimento, mas uma Pessoa viva, e o seu Mistério um acontecimento histórico. A oração dos cristãos passa por mediações concretas: a Sagrada Escritura, os Sacramentos, os ritos litúrgicos, a comunidade. Na vida cristã não prescindimos da esfera corpórea e material, porque em Jesus Cristo ela se tornou o caminho da salvação. Poderíamos dizer que devemos rezar também com o corpo: o corpo entra na oração”. Por isso, a integração da nossa vida na liturgia, rezando com o corpo e a alma.

Nossa fé esta embasada na liturgia. O Papa diz que “não existe espiritualidade cristã que não esteja enraizada na celebração dos mistérios sagrados”. A liturgia, diz o Sumo Pontífice, “é acontecimento, é evento, é presença, é encontro. É um encontro com Cristo. Cristo faz-se presente no Espírito Santo através dos sinais sacramentais: disto, para nós cristãos, deriva a necessidade de participar nos mistérios divinos. Um cristianismo sem liturgia, eu ousaria dizer que talvez é um cristianismo sem Cristo.  Sem o Cristo total. Até no rito mais despojado, como o que alguns cristãos celebraram e celebram nos lugares de prisão, ou no escondimento de uma casa durante tempos de perseguição, Cristo está verdadeiramente presente e oferece-se aos seus fiéis”. Muito interessante essa frase ousada do Papa: “Um cristianismo sem liturgia, é um cristianismo sem Cristo”.

Por isso, a necessidade de retomarmos as liturgias presenciais, em tempo de pandemia, respeitando as restrições e protocolos. Sem a liturgia, o Cristão não pode ser cristão.

Finalmente o Papa ressalta o que aqui muitas vezes já dissemos que a liturgia não é simplesmente um teatro, onde houvesse simplesmente expectadores mudos e sem envolvimento. Outrora se dizia: “vamos ouvir a missa”. Diz Francisco assim ainda: “A Missa não pode ser somente “ouvida”: também não é uma expressão correta, “eu vou escutar a Missa”. A Missa não pode ser somente ouvida, como se fôssemos apenas espectadores de algo que escorre sem nos envolver. A Missa é sempre celebrada, e não apenas pelo sacerdote que a preside, mas por todos os cristãos que a vivem. E o centro é Cristo! Todos nós, na diversidade dos dons e ministérios, nos unimos na sua ação, porque ele é o Protagonista da liturgia”. Que possamos viver com intensidade um cristianismo celebrativo, no encontro comunitário com Cristo."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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24 março 2021, 08:07