Padre Anacleto Pavanetto nos estúdios da Rádio Vaticana Itália Padre Anacleto Pavanetto nos estúdios da Rádio Vaticana Itália 

Falece o ilustre latinista do Vaticano "Cletus" Pavanetto

Na noite do dia 6 de janeiro, faleceu aos 89 anos em Roma o padre salesiano Anacleto Pavanetto, por muito tempo encarregado do Escritório de Letras Latinas da Secretaria de Estado, genial latinista e genial divulgador das línguas clássicas.

Fabio Colagrande – Vatican News

No arco de quinze dias, faleceram dois verdadeiros pilares do Escritório de Letras Latinas da Secretaria de Estado do Vaticano: em Milwaukee, no dia de Natal, o sacerdote carmelita Reginald Foster, enquanto na noite da Solenidade da Epifania, faleceu em Roma aos 89 anos o padre Anacleto Pavanetto, salesiano e distinto latinista de Piombino, Província de Pádua, conhecido por todos como padre Cletus.

Presidente da Fundação Latinitas

 

Padre Pavanetto, como seu colega estadunidense, havia ingressado na Secretaria de Estado em 1970, onde ficou por trinta anos - primeiro como scriptor e depois como responsável - na seção que trata da tradução dos discursos dos Papas para o latim. Professor emérito de língua e literatura grega clássica na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Salesiana de Roma, padre Letus também foi por 20 anos presidente da Opus Fundatum Latinitas, organização criada por Paulo VI em 1976 para promover o estudo da língua e da literatura latina clássica e cristã, dirigindo também a revista trimestral Latinitas.

Ensinava o grego ... em latim

 

Autor de valiosos numerosos ensaios literários em latim - entre os quais recordamos os dois volumes Litterarum Graecorum classicarum lineamenta potiora de 1986 e o ​​Elementa linguae et grammaticae latinae de 1991 - padre Pavanetto também redigiu uma gramática latina, Elementa linguae et grammaticae latinae, que chegou à sua sexta edição em 2016. Suas aulas de literatura clássica grega em latim permanecem históricas, o que o levou em 1994 a publicar um ensaio sobre a tragédia de Eurípides Le Baccanti, que traduziu para o latim e italiano.

 

Como padre Foster, padre Pavanetto considerava o ensino das línguas clássicas uma verdadeira missão cultural e, mesmo já aposentado, continuou a dar aulas gratuitas a estudantes de várias nacionalidades. Nele estava a consciência de que o latim, com sua linguagem precisa que não se presta a mal-entendidos, era um meio incontornável de aprender sobre a cultura da Antiguidade, da Idade Média e do Renascimento, mas também de reconstruir a história da Igreja.

Divulgador na Rádio Vaticano

 

Entre junho de 2019 e março de 2020, padre Cletus foi um brilhante contador de histórias e divulgador nos microfones da transmissão "Anima Latina" da Rádio Vaticano Itália. “Ainda hoje - confidenciou-nos com pesar - há quem não goste da língua latina porque não parece trazer ganhos imediatos”.

Quid non mortalia pectora cogis, auri sacra fames!”, exclamou, citando Virgílio. “No entanto, o conhecimento desse imenso tesouro que é a língua latina é essencial para nos dar uma coluna vertebral quando falamos em italiano”. “Muitas vezes na mídia ouvimos pronúncias erradas ou encontramos palavras usadas incorretamente porque o latim não é conhecido”, observou padre Cletus. “E mesmo os 'fanáticos' da língua inglesa - concluiu ele com um sorriso - devem refletir sobre o fato de que as palavras que indicam as ferramentas digitais modernas são palavras latinas”.

A recordação do reitor da Salesiana

 

Particularmente tocada pelo falecimento do padre Pavanetto foi a comunidade da Pontifícia Universidade Salesiana, onde o latinista lecionou e ainda residia. “Somos agradecidos ao Senhor pelo dom do padre Cleto à Igreja e à Congregação Salesiana – declarou ao Vatican News o reitor, padre Mauro Mantovani - especialmente pelos longos anos em que conjugou sabiamente o serviço constante e qualificado à Santa Sé e sua ação eficaz como docente e formador no Pontificium Institutm Altioris Latinitatis, a nossa Faculdade de Letras Cristãs e Clássicas”.

O professor Mantovani define padre Cletus como "um homem culto e bondoso, admirador e promotor do classicismo", mas sobretudo "um salesiano autêntico e apaixonado, que interpretou com inteligência e clarividência a urgência de investir hoje na cultura e no patrimônio humanístico para construir, diante dos desafios que enfrentamos, um futuro cada vez mais humano e humanizador”.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui

07 janeiro 2021, 19:17