Mulheres indianas do Estado de Orissa, Índia Mulheres indianas do Estado de Orissa, Índia 

Subsecretária vaticana: promover a dignidade da mulher contra a cultura do descarte

Francesca Di Giovanni sublinha que a difusão da “cultura do descarte” causou “novas formas de pobreza e exploração a muitas mulheres, bem como novas ameaças à sua vida e sua dignidade”.

Isabella Piro/Manoel Tavares - Vatican News

“A Santa Sé continua como firme promotora da dignidade da mulher, baseada, sobretudo, no reconhecimento de que a dignidade de cada ser humano, homem ou mulher, é o fundamento do conceito dos direitos humanos universais”: foi o que afirmou a Dra. Francesca di Giovanni, subsecretária do setor multilateral da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado da Santa Sé.

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A doutora fez seu pronunciamento, nesta quinta-feira (01/10), no encontro de alto nível, realizado em modo virtual, por ocasião do 25º aniversário da IV Conferência Mundial da Mulher, realizada em Pequim, em setembro de 1995.

Novas ameaças

Não obstante os progressos alcançados pelas mulheres, no último quarto de século, a doutora Francesca destacou que “a difusão da cultura do descarte causou novas formas de pobreza e exploração de muitas mulheres, como também novas ameaças à sua vida e dignidade". Daí a exortação a quatro áreas-chave de intervenção: em primeiro lugar, “a saída das mulheres da pobreza, mediante a igualdade de acesso ao emprego, à propriedade, ao capital e aos serviços financeiros e tecnologia; a igualdade de salário pelo próprio trabalho, a equidade no progresso da carreira e o devido reconhecimento pela assistência não remunerada e o trabalho doméstico”.

“O progresso econômico das mulheres, - acrescentou a Doutora Francesca - não deveria exigir uma opção entre o trabalho e o desejo de constituir família”; “as mulheres devem ser reconhecidas como protagonistas dignas do seu desenvolvimento integral, que comporta sua plena participação cultural, social e política”.

Importância da educação

Francesca di Giovanni recordou, como segundo ponto, a importância da educação: muitos meninos e meninas representam a maioria dos menores "não matriculados na escola primária", o que "favorece o ciclo da desigualdade". “Uma situação para a qual a Igreja católica remedia, preenchendo as lacunas de numerosos lugares, através de milhares de instituições de ensino, muitas das quais dirigidas por religiosas”. Ao mesmo tempo, a doutora recordou a necessidade de “dar um apoio adequado também aos pais e ao seu direito e responsabilidade primordial de educar os filhos".

Assistência de saúde

Como terceiro ponto crucial para a promoção da mulher, a Representante da Santa Sé falou da assistência à saúde, que, muitas vezes, não chega ao setor feminino, nem mesmo nas práticas básicas da nutrição e saneamento. Por isso, a doutora esclareceu que “ao invés de investir recursos para remediar essas deficiências, deu-se muita importância a alguns aspectos da saúde sexual e reprodutiva das mulheres, entre os quais a supressão da sua capacidade de maternidade”. Ao invés, “o gênero feminino merece algo melhor: a sua saúde deve ser cuidada de modo mais holístico, sobretudo em situações de emergência, onde o que, às vezes, é considerado uma 'solução imediata', comporta ulteriores violências, isolamento e desespero”.

A mulher como objeto

Por fim, como quarto ponto, a doutora Francesca falou sobre "a desumanização e a violência de muitas mulheres, que continuam de forma cruel, também por causa de uma "cultura hedonista e comercial difundida, que as reduz a objetos sexuais e a produtos de uso e consumo, como acontece com a pornografia, a barriga de aluguel e o tráfico de pessoas”.

A doutora Francesca di Giovanni concluiu seu pronunciamento convidando todos, homens e mulheres, a enfrentar esses desafios. E frisou: “As mulheres dispõem de dons especiais, que podem reverter a cultura do descarte e remediar seus efeitos. Cada passo dado pelas mulheres representa um passo ulterior rumo a uma cultura e humanidade autênticas”.    

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03 outubro 2020, 09:18