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Papa Francisco com o clero de Roma, na Basilica São João de Latrão Papa Francisco com o clero de Roma, na Basilica São João de Latrão  

Celebração Penitencial

"Pelo batismo fazemos parte da família de Deus. Se um membro do Corpo de Cristo peca, fere toda a Igreja, toda a comunidade, todo o corpo."

Jackson Erpen – Vatican News

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre “Celebração Penitencial”.

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Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a Penitência é uma ação litúrgica”. Ordinariamente, os elementos da sua celebração são “saudação e bênção do sacerdote, leitura da Palavra de Deus para iluminar a consciência e suscitar a contrição e exortação ao arrependimento: a confissão que reconhece os pecados e os manifesta ao sacerdote; a imposição e aceitação da penitência; a absolvição do sacerdote; o louvor de ação de graças e a despedida com a bênção do sacerdote” (1480).

O sacramento da Penitência – explica mais adiante -  pode também ter lugar no âmbito duma celebração comunitária, na qual se faz uma preparação conjunta para a confissão e conjuntamente se dão graças pelo perdão recebido” (1482). “Em casos de grave necessidade, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação, com confissão geral e absolvição geral. Tal necessidade grave pode ocorrer quando há perigo iminente de morte, sem que o sacerdote ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente” (1483).

No programa de hoje deste nosso espaço, padre Gerson Schmidtaborda precisamente o tema da “Celebração Penitencial”:

 

“Na renovação litúrgica prevista pela SC, vemos que os padres conciliares também motivaram para que acontecesse uma renovação do rito da Penitência, da confissão ou também chamada de Reconciliação. Diz assim o número 72 da Sacrosanctum Concilium: “Revejam-se o rito e as fórmulas da penitência, de modo que exprimam com mais clareza a natureza e o efeito deste sacramento”(SC, 72).

Sabemos que a confissão não deveria ser um ato mágico ou estanque de nossa vida de fé, mas um processo de conversão, do qual o rito penitencial deveria ser sinal eficaz. Por isso, no pensamento do Concilio Vaticano II, o pecado é visto não simplesmente como uma ofensa individual a Deus, mas uma ferida comunitária, que afeta toda a Igreja e o Povo de Deus, mesmo se o pecado for feito em privado. Pelo batismo fazemos parte da família de Deus. Se um membro do Corpo de Cristo peca, fere toda a Igreja, toda a comunidade, todo o corpo.

Por isso, no número 109 da SC nos diz assim: “O mesmo se diga dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, inculque-se no espírito dos fiéis, juntamente com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitência que detesta o pecado como ofensa feita a Deus; e na ação penitencial não se esqueça a parte da Igreja, nem se deixe de recomendar a oração pelos pecadores”(SC, 109, item b).

Por isso, está previsto pelo ritual que a confissão dos fiéis seja feita, na medida do possível, dentro de uma celebração penitencial. O Papa Bento XVI, na exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, escreveu assim no número 61: “...recomenda-se que o indivíduo penitente se prepare para a confissão meditando um trecho apropriado da Sagrada Escritura e possa começar a confissão com a leitura ou a escuta de uma advertência bíblica, como aliás está previsto no próprio ritual. (...) a confissão individual da multidão dos penitentes tenha lugar no âmbito de celebrações penitenciais, como previsto pelo ritual...”(VD, 61).  

Em Timóteo 3,16, temos a confirmação de que a Palavra de Deus nos corrige, nos repreende, nos educa e nos converte: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (Tm 3,16).

Portanto, em nossas paróquias e comunidades deveríamos promover as celebrações penitenciais no espírito comunitário do Concílio, propondo a reconciliação de cada pecador com Deus e com a comunidade, num verdadeiro processo de conversão pela Palavra e exortação de mudança.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS. 

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09 setembro 2020, 08:27