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Papa com patriarcas do OM: ele realmente entende nosso sofrimento, diz cardeal Sako

O Papa Francisco recebeu individualmente na manhã desta sexta-feira no Vaticano alguns patriarcas da região do Oriente Médio. No centro das conversações, a situação difícil da região e das Igrejas locais de cada país. O cardeal Raphael I Sako visitou o Vatican News e falou sobre o encontro.

Giancarlo La Vella - Cidade do Vaticano

A situação no Oriente Médio esteve ao centro do encontro do Papa Francisco na manhã desta sexta-feira com o cardeal Béchara Boutros Raï, patriarca de Antioquia dos maronitas; cardeal Louis Raphaël I Sako, patriarca de Babilônia dos caldeus; o patriarca de Alexandria dos coptas, Ibrahim Isaac Sedrak; Ignace Youssif III Younan, Patriarca de Antioquia dos Sírios; Youssef Absi, patriarca de Antioquia dos greco-melkitas e o patriarca da Cilícia dos armênios, Grégoire Pierre XX Ghabroyan. Ou seja, patriarcas do Líbano, Iraque, Síria e Egito, representando a situação de seus respectivos países.

A proximidade do Papa com as Igrejas do Oriente Médio

 

Depois da audiência, o cardeal Louis Raphaël Sako falou ao Vatican News sobre o encontro com Francisco:

Ouça e compartilhe!

R. - Foi um encontro muito amigável, com um pai. À luz de nossos problemas, como a perseguição, a violência, a emigração, o fundamentalismo, que não ajudam a desenvolver uma vida civil, o Santo Padre mostrou-se muito próximo. Ele realmente entende nosso sofrimento. Conversamos sobre nossos países, depois sobre nossas Igrejas. Somos pequenas realidades, temos dificuldades, mas também temos uma vocação a respeitar, uma missão que quer testemunhar a nossa fé, o Evangelho, a fraternidade, o respeito pela vida, pela natureza. Essas coisas são um pouco estranhas em nosso contexto iraquiano, que é tribal, violento. O Papa nos demostrou sua amizade, sua proximidade, sua oração. Ele também falou de seu desejo de visitar o Iraque, mas infelizmente as condições não são favoráveis ​​por enquanto. Talvez no final do ano veremos se isso será possível. Temos necessidade da proximidade do Santo Padre, mas também daquela da Santa Sé, para perseverar em nossa missão e esperar na paz. Eu disse ao Papa que é preciso ajudar os cristãos no Oriente. Nós somos as raízes do cristianismo. Ainda que sejamos uma minoria, somos como o sal, a luz, somos um dom para a Igreja universal. Temos portanto uma missão importante, e para isso temos necessidade de ouvir o encorajamento e uma palavra do Papa e da Santa Sé.

Há um ano foi assinada a Declaração sobre a Fraternidade universal em Abu Dhabi pelo Papa e pelo Grão Imame de al-Azhar, Ahamed al-Tayyeb. Que frutos essa iniciativa histórica produziu?

R. - Foi um grande passo, muito positivo. Espero que um dia Francisco vá também ao Iraque para assinar um documento semelhante. Por enquanto, ele assinou com os sunitas, mas esperamos que ele faça o mesmo com as autoridades xiitas, para que todo o mundo muçulmano aceite esse compromisso, de promover a coexistência harmoniosa e pacífica entre os homens.

Falamos da Igreja no Iraque, uma Igreja que há anos testemunha o sofrimento de um povo em guerra e que hoje realiza importantes instâncias de justiça social. De que modo a Igreja é próxima ao povo iraquiano?

R. - Estamos muito presentes. Somos uma minoria, mas sempre muito dinâmica. Somos respeitados e também realizamos muitos gestos. Tantas vezes fui levar comida, remédios para os deslocados xiitas e sunitas, para dizer que somos irmãos. Um imame veio nos encontrar dizendo: "Eu sei que seu Deus é amor". Haverá uma mudança. Tenho quase certeza, mas cabe a nós favorecer isso. Não devemos ter medo, devemos falar da paz, da vida, do respeito pela natureza, pelos direitos dos outros, salvar o pluralismo. Uma pátria é para todos. Penso que exista uma tomada de consciência por parte desses jovens que agora estão protestando contra a corrupção. Um novo Iraque nascerá. A liberdade religiosa deve chegar. Salam: a paz virá. A última palavra não será pela guerra e pela morte; será pela paz e pela vida.

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07 fevereiro 2020, 16:13