Juventude de Francisco Juventude de Francisco  Editorial

Davos de Francisco

O Papa Francisco dá vida a um evento muito esperado, convocando no coração da região italiana da Úmbria, em Assis, jovens de todo o mundo para fazer “um pacto” para que a economia de hoje e de amanhã seja mais justa, fraterna, sustentável e com um novo protagonismo de quem hoje está excluído.

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Alguém já o definiu Davos de Francisco: estamos falando do encontro que o Santo Padre convocou para o próximo mês de março, mais precisamente entre os dias 26 e 28 na cidade italiana de Assis. Os convidados não são os grandes financeiros e empresários do mundo das finanças já afirmados, mas economistas e empreendedores com menos de 35 anos, provenientes de todo o Mundo. O título do encontro “Economy of Francesco”, ou simplesmente, Economia de Francisco.

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Uma iniciativa muito desejada, como escreveu o próprio Francisco numa carta de convocação em maio do ano passado. Um evento que me permite  - disse - encontrar aqueles que hoje estão se formando e começando a estudar e praticar uma economia diferente, a que faz as pessoas viverem e não morrerem, incluir e não excluir, humanizar e não desumanizar, cuidar da criação e não a saqueá-la. “Um evento que nos ajude a estarmos juntos e a nos conhecer, e que nos leve a fazer um pacto para mudar a economia atual e dar uma alma à economia de amanhã”.

Assim Francisco dá vida a um evento muito esperado, convocando no coração da região italiana da Úmbria, na cidadezinha de São Francisco, jovens de todo o mundo para fazer “um pacto”, no espírito do “pobrezinho”, para que a economia de hoje e de amanhã seja mais justa, fraterna, sustentável e com um novo protagonismo de quem hoje está excluído. Uma grande máquina organizadora colocou-se em movimento e até o momento são mais de 3.300 os pedidos de participação, com 2.000 jovens credenciados, provenientes de 115 países, entre os quais muitos do Brasil e de Portugal.

Doze aldeias

A cidade de São Francisco será dividia em 12 "aldeias" que acolherão os trabalhos dos participantes sobre grandes temas e questões apresentadas pela economia de hoje e de amanhã.

Será um evento de jovens. Certamente haverá alguns adultos para um discussão em conjunto, economistas e peritos no desenvolvimento sustentável de fama internacional, mas desta vez ficarão “no fundo da sala”. É um evento juvenil e como tal será.

Não serão os especialistas a  criar a agenda aos jovens, mas sim o Papa que os convoca, e ele escreveu isso na carta na qual já menciona os temas que deseja sejam tratados. Como bem sabemos o próprio Papa frequentemente tem chamado a atenção para o tema da economia: é um grande tema seu, como foi um grande tema para São Francisco de Assis.

Organização trabalha muito

Os organizadores estão trabalhando muito para que os jovens sejam os protagonistas com sua linguagem e suas perguntas. Será muito interessante e bonito poder ver jovens de 130 países do mundo, pessoas que têm perspectivas muito diferentes e com idades até mesmo inferior aos 18 anos reunidos em torno de um grande tema. Será um grande desafio. Será o momento de dar espaço às perspectivas, sem fazer sínteses, documentos ou manifestos que não são necessários, mas sim momento de ativar processos sem ter pressa e ver o que vai ocorrer nos próximos anos.

Os organizadores falam também de momentos de trabalho coletivo e individual. Assim, surge os momentos de "não-programa", de "diálogo face a face". alternando com momentos de trabalho de grupo com métodos interativos nas 12 aldeias disponíveis, onde serão produzidas propostas de mudança concreta na economia, que serão levadas ao Papa e referidas a doze áreas da vida econômica de hoje. 

Ouvir e aprender

Muitos jovens querem ir a Assis para ouvir e aprender. Olhando para os temas da agenda, os termos parecem quase antitéticos: lucro e vocação, finanças e humanidade, justiça e agricultura.

Certamente não se deseja dar aos jovens a ideia de que fazer uma nova economia seja fácil, porque se deve unir a vocação das pessoas, com as necessidades das organizações que não falham; deve-se unir como se faz para salvar a humanidade quando você trabalha em um banco ou quando você tem que dar um empréstimo ou não a uma pessoa pobre. Por isso, tenta-se salvar a "complexidade", mas não se espera que em 5 dias se mude a economia! Em vez disso, pode-se ativar algo, iniciar um processo, como diz o Papa na Evangelii gaudium e não somente ocupar espaço, nem mesmo o espaço de Assis.

Os jovens farão uma experiência, e serão muitas as horas por dia de programa livre para irem sozinhos aos lugares de Francisco para refletir. Eles também querem ouvir um ao outro e não apenas ouvir os adultos. Portanto, uma experiência real, verdadeira, e não falsa.

Em Assis, os jovens terão a possibilidade de pensar e se perguntar, nas pegadas de São Francisco, o que significa construir uma nova economia à medida do homem e para o homem. Três dias nos quais o Papa Francisco poderá ouvir “seu grito de alerta e seus sonhos”.

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18 janeiro 2020, 08:00