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Sínodo: falar com liberdade e escutar com humildade procurando a comunhão e a unidade

A Assembleia Sinodal para a região pan-amazónica está a decorrer no Vaticano. O padre português Sérgio Leal participa como assistente da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e acha que haverá orientações para uma Igreja que se faz cada vez mais em comunhão.

Rui Saraiva – Porto

Está a decorrer no Vaticano até ao próximo dia 27 de outubro a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica. “Amazónia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” é o tema de reflexão. Um tema que foi preparado localmente nos últimos anos.

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A Amazónia é uma vasta região com cerca de 7,5 milhões de quilómetros quadrados, mais de 3 milhões de indígenas e 390 povos e nacionalidades que estão a ser escutados. Um Sínodo não apenas para a Amazónia, mas com a Amazónia. E com esta Assembleia Sinodal a Igreja coloca-se à escuta para melhor responder aos caminhos da evangelização.
Logo no primeiro dia dos trabalhos, segunda-feira dia 7 de outubro, o Papa Francisco pediu aos bispos para caminharem neste Sínodo guiados pelo “Espírito Santo” deixando “que Ele se expresse nesta assembleia, entre nós, connosco, através de nós e se expresse apesar da nossa resistência” – assinalou o Santo Padre.
Francisco recomendou “oração” e sublinhou a importância de “refletir, dialogar, escutar com humildade” e “falar com coragem”.

O único representante português no Sínodo é o padre Sérgio Leal da diocese do Porto. Estuda em Roma Teologia Pastoral na Universidade Lateranense e colabora como assistente da Secretaria Geral do Sínodo. Revela aqui a importância do Sínodo sobre a Amazónia para o contexto internacional e para a implementação de uma ecologia integral. Sublinha os valores da liberdade e da escuta como método de um Sínodo.

“Temos visto que o Papa Francisco, procurando caminhar com todos e ouvindo todos, não deixa de arriscar caminho mesmo quando surgem vozes contrárias ou opiniões diversas. E que é uma riqueza na vida da Igreja. A riqueza do Sínodo é esta capacidade de falarmos com liberdade e de escutarmos com humildade e de procurar a comunhão e a unidade. Que este valor da unidade e da comunhão seja uma realidade presente, eu creio que tem de o ser, para que o Sínodo possa acontecer enquanto tal. A palavra sínodo significa caminhar juntos. Depois é uma riqueza que cada um possa apresentar a sua opinião, possa dizer aquilo que, à luz do Espirito Santo, é o melhor para a Igreja. E esta é uma nota importante: não é aquilo que eu entendo ser melhor, não é aquilo que me agrada mais num gosto pessoal, mas o caminho sinodal é o caminho onde cada um é capaz de dizer aquilo que será o melhor para a Igreja e que o Espírito Santo me pede. E isto é uma realidade a ter em conta: o que fazer para que os caminhos da evangelização na Amazónia sejam mais eficazes. Possam levar aquele povo ao encontro com Jesus Cristo. E se possa ter uma preocupação ecológica, isto é, de uma ecologia integral que ajude também no contexto internacional, político e económico a olhar para a Amazónia e para os seus recursos com esta visão equilibrada de preocupação com o futuro com o planeta, com o impacto ambiental. E este poderá ser um grande contributo da Igreja. Neste sentido, procurar a unidade mas também arriscar caminhos novos” – disse o sacerdote português.

Quanto aos resultados deste Sínodo sobre a Amazónia o padre Sérgio Leal acredita que vão surgir orientações para uma Igreja que se faz cada vez mais em comunhão, onde se criam sinergias, potenciando o valor dos diversos ministérios, na valorização do papel da mulher, na escuta das realidades juvenis e no surgir de novos ministérios. Caminhos da nova evangelização:

“Acredito que teremos neste Sínodo algumas orientações que serão fundamentais para os caminhos da nova evangelização. Teremos caminhos muito interessantes de resposta à realidade. Muito mais do que a possibilidade da ordenação de homens casados, espero muito mais da valorização dos ministérios laicais, do potenciar da formação laical para a sinodalidade, a cultura de comunhão. Não é só uma formação laical mas a formação dos presbíteros para isto. Ou seja, de perceber o ministério pastoral hoje, que já não se faz como no passado, com um pastor que comanda e os leigos que executam as funções de comando, mas de uma Igreja que se faz cada vez mais em comunhão, onde se criam sinergias, onde somos capazes de potenciar o valor dos diversos ministérios, na valorização do papel da mulher, na escuta das realidades juvenis e no surgir de novos ministérios. (…) E no meu entender seria muito interessante potenciar a ministerialidade e depois cada Igreja local em Portugal ou noutro lugar do mundo possamos também fazer este caminho de responder com ousadia com coragem também numa fidelidade criativa, que é uma expressão que me apraz muito. Uma fidelidade criativa ao Evangelho e à Igreja. Ou seja, percebermos que há património que não podemos deixar porque foi fundamental no passado e é fundamental hoje. (…) A fidelidade criativa será sempre o melhor caminho para uma ousadia pastoral e para uma resposta mais real às necessidades de hoje.

A Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica decorre no Vaticano de 6 a 27 de outubro com o tema: “Amazónia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Laudetur Iesus Christus

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10 outubro 2019, 09:52