Alguns membros do Comitê Superior para atingir os objetivos do Documento sobre Fraternidade Humana reunidos em Nova York, em 20 de setembro Alguns membros do Comitê Superior para atingir os objetivos do Documento sobre Fraternidade Humana reunidos em Nova York, em 20 de setembro 

2019: o Ano da Tolerância se torna global

O Ano da Tolerância, 2019, proclamado em dezembro de 2018 pelos Emirados Árabes Unidos, torna-se agora global, quando os líderes mundiais se reúnem em Nova York para a abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas

Ir. Bernadette Mary Reis, fsp

Nascida como uma iniciativa dos Emirados Árabes Unidos, ganhou agora uma dimensão global. Em dezembro de 2018, o presidente dos Emirados, o xeque Khalifa bin Zayed, havia declarado que 2019 seria o Ano da Tolerância. Um dos objetivos era o de afirmar os Emirados como um centro global para a promoção da tolerância por meio de projetos que encorajam o diálogo entre as culturas.

Papa Francisco nos Emirados

 

Em fevereiro de 2019, o Papa Francisco foi a Abu Dhabi a convite do príncipe herdeiro, xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan. Naquela ocasião, em 4 de fevereiro, o Pontífice e o Grão-Imame de al- Azhar, Ahmed el-Tayyeb, assinaram o histórico Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum.

A Casa da Família Abraâmica

 

Logo após assinado, o documento já havia dado seu primeiro fruto: no dia seguinte, 5 de fevereiro, o príncipe herdeiro de Abu Dhabi anunciou a construção da Casa da Família Abraâmica na Ilha Saadiyat.

Após concluído, o complexo abrigará uma igreja cristã, uma mesquita e uma sinagoga, mas também um centro de formação. Será portanto, um marco não apenas no sentido tradicional, mas também porque será um lugar onde pessoas de diferentes tradições religiosas poderão aprender, rezar e dialogar juntas.

Dos Emirados Árabes Unidos para o mundo

 

Mohamed Khalifa al Mubarak, outro membro do Comitê Superior, disse que esta última proposta "para reunir as culturas do mundo", alicerça suas raízes em um desejo difundido nos Emirados.

A mensagem, segundo ele, é: "[...] simplificar a fé e fazê-la voltar à sua forma mais original; simplificar a sua vida, para fazê-la voltar aos parâmetros simples que estão escritos em todos os nossos livros religiosos: seja bom com seu próximo, ame seu próximo, ajude seu próximo. Em um mundo assim conectado, na realidade nós estamos muito desconectados ... Projetos e iniciativas como a Casa da Família Abraâmica - e tantos outros que podem vir no futuro - contribuirão para unir as pessoas. É um sonho que se tornará realidade para o povo dos Emirados, um povo que tende à tolerância e que tem a oportunidade de compartilhá-lo com o mundo ".

Comitê Superior inicia seus trabalhos em Roma

 

Em 19 de agosto, foi instituído um Comitê nos Emirados para implementar os objetivos formulados no Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame.

 

Os sete membros do Comitê (2 representando a Igreja Católica, 2 da Universidade de Al-Azhar e 3 dos Emirados) se reuniram pela primeira vez em 11 de setembro, no 18º aniversário dos ataques às Torres Gêmeas de Nova Iorque.

Em sua saudação ao grupo, o Papa Francisco havia destacado a importância do fato de que a manifestação do desejo de promover a vida e a fraternidade tenha ocorrido precisamente na ocasião em que outros decidiram semear a morte e a destruição. Logo após esse encontro em Roma, o rabino Bruce Lustig passou a fazer parte do Comitê Superior.

O Comitê Superior leva sua mensagem a Nova York

 

O Comitê Superior decide então se reunir pela segunda vez em 20 de setembro, desta vez em Nova York, em um esforço para tornar global sua mensagem, exatamente quando os líderes mundiais se reúnem na cidade dos EUA para a abertura da 74ª Assembleia Plenária das Nações Unidas.

O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam, outro membro do Comitê, declarou em um encontro com jornalistas na última sexta-feira, que o Comitê Superior está disposto a trabalhar com qualquer nação que esteja aberta aos ideais expressos no documento.

Ele também acrescentou que os primeiros passos foram dados pelo Secretário-Geral para uma possível adoção do Documento pelas Nações Unidas. Gutérres "solicitará aos Estados Membros que incluam os princípios contidos neste documento histórico, em sua legislação local".

Os desafios

 

Esta é uma disposição importante, considerando que um dos muitos objetivos do Documento sobre Fraternidade Humana é introduzir um novo "conceito de cidadania baseado na igualdade dos direitos e  dos deveres, no âmbito do qual todos desfrutem de justiça".

Quanto aos objetivos, Monsenhor Yoannes Gaid, também membro do Comitê, explicou que o cerne do Documento está na afirmação de que somos todos irmãos. A igualdade se baseia nesta verdade, acrescenta, uma igualdade que, dessa maneira, contempla direitos mas também deveres. A liberdade neste período, sublinha Monsenhor Gaid, significa não-violência. E a "violência, é contrária à fé e à cidadania".

O outro objetivo é eliminar o termo "minoria". O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam enfatizou que a força motriz para chegar a esse objetivo do documento, reside no fato de que a própria expressão é em parte tendenciosa e discriminatória em relação à "chamada minoria". Por esse motivo, o Documento é "o documento mais corajoso da história", porque desafia diretamente realidades rígidas como essas.

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23 setembro 2019, 15:52