Missa com ordenações episcopais na Basílica de São Pedro, em 19 de janeiro de 2019. Missa com ordenações episcopais na Basílica de São Pedro, em 19 de janeiro de 2019. 

A preciosa contribuição de Annibale Bugnini à liturgia

Um dos grandes expoentes para a reforma Litúrgica, já bem antes do Concílio e na sua efetiva aplicação, foi o Mons. Annibale Bugnini. Ele foi um dos peritos do Concilio Vaticano II, que teve acesso em suas pesquisas litúrgicas à biblioteca e ao Arquivo do Vaticano. Já oferecia à Igreja, nos seus estudos, uma tese sobre a Liturgia no Concílio de Trento que lhe proporcionou contato com os bastidores do Concilio de Trento, através das santas liturgias.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre a contribuição de Annibale Bugnini à liturgia.

Damos continuidade a nossa série de programas dedicados à liturgia. E, naturalmente, damos espaço aos grandes nomes que de forma ou outra contribuíram para seu enriquecimento, entre os quais, o arcebispo italiano Annibale Bugnini, que teve um papel decisivo na reforma litúrgica seguida ao Concílio Vaticano II.

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De 1948 a 1960, foi secretário da Comissão para a reforma geral da liturgia, instituída pelo Papa Pio XII. Em 1957 foi nomeado professor de liturgia da Pontifícia Universidade Lateranense e de 1959 a 1962 foi, em vista do Concílio Vaticano II, secretário da Comissão preparatória para a liturgia.

A partir de 1964, foi secretário da Comissão para a Liturgia instituída por Paulo VI, que tinha por objetivo estabelecer e sucessivamente aplicar as mudanças da liturgia. Do trabalho de tal Comissão, surgiu o que hoje é conhecida como a reforma litúrgica, sancionada pela adoção do Missal Romano de 1969.

De 1969 a 1975, Annibale Bugnini também foi secretário da Congregação para o Culto Divino, até esta ser unida à Congregação dos Sacramentos na Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Quem nos trás mais detalhes, é o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, padre Gerson Schmidt:

“Um dos grandes expoentes para a reforma Litúrgica, já bem antes do Concílio e na sua efetiva aplicação, foi o Mons. Annibale Bugnini, que aqui merece referência à parte. Está à disposição no mercado bibliográfico brasileiro uma grande obra sobre a LITURGIA, agora já na segunda edição do livro magnifico editada por três livrarias católicas brasileiras (Paulus, Paulinas e Loyola), de mais de 800 páginas, traduzida para o português de autoria Annibale Bugnini, “A reforma Litúrgica (1948-1975)”, traduzida por Paulo Valério, que aqui vamos referendar inúmeras vezes em nosso resgate histórico.

Monsenhor Annibale Bugnini foi um dos peritos do Concilio Vaticano II, que teve acesso em suas pesquisas litúrgicas à biblioteca e ao Arquivo do Vaticano. Já oferecia à Igreja, nos seus estudos, uma tese sobre a Liturgia no Concílio de Trento que lhe proporcionou contato com os bastidores do Concilio de Trento, através das santas liturgias[1]. Foi aluno no Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã, que é considerado a ciência litúrgica antes do Concílio Vaticano II. Nesse ambiente Bugnini trava conhecimento dos grandes nomes de arqueólogos como Enrico Josi, Antônio Ferrua e Engelbert Kirschbaum, que desenterraram a necrópole Vaticana e encontraram o túmulo de São Pedro. Na sua formação Lazarista, entra em contato com a revista de Liturgia Ephemerides Liturgicae, onde se encontra com editores como o monge beneditino de Maria Laach, D. Cunibert Mohlberg(1878-1963), um dos maiores estudiosos dos textos antigos de liturgia. Também conhece D. Alfredo Ildefondo Schuster (1880-1954), abade de São Paulo Fora dos Muros – que chama de “seu primeiro professor de liturgia” que publicou a obra impactante Liber Sacramentorum – sobre a importância fundamental da liturgia[2].

Posteriormente, assume a cátedra de liturgia, como mestre, na Pontifícia Universidade Urbaniana e posteriormente é professor no Pontifício Instituto de Música Sacra, onde permanece até 1965, no ano de encerramento do Concílio. Já em 1948, por convite de Pio XII, Bugnini foi nomeado secretário da Comissão Piana, um organismo criado por Pio XII que estava encarregada de pensar a reforma Litúrgica que já se pretendia antes mesmo do Concílio. Com a convocação do Concílio Vaticano II, em 1959, Bugnini foi nomeado para ser secretário da Comissão Litúrgica preparatória para o Concilio.

Só não foi secretário da Sacrossanctum Concilium porque foi perseguido e caluniado, que lhe custou uma cruz muito pesada por muitos anos. Posteriormente foi secretário da comissão Consilium, com “s”, a partir de 1969, organismo encarregado de aplicar a reforma da Sacrossanctum Concilium, que oficialmente é chamada de CONSILIUM AD EXSEQUANDAM CONSTITUTIONEM DE SACRA LITURGIA. A partir de 1969, torna-se secretário da recém-criada Congregação para o Culto Divino que posteriormente é extinta para ser anexada à Congregação dos Sacramentos e do Culto divino.  E nessa transição que fica de fora das comissões. Em 1972 recebe a ordenação episcopal de Paulo VI. Depois, em 1976, recebeu o encargo de núncio apostólico no Irã, contra a sua vontade, saindo do cenário das grandes decisões sobre as Reformas Litúrgicas. Nesses anos do que ele chamou de “exílio”, se dedica a reunir tudo o que tem participado nos bastidores das reformas na Liturgia, compendiando nesse livro que mencionamos “A reforma Litúrgica (1948-1975)”, de Annibale Bugnini. Uma obra, sem sombra de dúvida, que vale a pena ser aprofundada, que aqui em nosso estudo vamos referendar com abundância”.

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[1] Gabriel Frade, Prefácio à Edição Brasileira. De Annibale Bugnini, “A reforma Litúrgica(1948-1975)”, tradução de Paulo F. Valério, 2ª Edição, Editoras Paulus, Paulinas e Loyola, SP, 2018, p.17.

[2] idem, p. 18-19. 

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03 julho 2019, 10:57