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Dom Arellano à FAO: agricultura sustentável às famílias rurais

O arcebispo Fernando Chica Arellano, chefe da delegação da Santa Sé, falou à 41ª sessão da Conferência da FAO sobre o tema: “Migrações, agricultura e desenvolvimento rural”. As famílias de agricultores são “guardiões da sabedoria tradicional” e “do papel insubstituível da mulher”

Cidade do Vaticano

A “dor e a amargura” dos migrantes “seres humanos, como nós, mas obrigados a abandonar suas terras e suas casas para fugir da pobreza, dos conflitos, das perseguições, dos efeitos nocivos da mudança climática e das calamidades naturais”, são o centro do discurso do arcebispo Fernando Chica Arellano, chefe da delegação da Santa Sé, na 41ª sessão da Conferência da FAO, sobre o tema: “Migração, agricultura e desenvolvimento rural”.

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Migrantes por desânimo e desespero

Dom Arellano sublinha que o número de migrantes continua a crescer e concentra-se nas causas desta emigração: “Não é por livre escolha, mas por desânimo e desespero, muitas vezes ditado pela impossibilidade de conseguir o pão da cada dia que é parte integrante do direito fundamental à vida”. O representante da Santa Sé recorda que estamos cada vez mais longe de conseguir os objetivos fixados na Agenda 2030: criar um mundo no qual ninguém passe fome. “Depois de alguns anos de números que nos davam esperança – afirma – agora, infelizmente, continua a aumentar o número de pessoas que passam fome em todo o mundo”.

A proposta da Santa Sé

A proposta da Santa Sé é a de “oferecer indicações que ajudem a promover iniciativas eficazes que levem em conta as exigências da pessoa humana”. Por isso, recorda Dom Arellano, não podemos esquecer do papel central da agricultura nos problemas da migração, da fome e da pobreza. É “essencial investir em uma agricultura sustentável”, que permita a criação de infraestruturas adequadas e a utilização de tecnologias inovadoras que valorizem os recursos locais.

Não à emergência, buscar as causas das migrações

É necessário, diante dos fluxos migratórios “de caráter estrutural” dos quais a FAO entendeu o impacto, superar, como pede o Papa desde 2015, a “fase de emergência para dar espaço a programas que considerem as causas das migrações, das mudanças que se verificam e das consequências que dão novas imagens às sociedades e aos povos”. Mas é necessário também formular políticas de tutela dos migrantes empregados no setor agroalimentar. No setor agroalimentar de muitos países desenvolvidos “são frequentes e numerosos os testemunhos de imigrantes vítimas de contratos ilegais, aos quais não são garantidos os direitos mais elementares e fundamentais, obrigados a aceitar condições de trabalho muitas vezes desumanas que ofendem sua dignidade”.

Trabalho para os jovens na agricultura

Dom Arellano falou também sobre as migrações internas nos países. “São pessoas que muitas vezes se deslocam das zonas rurais às urbanas. Todavia com a falta de necessária preparação ou de competências profissionais para viver na cidade, são obrigados a permanecer no círculo vicioso da pobreza”. Por isso, insiste sobre a importância do desenvolvimento rural, que pode aumentar a segurança alimentar nas cidades. E cita novamente o Papa: "O trabalho dos jovens na agricoltura, além de combater o desemprego, pode dar novo vigor a um setor que está se tornando estratégico para o interesse nacional de muitos países”.

Desenvolver o setor empresarial agrícola para jovens

Para Dom Arellano é importante “promover políticas que desenvolvam o setor empresarial agrícola para os jovens, por exemplo facilitando o acesso à terra, a tutela dos direitos de propriedade fundiária e a segurança, assim como o acesso ao crédito e aos mercados locais”. E recorda que Papa Francisco convidou os jovens das comunidades indígenas a voltarem às culturas de origem, para “cuidar das suas raízes, porque das raízes nasce a força que lhes fará crescer, florescer e dar frutos”.

Apelo à FAO

Portanto a FAO deveria promover “a formulação de políticas de apoio que sustentem as famílias rurais, para que não percam a sua identidade de transmissores de valores fundamentais como guardiões da sabedoria tradicional, o respeito intergeracional e o reforço do papel insubstituível da mulher no setor agrícola e zootécnico”. O chefe da delegação da Santa Sé conclui recordando “a importância de promover uma visão eticamente fundada da economia e da sociedade”. Isso permitirá, continua, “a justa e pacífica convivência entre as nações”, “para realizar um desenvolvimento sustentável e integral que coloque a pessoa humana no centro”.

 

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26 junho 2019, 15:11