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Papa Francisco e Bartolomeu I Papa Francisco e Bartolomeu I 

Bartolomeu na Conferência de Nápoles: não ao binômio acolhimento-invasão

O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, enviou uma carta ao Decano da Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, por ocasião do encontro promovido por essa instituição que contou com a presença do Papa Francisco.

Gabriella Ceraso - Nápoles

Uma surpresa para todos os presentes foi a notícia dada pelo Decano da Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, pe. Di Luccio, em sua saudação, na manhã desta sexta-feira (21/06), em Nápoles, sobre a carta datada de 16 de junho e assinada pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, que desta maneira, uniu-se ao Papa.

O Pontífice agradeceu ao patriarca com palavras de gratidão, nesse dia dedicado aos temas da paz, fraternidade, acolhimento e diálogo no respeito ao cuidado da Casa comum.

Mediterrâneo no passado e no presente

Bartolomeu saúda o Pontífice com as palavras: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo, estejam com todos vocês!” O olhar vai para o Mar Mediterrâneo. “Mar entre as terras”, outrora “berço da história, civilização, línguas, culturas e religiões capazes de trocas e interconexões fundamentais para o crescimento dos povos”, escreve Bartolomeu. O Mediterrâneo viu “a contribuição” do cristianismo, mas também do judaísmo e do islamismo, para encontrar formas de comunhão e coexistência ao longo do tempo, mas que hoje parece diferente.

Acolhimento não só assistência, mas verdade e justiça

Hoje, em diferentes partes do mundo, o 'Mare nostrum' tornou-se um “confim a não ser atravessado entre norte e sul, colocando perguntas ao conceito de acolhimento do estrangeiro, do qual o cristianismo é a máxima expressão”. “As tensões provocadas em muitos países”, observa o Patriarca, “por causa do acolhimento dos mais frágeis, daqueles que estão expostos às tensões sociais, econômicas e climáticas, colocam novas perguntas às Igrejas”.

O acolhimento não pode ser “apenas assistência”. “Deve olhar para o tema da verdade e da justiça para entender as causas, cuidar de seus efeitos e testemunhar com força o perigo de velhas e novas escravidões do ser humano, cujas consequências também estão afetando os cristãos”.

Criar uma nova consciência e uma economia sustentável

As migrações “transumâncias de gerações inteiras” estão gerando, escreve Bartolomeu I, pobreza e intolerância. É necessário um compromisso primordial das Igrejas também através das instituições universitárias para “criar uma nova consciência nas instituições mundiais, em que o critério do lucro dê lugar a uma ‘economia sustentável’ que respeite o ambiente que deixamos para as gerações futuras. Uma economia que dê dignidade ao ser humano, livre de conflitos, que respeite as peculiaridades dos povos e que melhore suas condições.

Perigosa combinação do binômio acolhimento-invasão

O conceito de acolhimento corre um grave perigo, o de não mais ser percebido como “ditame evangélico”, mas como uma “invasão de povos sobre outros povos”.

“A invasão é sempre um conceito negativo”, ressalta Bartolomeu, que não desaparece do “sentimento comum”. Esse sentimento deve ser evitado também pelas nossas Igrejas. Portanto, é necessário examinar com atenção a forma de acolher, por que acolher, mas acima de tudo, como acolher, com respeito pelas populações locais. O acolhimento deve tornar-se principalmente integração, mas nunca sincretismo.

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21 junho 2019, 15:07