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Em Brumadinho, o alerta da Igreja para os riscos da mineração

Desde domingo, 19 de maio, as comunidades estão sob o risco de rompimento de uma nova barragem, em Barão de Cocais. Evento com o representante do Papa, Mons. Bruno-Marie Duffé, reúne a Igreja. Ouça Dom Walmor Azevedo.

Cristiane Murray - Cidade do Vaticano

Confira acima as imagens da visita de Monsenhor Bruno-Marie Duffé, do Pontifício Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, representante do Papa, à comunidade de Córrego do Feijão, no município de Brumadinho (MG). Mons. Duffé foi enviado pelo Papa Francisco para constatar os efeitos da mineração e dos desastres ambientais e levar uma mensagem de amparo espiritual ao povo atingido. 

Procissão e bênção

Em procissão com padres, religiosos e religiosas e muitos moradores, o representante do Papa foi à comunidade do Parque da Cachoeira e chegou até a lama, Campo Santo de tantas vidas. Naquele momento, ele afirmou que “o território é do povo que nele habita e da natureza que é vida”. Mons. Duffé abençoou a grande sepultura de vidas humanas e o povo rezou pela vida, por suas lutas e dignidade.

O evento na PUC

Mons. Duffé também esteve na PUC Minas, em Belo Horizonte no dia 17 de maio, quando participou do Seminário “A Mineração e o Cuidado com a Casa Comum”. O evento debateu a missão da Igreja Católica na defesa da Criação e seu necessário posicionamento frente ao modelo econômico extrativista.

O bispo auxiliar de Belo Horizonte e reitor da PUC Minas, Dom Joaquim Mol; Frei Rodrigo Péret, que integra o Grupo de Trabalho da CNBB sobre Mineração, e Dom Sebastião Lima Duarte, bispo de Caxias (MA) e presidente do Grupo de Trabalho de Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, também participaram do evento.

Dom Walmor ressalta importância do tema

Abrindo o Seminário, o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, recém-eleito Presidente da CNBB, falou também como anfitrião, por ser o Grão-chanceler da Universidade.

Aqui, a reportagem completa

“Este tema é pauta de mais alta importância. Numa sociedade de muitas e importantes pautas, este tema é para nós fundamental. Nós, como Minas Gerais, temos que dar um grande impulso e grande contribuição, à luz dos muitos sofrimentos, especialmente das tragédias de Bento Rodrigues e Brumadinho, mas também de outras dificuldades que se assomam diante de nós. Temos que dar uma nova resposta”.

“É um tema determinante para nossa sociedade. Ou nós caminhamos num entendimento novo, com novas legislações, com novas posturas, inclusive individuais, no tratamento da Casa Comum e no modo como nós nela nos colocamos, ou então, tenhamos consciência de que nós estamos abrindo a nossa própria sepultura e fazendo cair sobre nós um peso que não vamos aguentar carregar e nos massacrará.”

Desde domingo, 19 de maio, as comunidades estão sob um novo risco: a talude da mina da Vale em Barão de Cocais pode se romper a qualquer momento, pois a estrutura está se movimentando de quatro a sete centímetros por dia. O tremor gerado pelo colapso da estrutura poderia causar uma reação em cadeia provocando o rompimento da Barragem Superior Sul que está 1,5 km abaixo e em nível máximo de alerta.

“Nossos corações se abram, nossas mentes se iluminem e que nós possamos fazer o mesmo com tantos outros de modo que a sociedade seja uma sociedade mais aberta, conhecedora desta temática e destes enormes desafios, para que possamos, no sonho de Deus, construi-la mais justa, mais fraterna e mais solidária. Deus seja louvado e nos abençoe muito neste caminho e nesta experiência bonita como Igreja, como sociedade, como cidadãos e cidadãs" - concluiu o arcebispo .


 

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20 maio 2019, 13:50