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A reforma litúrgica implementada pelo Concílio Vaticano II é irreversível, disse o Papa Francisco em agosto de 2017 aos participantes da Semana Litúrgica Nacional italiana A reforma litúrgica implementada pelo Concílio Vaticano II é irreversível, disse o Papa Francisco em agosto de 2017 aos participantes da Semana Litúrgica Nacional italiana 

A aplicação da reforma da liturgia

Passados 50 anos da Sacrosanctum Concilium, percebemos que muitos frutos se deram, mas também houve muitos exageros. “O espetacular, o visível, o novidadeirismo (modismo) mantiveram a reforma na superfície. Houve descasos dos aspectos jurídicos do culto”, afirmou Dom Frei Boaventura Kloppemburg, OFM, bispo emérito de Novo Hamburgo-RS, perito na comissão Teológica do Concilio Vaticano II.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre “a aplicação da reforma da liturgia”.

Como vimos em nosso último programa, para facilitar a aplicação da renovação litúrgica desejada pelos Padres conciliares, a Santa Sé, posteriormente publicou cinco documentos de especial importância, cada um deles numerados numa única série, intitulados como "Instruções para a reta Aplicação da Constituição sobre a sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II". Mesmo passados 50 anos da publicação da Sacrosanctum Concilium, há um caminho ainda a ser percorrido. A reforma litúrgica trouxe muitos muitos, mas houve também alguns exageros.

No programa desta quarta-feira, padre Gerson Schmidt nos fala sobre “a aplicação da reforma da liturgia”:

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“Antes mesmo do Concílio Vaticano II, se faziam experiências litúrgicas de aproximação popular e de que a liturgia fosse mais participativa. Via-se nesse fomento de renovação uma verdadeira luz do Espírito Santo, como um clamor e uma necessidade que já brotava nas bases e nas comunidades eclesiais. Cimo aponta o número 43 da SC: “A preocupação pelo incremento e renovação da liturgia é justamente considerada como um sinal dos desígnios providenciais de Deus sobre o nosso tempo, como uma passagem do Espírito Santo pela sua Igreja; ele imprime uma nota distintiva à sua vida, e mais, a todo o modo religioso de sentir e de agir do nosso tempo”.

Na América Latina a renovação litúrgica promovida pelo Vaticano II marcou a vida da Igreja e mudou a mentalidade dos fiéis. “O Uso do vernáculo modificou o estilo das celebrações litúrgicas O celebrante voltado para o povo estabeleceu novo tipo de participação ativa e consciente da comunidade. Numerosas publicações de estilo popular, sobretudo os folhetos litúrgicos, para cada domingo, colocados generosamente nas mãos dos fiéis, contribuíram para sua participação na celebração eucarística. Até mesmo as numerosas comunidades distantes das sedes paroquiais, que até o Concílio se sentiam abandonadas, se reanimaram com a celebração da palavra de Deus e constituíram em entusiasmadas comunidades de base” ¹.

 

Há, porém, um caminho ainda a percorrer. Passados 50 anos de SC, percebemos que muitos frutos se deram, mas também houve muitos exageros. “O espetacular, o visível, o novidadeirismo (modismo) mantiveram a reforma na superfície. Houve descasos dos aspectos jurídicos do culto” ². 

O Papa João Paulo II recordou na Visita “ad limina” essa intensidade espiritual e litúrgica sentida em visita ao Brasil. Dizia ele já em 1990: “Recordando ainda, com emoção, os momentos de alta intensidade espiritual que vivi no Brasil, durante as celebrações litúrgicas, que constituíam o ponto culminante das minhas visitas às várias Igrejas locais, desejo encarecer aos Senhores a importância e o lugar da Liturgia em suas comunidades, e a necessidade de incrementar cada vez mais entre os fiéis a formação litúrgica e o espírito de oração. Espero contribuir assim, para que as Igrejas que lhes estão confiadas cresçam em sua vida cristã”.

Mas o Papa, na ocasião, além dos resultados bem positivos, disse haver também abusos e exageros: “Na aplicação da Sacrosanctum Concilium , houve, certamente, deficiências, hesitações e abusos. Mas não se pode negar que, onde as comunidades foram preparadas, com a devida informação e a catequese, os resultados são positivos. Com razão se afirmou na Assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos de 1985 que “ a renovação litúrgica é o fruto mais visível de toda a obra conciliar ”(Relação final, 7 de dezembro de 1985, II, B, b, 1)” ³.

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¹ Dom Frei Boaventura Kloppemburg, OFM, bispo emérito de Novo Hamburgo-RS, perito na comissão Teológica do Concilio Vaticano II. Teologia na AL depois do Vaticano II: avanços e crises. In: Concilio Vaticano II, 40 anos da LG, Manoel Augusto Santo(org.), Edipucrs, 2005, p. 67.

² ibidem. 

³ DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II AOS BISPOS DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL DO REGIONAL SUL-1, em Visita «AD LIMINA APOSTOLORUM»,

Terça-feira, 20 de Março de 1990.

 

 

 

 

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16 janeiro 2019, 08:40