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Editorial: Um ano de fraternidade

"A salvação passa através do amor, da hospitalidade, do respeito por esta nossa pobre humanidade que todos compartilhamos numa grande variedade de etnias, línguas, culturas..."

Silvonei José

“As nossas diferenças não constituem um dano nem um perigo; são uma riqueza, disse o Papa Francisco na sua mensagem ao mundo inteiro no dia de Natal.

O Papa dedicou seu discurso para enfatizar que a mensagem universal do Natal é que "Deus é um Pai bom e todos nós somos irmãos". Disse que sem essa visão cristã da humanidade, nossos esforços por um mundo mais justo não iriam muito longe, e até mesmo os melhores projetos correriam o risco de se tornarem estruturas sem alma.

Do mesmo balcão central da Basílica de São Pedro, onde apareceu em 13 de março de 2013, quando foi eleito pontífice, Jorge Bergoglio desejou “fraternidade entre pessoas de todas as nações e cultura”.

Nossa pobre humanidade

"A salvação passa através do amor, da hospitalidade, do respeito por esta nossa pobre humanidade que todos compartilhamos numa grande variedade de etnias, línguas, culturas... mas todos irmãos em humanidade!”.

Em suas palavras o Santo Padre recordou a Terra Santa, a Síria, o Iêmen, a África, a Ucrânia, a Península coreana, a Venezuela e a Nicarágua, na esperança de paz e reconciliação, bem como os povos que sofrem colonizações ideológicas e padecem a fome e a falta de educação e saúde. E ainda, os contextos onde os cristãos são uma minoria vulnerável e todas as crianças da terra e os descartados.

Portanto, a Fraternidade foi o fio condutor da Mensagem Urbi et Orbi na Solenidade deste Natal de 2018: uma fraternidade sem a qual - recordou Francisco - os esforços por um mundo mais justo têm "falta de fôlego".

Fraternidade entre pessoas de todas as nações e culturas. Fraternidade entre pessoas de ideias diferentes, mas capazes de se respeitar e ouvir umas às outras. Fraternidade entre pessoas de distintas religiões. Jesus veio revelar o rosto de Deus a todos aqueles que o procuram.

E o rosto de Deus manifestou-se num rosto humano concreto.

O Santo Padre destacou que como num mosaico é melhor ter a disposição ladrilhos de muitas cores, então "nossas diferenças não são um dano ou um perigo", mas uma riqueza. E é a própria experiência da família ensiná-la: como os pais ajudam irmãos e irmãs a quererem-se bem, assim Deus, "pai" da família humana, é o fundamento da "nossa fraternidade".

Como todos os anos, as palavras do Papa passaram em resenha diversos países do mundo. Em primeiro lugar, Francisco disse esperar que israelenses e palestinos possam retomar o diálogo e iniciar um caminho de paz que ponha fim a um conflito que dilacera, há mais de 70 anos, a Terra escolhida pelo Senhor.

Os rostos do mundo ferido

Para a amada e atormentada Síria, pediu que reencontre a fraternidade após esses longos anos de guerra. Seu desejo é que a comunidade internacional trabalhe com decisão para uma solução política que coloque de lado as divisões, de modo que o povo sírio - especialmente aqueles que tiveram que sair de suas terras - possam "voltar a viver em paz em sua própria terra". E ainda o Iêmen, para que a trégua possa finalmente trazer alívio às crianças e às populações, exaustas pela guerra e pela fome.

No pensamento do Papa, não faltou espaço para toda a África, com os milhões de deslocados que precisam de ajuda humanitária e alimentar. "O Deus Menino, Rei da Paz - é o seu desejo – faça calar as armas e surgir uma nova aurora de fraternidade em todo o Continente", abençoando os esforços daqueles que favorecem a reconciliação.

Portanto, o Papa espera que o Natal permita continuar o "caminho de aproximação" empreendido na Península coreana para alcançar soluções compartilhadas. Alívio é o que pede, então, para a amada Ucrânia, ansiosa de recuperar uma paz duradoura que demora chegar. Somente com a paz "respeitosa dos direitos de cada nação" o país poderá se recuperar dos sofrimentos sofridos, sublinha o Pontífice, expressando sua proximidade às comunidades cristãs daquela região e a oração para que se possam tecer relações de fraternidade. Para a Venezuela, Francisco espera que se possa reencontrar a concórdia entre os componentes sociais, para trabalhar fraternalmente em prol do desenvolvimento do país e ajudar os mais fracos. E para a Nicarágua, o desejo que não prevaleçam as divisões e que todos trabalhem pela reconciliação.

Liberdade e identidade dilaceradas

Francisco recordou também os povos que sofrem colonizações ideológicas, culturais e econômicas, vendo sua liberdade e identidade dilaceradas e sofrendo de fome e falta de educação e saúde.

Um pensamento especial foi para nossos irmãos e irmãs que celebraram a Natividade do Senhor em contextos difíceis, para não dizer hostis, especialmente lá onde a comunidade cristã é uma minoria, às vezes vulnerável ou invisível. “Que o Senhor lhes conceda, a eles e a todas as minorias,  - foi o desejo do Papa - viver em paz e ver reconhecidos os seus direitos, sobretudo a liberdade religiosa”.

Enfim, o coração do Papa foi para todas as crianças pedindo que o Menino pequenino e com frio, que contemplamos na manjedoura, “proteja todas as crianças da terra e todas as pessoas frágeis, indefesas e descartadas”.

Sentimentos fortes

Essas palavras resumem sentimentos fortes não só do Sucessor de Pedro mas certamente os sentimentos de todas os homens e mulheres de boa vontade. Com o Olhar para o Ano Novo que se aproxima e com sentimentos de esperança no coração, fazemos eco dos desejos de Francisco, para que compreendamos que não é a avidez e a ganância que alimentam a vida, mas o amor, a caridade e a simplicidade.

Em nome de toda a Redação de Vatican News, em língua portuguesa, desejo um Feliz Ano Novo a todos os nossos ouvintes e leitores.

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29 dezembro 2018, 08:00