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Editorial: Política, serviço à humanidade

Segundo Francisco, "a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato para servir o próprio país e proteger aqueles que lá vivem".

Silvonei José – Cidade do Vaticano

“A busca do poder a qualquer custo, leva a abusos e injustiças”. É quanto afirma o Papa Francisco em sua Mensagem para o 52ª Dia da Paz (1º Janeiro de 2019) sobre o tema "A boa política está ao serviço da paz". "A política - explica o Pontífice - é um veículo fundamental para a construção da cidadania e das obras do homem, mas quando, por aqueles que a exercitam, não é vivida como serviço à comunidade humana, pode tornar-se um instrumento de opressão, marginalização e até de destruição ". Segundo Francisco, "a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato para servir o próprio país, de proteger aqueles que lá vivem e de trabalhar para pôr as condições de um futuro digno e justo. Se atuada no respeito fundamental da vida, da liberdade e da dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade".

Ouça o Editorial

A Mensagem para o Dia Mundial da Paz foi apresentada na última terça-feira, dia 18 pelo prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson,. Datada 8 de dezembro de 2018, a Mensagem tem no seu âmago a estreita relação entre a paz e a política da qual Francisco descreve potencialidades e vícios na perspectiva presente e futura, colocando ambas em um  "desafio" diário, em um "grande projeto" fundado "na responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".

Assegurar sempre o futuro aos jovens

"O desejo do Papa Francisco é que 2019 seja um ano de paz", porque "sem paz não há desenvolvimento", não apenas econômico, mas também "da educação e de todo aspecto da pessoa humana", disse o cardeal Turkson.  O purpurado recordou citando o tema do Dia “"A boa política está ao serviço da paz", que a “arte que chamamos política” tem como tarefa essencial assegurar sempre o futuro aos jovens”. O desejo é o de encorajar os políticos a “não roubarem dos jovens a esperança de um futuro”.

A política, de fato, como mencionado na mensagem, às vezes "é pensada como um negócio para um determinado grupo, mas a política não é isso, a política é a atividade de todos os membros da sociedade", reafirma o cardeal. O risco é a desconfiança, "que chega quando a população não acredita mais na capacidade e disponibilidade dos políticos de garantir o bem comum da população, o bem-estar e a paz".

Nós criamos os políticos

Por sua vez, no entanto, são os cidadãos que confiam o bem comum da sociedade a certos políticos. "Somos nós que criamos os políticos", disse o cardeal Turkson. "Então, se estamos decepcionados com a política e os políticos, somos nós os culpados porque somos nós que os criamos com o nosso voto. Se fizermos isso de modo leviano, também receberemos políticos que fazem coisas de modo leviano.

O bom político é - conforme descrito pelas bem-aventuranças do cardeal vietnamita François Xavier Nguyễn Vãn Thuận que o Papa retoma - quem tem a consciência de seu papel, quem é coerente, credível, capaz de ouvir, corajoso e comprometido com a unidade e a mudança radical. Disto a certeza expressa na Mensagem de que "a boa política está ao serviço da paz".

Mas a política não é feita apenas de virtudes e de respeito pelos direitos humanos fundamentais. Francisco dedica um parágrafo de sua Mensagem aos "vícios" que "enfraquecem o ideal de uma autêntica democracia". São aqueles que ele define "inépcia pessoal", "distorções no meio ambiente e nas instituições", sobretudo a corrupção e, em seguida, o não respeito das regras, a justificação do poder com a força, a xenofobia, o racismo: eles "tiram credibilidade aos sistemas", são “a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social".

Nasce a pergunta: avaliamos as pessoas pelas quais votamos pelas suas habilidades, preparação, sua identidade e seus princípios? Uma eleição feita com grande responsabilidade também nos garante uma política exercida com grande responsabilidade. Nesse sentido, o que semeamos é o que colhemos. Tudo depende de nós. Devemos saber escolher e eleger bons políticos que possam nos assegurar o nosso bem comum e o nosso futuro.

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21 dezembro 2018, 13:53