Refugiados sírios preparando-se para deixar Beirute, no Líbano Refugiados sírios preparando-se para deixar Beirute, no Líbano 

Rede eclesial analisa retorno voluntário de migrantes a seus países

Encontro de dois dias em Roma reúne organismos e instituições católicas para buscar respostas à crise vivida na Síria e Iraque. Pela primeira vez, a reflexão também aborda retorno real e voluntário de migrantes e refugiados às comunidades de origem.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

A Santa Sé junto a mais de 50 organismos de caridade católica e dos episcopados, instituições eclesiais e congregações religiosas que trabalham na Síria, Iraque e países próximos, se unem para um grande encontro de reflexão sobre a crise humanitária vivida naquela região do Oriente Médio. A reunião, promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, acontece na próxima quinta e sexta-feira, dias 13 e 14 de setembro, no Auditório João Paulo II da Universidade Urbaniana, em Roma. Os núncios apostólicos da Síria, Iraque, Líbano e Turquia também confirmaram presença no encontro.

Papa teme nova catástrofe humanitária na Síria

 

Em continuidade com o percurso feito nos últimos sei anos, o objetivo da reunião é de reflexão e comunhão fraterna entre as instituições em favor das populações atingidas pela crise humanitária, sobre a qual inclusive o Papa Francisco chamou a atenção da opinião pública por várias vezes.

No Angelus do último dia 2 de setembro, por exemplo, o Pontífice fez um apelo às autoridades. Na oportunidade, Francisco exortou ao diálogo na Síria e renovou o pedido à comunidade internacional “para que usem os instrumentos da diplomacia, do diálogo e das negociações, em conformidade com o Direito Internacional Humanitário, para salvaguardar a vida dos civis”.

O encontro desta semana em Roma também prevê fazer um balanço sobre o trabalho desenvolvido até agora pelos organismos católicos de caridade no contexto da crise, compartilhar as informações sobre a evolução da situação humanitária e as respostas da Igreja, analisar a situação das comunidades cristãs residentes nos países atingidos pela guerra, promovendo a sinergia entre os organismos eclesiais, as congregações religiosas e as dioceses. Neste ano, a novidade também será analisar as perspectivas reais de um retorno voluntário de migrantes e refugiados às comunidades de origem.

Pesquisa sobre crise humanitária 2017-2018

 

O primeiro dia de trabalhos vai contar com o discurso do Cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e a apresentação do Relatório da “Pesquisa sobre a resposta das instituições eclesiais à crise humanitária iraquiana e síria 2017-2018”, realizada pelo próprio dicastério.

O Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, também fará um discurso, além dos núncios apostólicos na Síria, e no Iraque e Jordânia. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados também se fará presente apresentando as perspectivas da situação migratória atual na área de crise.

Já no segundo dia de atividades, dia 14, os participantes irão se reunir em grupos de trabalho para se concentrar sobre os aspectos concretos da colaboração entre os diversos organismos comprometidos a dar uma resposta à crise. Além disso, eles também irão se dedicar ao tema de retorno dos migrantes e refugiados nas suas comunidades de origem. No mesmo dia está prevista uma audiência com o Papa Francisco, no Palácio Apostólico.

Resposta da Santa Sé à crise

 

O conflito na Síria e no Iraque produziu uma das crises humanitárias mais graves dos últimos decênios. A Santa Sé, além das atividades diplomáticas, participa ativamente aos programas de ajuda e assistência humanitária.

Desde 2014, a rede eclesial destinou mais de 1 bilhão de dólares em resposta à emergência, alcançando mais de 4 milhões de beneficiários individuais por ano. Segundo a ONU, atualmente são 13 milhões de pessoas necessitadas de auxílio na Síria e cerca de 9 milhões no Iraque.

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11 setembro 2018, 09:07