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Instituições investem agora na reconstrução de um país devastado pela guerra Instituições investem agora na reconstrução de um país devastado pela guerra 

Mais de US$ 100 milhões da Igreja para renascimento da Síria

No relatório divulgado no encontro realizado na Urbaniana, em Roma, foi revelado que os valores destinados por instituições religiosas à Síria tem migrado das ajudas emergenciais para os investimentos em educação e apoio ao renascimento do país. De sobremaneira, foi destacada a importância de apoiar o renascimento da agricultura no país, que já foi inclusive grande exportador de grãos para os países árabes.

Cidade do Vaticano

A Santa Sé junto a mais de 50 organismos de caridade católica e dos episcopados, instituições eclesiais e congregações religiosas que trabalham na Síria, Iraque e países próximos, participaram nos dias 13 e 14 de setembro na Universidade Urbaniana, em Roma, de um encontro promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

No relatório elaborado pelo dicastério vaticano e apresentado na ocasião, é ressaltado que para derrotar os combates ainda existentes e a  devastação provocada em todos os níveis pelos sete anos de guerra, é preciso usar as armas não violentas do desenvolvimento, da informação, da cultura, da saúde e da alimentação.

E isto já tem sido verificado, visto as intervenções humanitárias de 84 instituições eclesiais - que em 2017 ultrapassaram os 100 milhões de dólares (286 milhões nos países da região) - migraram de sobremaneira das ajudas de emergência para os investimentos em educação e apoio ao renascimento do país.

Apoio às áreas agrícolas

 

Devido à gravidade da devastação, constatou-se que também é preciso realizar um esforço de apoio às áreas agrícolas, bastante prejudicadas, pois também ali se joga o futuro.

A Síria era um país produtor de alimentos e um histórico exportador de grãos para os países árabes. A devastação dos campos e dos povoados rurais iniciou com a longa seca provocada pelas mudanças climáticas e com as migrações, intensificando-se posteriormente com as primeiras revoltas.

Dos 22 milhões de sírios, permanecem nas regiões de origem 11,5 milhões, sobretudo nas cidades protegidas e seguras, onde a pressão demográfica aumentou com a presença de milhões de refugiados.

O relatório sobre a segurança alimentar na Síria da FAO e do Programa Alimentar Mundial revela que em 2016 a produção de trigo foi de 1,5 milhões de toneladas em relação aos 3,5 milhões médios anuais nos anos anteriores à crise.

Dos 1,5 milhões de hectares cultivados, restaram novecentos mil, mas com baixos rendimentos. As chuvas são irregulares, sobretudo nas províncias de Aleppo, Idlib, Homs.

As áreas férteis ficam no nordeste, cortadas pelo Rio Eufrates e onde as precipitações ainda são regulares, áreas porém, que permanecem inseguras para o cultivo e cuja produção não pode ser distribuída, pois a infraestrutura foi destruída.

A população na parte ocidental da Síria sobrevive com as importações de gêneros alimentares, mas os preços da farinha aumentaram cinco vezes em relação a 2012 e a cultura alimentar que une o país está em risco.

A situação ameaça a desintegração social da alma rural síria, e pode até mesmo tornar-se irreversível: a separação entre grupos religiosos geraram feridas profundas, os recursos genéticos agrícolas tradicionais foram erodidos e há um risco de dependência do exterior. As terras e os meios produtivos são vendidos para sobreviver e a família rural, formada agora na maior parte por mulheres com seus filhos, corre o risco de desaparecer.

Recursos espirituais

 

O valor para a reconstrução é estimado em 250 bilhões de dólares, enquanto o PIB anual em 2017 passou dos 60 bilhões de dólares antes da guerra para apenas 12 bilhões.

Onde há falta de recursos materiais, entretanto, emerge a força dos recursos espirituais. Segundo o relatório, é necessário investir na educação, saúde, revitalização do tecido social, programas de desenvolvimento agrícola, fortalecimento das capacidades locais, comunidades de acolhimento, instituições religiosas e colaboração entre religiões, proteção legal, comunicação e participação da opinião pública mundial.

É justamente a partir das áreas rurais que é preciso recomeçar, com uma agricultura camponesa, agroecológica e cooperativa, que requer poucos estímulos financeiros e energéticos e micro-infra-estruturas.

A cultura da convivência será sustentada pelo cuidado da terra e do ser humano, com os quais nutrir as jovens gerações do campo, que no futuro reconstruirão o destino da Síria.

(L’Osservatore Romano)

 

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18 setembro 2018, 10:18