Audiência geral de 04 de abril de 2018 Audiência geral de 04 de abril de 2018 

O navegador que entregou ao Papa a chave dos oceanos

Sébastien Destremau, 53, terminou em último lugar a regata Vendée Globe, a volta ao mundo em solitário e sem assistência. Sua história fascinou o público e ele foi recebido na cidade francesa de Sables D'Olonne por uma multidão.

Xavier Sartre, Cristiane Murray – Cidade do Vaticano

Para quem navega pelos oceanos e participa de uma regata competitiva como a ‘Vendée Globe’, a passagem do Cabo Horn é sempre um momento muito forte, emocionante e simbólico: é quando os agitados Mares do Sul ficam para trás e se começa a subir o Oceano Atlântico. Navegando sozinho ao redor do mundo na Vendée Globe 2016-2017, Sébastien Destremeau decidiu marcar o momento em que ultrapassou aquela latitude fabricando, com um cabide e pedaços de madeira, a chamada “chave dos oceanos”.

Chave como símbolo da solidariedade e do amor pelo mar

E “em nome de todos os que enfrentar o mar, todos os dias, trabalhando ou à procura de uma vida melhor”, o velejador francês veio a Roma, no início de abril, e na Praça São Pedro, entregou ao Papa a sua obra. Sébastien estava acompanhado pelo Padre Vincent Lautram, idoso pároco de Sables d’Olonne, de onde a regata tem início e fim. É dele a ideia de instalar no pequeno porto uma imagem da Virgem negra do Santuário de Rocamadour, protetora de todos os navegantes. Depois de quase três meses no mar, naquele exato ponto da travessia, em último lugar na competição, Sébastien decidiu confeccionar a chave com o material que dispunha a bordo. 

As próximas travessias

Sem perder a motivação, o velejador partirá para a regata Route du Rhum em novembro próximo e se prepara para participar novamente da Vendée Globe em 2020. Enquanto isso, entrevistado por Xavier Sartre, do Vatican News, Sébastien Destremau fala de sua relação com a fé, que não o deixou ao longo de sua jornada, e da mensagem que ele quis transmitir ao Papa Francisco.

“Eu fiz a Vendée Globe sem qualquer ajuda externa e, portanto, sem fotos, livros, filmes ou música: não levei nada comigo, para realmente viver esta aventura no seu sentido mais puro. As únicas coisas que eu tinha a bordo eram a Bíblia, um terço e uma fotografia da Virgem Maria. Isso me ajudou muito em tempos difíceis”.

“O medo esteve constantemente comigo. Há certas dificuldades, é claro, que são mais difíceis do que outras, e aí você se agarra ao que pode. Quebrei minhas costelas, estraguei meu barco, quase perdi o mastro. E a ajuda e o apoio moral são imprescindíveis nesses momentos”.

A mensagem transmitida ao Papa

“A frase que estava escrita no verso da pequena foto da Virgem que eu tinha a bordo, à qual olhei por 124 dias e que trouxe ao Vaticano: “Se você soubesse o quanto eu te amo, você choraria de alegria”. E acho que essa frase reflete hoje o que a Igreja está transmitindo como mensagem. Eu acho que essa mensagem seria muito mais forte se a Virgem dissesse “se você soubesse o quanto eu te amo, eu choraria de alegria”.

O conselho aos que amam o mar

“Muitas pessoas dizem que o homem destrói o mar, polui o mar, que o mar está sujo, o mar é uma lata de lixo, etc. Voltando destes quatro meses de mar, quero dizer que não é assim que devemos falar sobre o oceano, porque passamos uma mensagem ruim. Educação pelo negativo sabemos muito bem que não funciona, ou muito menos do que o positivo. E é talvez melhor dizer: “o mar é lindo, o mar é limpo, o mar é maravilhoso, vamos protegê-lo assim”, porque é mais fácil proteger algo limpo do que limpar algo sujo”.

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Cruz foi confeccionada com material disponível a bordo
03 maio 2018, 07:54