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Nos cinemas da Itália, a estreia do filme sobre as viagens do Papa

O filme dedicado às viagens internacionais de Francisco em mais de 9 anos de pontificado, "In viaggio", chega a 190 salas de cinema e a mais de 100 salas paroquiais na Itália nesta terça-feira (4). O diretor, Gianfranco Rosi, explica que é um trabalho experimental: "um filme no qual me senti um espectador. Quer ser um tributo a quem procura mudar as coisas, enfrentando os dramas do nosso mundo. Quando olha a multidão, parece que o Papa olha cada um nos olhos".
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Andressa Collet, Fabio Colagrande - Vatican News

"A força deste trabalho é ter sintetizado 9 anos de viagem e mais de 600 horas de material em apenas 80 minutos. Um trabalho enorme que eu chamo, portanto, de experimental", revelou em entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News, o diretor do filme "In viaggio", Gianfranco Rosi. A obra foi apresentada, fora da competição, no 79º Festival Internacional de Veneza e tem estreia marcada nos cinemas italianos nesta terça-feira, 4 de outubro, festa de São Francisco.

O documentarista, vencedor do Leão de Ouro em Veneza em 2013 com 'Sacro GRA' e do Urso de Ouro em Berlim em 2016 com 'Fuocoammare', assumiu um desafio sem precedentes ao fazer um filme baseado, em sua maior parte, por imagens do Arquivo do Vaticano relativas às visitas apostólicas feitas pelo Papa. O documentário conta, assim, os quase 10 anos de pontificado de Jorge Mario Bergoglio através de 37 viagens, do Brasil a Cuba, dos Estados Unidos à África, até o sudeste asiático, visitando 59 países - uma peregrinação aos lugares dos dramas do nosso tempo feita com "liberdade absoluta de edição", conta o diretor, que também irá acompanhar o filme por diversas cidades italianas: Roma, Milão, Turim, Bolonha e Nápoles.

"Um Pontífice que não fica parado em Roma, mas se torna ele mesmo um peregrino e nos leva aos cantos do mundo afligidos pelos dramas do nosso tempo. Eu estava interessado sobretudo em mostrar sua jornada fora do Vaticano, como se através do olhar do Papa e dos temas que ele aborda em seus discursos, fosse possível desenhar um mapa da condição humana. Por outro lado, cada filme para mim é um desafio e aqui foi uma questão de transformar o material de reportagem em uma linguagem mais próxima do cinema. Desenhar o retrato de um homem a partir de centenas e centenas de horas de material de arquivo. Eu queria mostrar que era possível fazer um filme sobre o Papa, evitando uma abordagem ideológica e teológica, mas restituindo uma história universal."

O filme apresenta com frequência uma enquadratura muito sugestiva: da câmera que registra o Papa de costas, no papamóvel, quando atravessa as ruas de diferentes cidades e lugares. O que lhe chamou a atenção nessas imagens?

"São imagens que me fascinaram. Eu quase gostaria de ter feito um filme só com essas imagens: o silêncio e o papamóvel que passa por diferentes lugares do mundo. Nós, que vemos o que o Papa vê, e depois os sons desta multidão: às vezes muito presentes, às vezes rarefeitos. Talvez, no entanto, teria sido um filme excessivamente experimental. Então, especialmente viajando com o Papa, a Malta e Canadá, descobri que quando Francisco olha para a multidão, ele parece olhar todos nos olhos. Gostei destas imagens nas quais, embora o Papa esteja de costas, pode-se sentir que ele tem um contato muito profundo com a multidão. Em contraste, também quis colocar algumas imagens nas quais tem pouca gente nas ruas, como algumas filmadas na África. Certamente, estas imagens silenciosas ainda dão ritmo a todo o trabalho. O silêncio é um elemento muito importante de suspense no filme: o Papa é muitas vezes silencioso, quase como se quisesse recuperar o fôlego e reordenar os seus pensamentos."

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04 outubro 2022, 08:53