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Visita ad limina bispos espanhóis, 15 de janeiro 2022 Visita ad limina bispos espanhóis, 15 de janeiro 2022 

O Papa aos bispos espanhóis: acompanhar as vítimas de abusos, elas estão no centro de tudo

Em audiência com Francisco nesta quinta-feira no Palácio Apostólico, o presidente da Conferência Episcopal, cardeal Omella, com o vice-presidente Osoro e o secretário Argüello. Foi apresentado o trabalho da comissão independente sobre casos de pedofilia, confiada pela Igreja espanhola a um escritório de advocacia: "O Santo Padre nos encorajou a seguir por este caminho e a colaborar".

Salvatore Cernuzio, Silvonei José – Vatican News

As vítimas "no centro de tudo". E com esta consciência, "avançar" no trabalho de prevenção e combate aos abusos sexuais. O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira no Palácio Apostólico os membros da cúpula da Conferência Episcopal Espanhola e os encorajou a continuarem no caminho da transparência contra o flagelo da pedofilia, e a acompanharem às vítimas. Após as visitas ad limina que aconteceram nos meses de dezembro e janeiro últimos, o presidente do episcopado e arcebispo de Barcelona, cardeal Juan José Omella, o vice-presidente cardeal Carlos Osoro, arcebispo de Madri, e o secretário geral, Dom Luis Argüello, foram recebidos nesta quinta-feira no Palácio Apostólico.

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A atenção para com a Espanha

Um encontro "agradável e positivo", disse dom Omella ao grupo de jornalistas reunido na Praça São Pedro, imediatamente após a audiência com o Papa. "Foi um encontro muito agradável, com uma atitude bela. Descobrimos mais uma vez o afeto que o Papa tem pela Espanha, que ele conhece muito bem e que segue de perto nas suas questões".

A questão dos abusos

Uma delas é a questão dos abusos, que nos últimos meses tem sido foco de atenção na Espanha após a publicação de um relatório de 385 páginas pelo jornal El País denunciando centenas de casos na Igreja espanhola. A questão foi central durante a visita ad limina de duas horas dos bispos com o Papa em 14 de janeiro passado, seguida por uma coletiva de imprensa na qual dom Omella reiterou "a grande dor" por este drama dentro da Igreja e "o desejo de todos os bispos de proximidade" com as vítimas.

O cardeal explicou que na época não havia planos de criar uma comissão única independente para investigar casos atuais e passados de abusos em nível nacional, como havia acontecido na Alemanha, Portugal e França, mas que comissões locais independentes haviam sido formadas em cada diocese para "recolher reclamações a fim de acompanhar as pessoas que se sentem feridas" e "evitar que essas coisas aconteçam novamente no futuro". Uma escolha que gerou muita controvérsia.

Um escritório independente

No final de fevereiro, a Igreja espanhola decidiu nomear um escritório de advocacia, Cremades & Calvo-Sotelo, para conduzir uma investigação externa independente sobre denúncias de abusos sexuais de menores no âmbito eclesiástico. Foi o próprio dom Omella quem anunciou isto em uma coletiva de imprensa, ao lado do advogado Javier Cremades, presidente do escritório de advocacia: "A Conferência Episcopal quer dar um passo avante em seu dever de transparência, ajuda e reparação às vítimas e colaborar com as autoridades nos casos de abuso sexual que pesam sobre a Igreja espanhola", ressaltou o cardeal. Paralelamente à auditoria do escritório de advocacia, o Parlamento espanhol aprovou em 10 de março uma proposta de vários partidos políticos solicitando ao governo que criasse sua própria comissão para investigar casos de abuso sexual na Igreja Católica. O promotor público, Ángel Gabilondo, foi nomeado pelo primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez como chefe da comissão guiada pelo governo.

Abertos à colaboração

Os bispos relataram tudo isso ao Papa Francisco nesta quinta-feira. "Falamos com o Papa sobre estas coisas e ele foi, como sempre, gentil", disse o cardeal Omella. "Ele nos encorajou a percorrer este caminho, acompanhar as vítimas porque elas são o centro de tudo, colaborar em tudo, e prevenir para que isso não volte a acontecer no futuro". Quanto à metodologia e objetivos da investigação, dom Omella explicou que eles serão conhecidos "em breve" e insistiu que a atitude da Igreja "é de estar sempre aberta à colaboração, e é isso que queremos, porque sempre pensamos em ouvir, acompanhar, assistir e ajudar as vítimas, que é o que é realmente importante". O Papa Francisco, disse o cardeal Omella, está acompanhando a situação de perto e ouviu a atualização da comissão independente e seu trabalho "com grande interesse".

Migrantes, caridade, evangelização

Na conversa entre o Papa e os líderes da Igreja espanhola, houve também uma menção à questão dos migrantes, sobre a qual Francisco expressou preocupação. "O Santo Padre", relatou Omella, "disse algo que me agradou muito: falamos de cidades na Espanha que estavam sendo esvaziadas e ele disse: 'Vejam em quantas pequenas cidades existem talvez casas onde alguns migrantes possam viver e trabalhar'". Entre os temas também o da caridade e ajuda aos pobres, bem como o da evangelização para não perder nossas raízes cristãs em um país altamente secularizado: "Evangelizar e viver a nossa fé através da oração, dos sacramentos e da formação".

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07 abril 2022, 16:32