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Papa Francisco com o patriarca ortodoxo Daniel, na Catedral de Bucarest Papa Francisco com o patriarca ortodoxo Daniel, na Catedral de Bucarest 

Unidade dos Cristãos: Papa lançou pontes de diálogo na Roménia em 2019

Neste mês de janeiro decorre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Francisco na sua visita à Roménia em junho de 2019 lançou pontes de diálogo ecuménico.

Rui Saraiva – Porto

Decorre de 18 a 25 de janeiro a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O ecumenismo tem sido uma das prioridades do pontificado do Papa Francisco. A este propósito recordamos aqui a viagem de Francisco à Roménia nos dias 31 de maio e 1 e 2 de junho de 2019. Uma viagem apostólica repleta de momentos ecuménicos intensos e significativos.

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Reforçar as raízes comuns da identidade cristã

 

De grande importância nesta visita do Papa o encontro com o Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa Romena. E também um belo momento, de grande significado ecuménico: a Oração do Pai Nosso na nova catedral ortodoxa. Um momento vivido pelo Papa e pelo Patriarca Daniel. O Pai Nosso foi cantado em latim e em romeno. Francisco apelou ao reforço das raízes comuns da identidade cristã:

“ Ao pedir o pão de cada dia, suplicamos também o pão da memória, a graça de reforçar as raízes comuns da nossa identidade cristã, raízes indispensáveis num tempo em que a humanidade, particularmente as gerações jovens, correm o risco de se sentirem desenraizadas no meio de tantas situações líquidas, incapazes de fundamentar a existência” – afirmou o Papa.

Maria convida-nos a caminhar juntos

 

Com os católicos, o Santo Padre esteve na catedral de S. José em Bucareste e aí celebrou a Eucaristia na Festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria. No interior e exterior da Catedral estavam presentes mais de 25 mil fiéis.

Na sua homilia, Francisco referiu que o Evangelho do dia narra o encontro de Maria e Isabel, sua prima. Maria que caminha e vai até à casa de Zacarias e Isabel. “É a primeira das viagens de Maria que narra a Sagrada Escritura” – disse Francisco sublinhando viagens importantes da vida de Maria como aquela até Belém onde nascerá o seu filho, Jesus, ou a fuga para o Egito e as viagens a Jerusalém.

Francisco colocou em destaque na sua homilia a “cultura do encontro” salientando que a jovem Maria procura a prima Isabel que era já de idade avançada. Contudo, Isabel, não obstante fosse uma pessoa já um pouco idosa, apresenta durante a visita de Maria uma visão de futuro “cheia do Espírito Santo” – disse o Papa exortando os fiéis a irem “para além das aparências” e a não terem medo de dialogar e encontrar quem professa ritos diferentes pois é daí que “acontecem grandes coisas” – disse o Santo Padre:

“Na Igreja, quando se encontram ritos diferentes, e em primeiro lugar não vêm as próprias filiações, o próprio grupo ou a própria etnia, mas o Povo que, junto, sabe louvar a Deus, então acontecem grandes coisas” – afirmou.

No final da sua homilia, o Papa recordou as testemunhas de fé das “terras” romenas: “Pessoas simples, que confiaram em Deus no meio das perseguições. Não colocaram a sua esperança no mundo, mas no Senhor, e assim continuaram para diante. Quero agradecer a estes vencedores humildes, a estes santos de ao pé da porta que nos apontam o caminho. As suas lágrimas não foram estéreis, foram oração que subiu ao Céu e irrigou a esperança deste povo”.

Abrir estradas para caminhar juntos

 

No dia 1 de junho, na cidade de Iasi, o Papa Francisco encontrou-se com os jovens e com as famílias da Roménia. Começou por sublinhar no seu discurso a comemoração do Dia da Criança e pediu com um aplauso o direito das crianças a terem futuro.

Perante uma assembleia constituída por diversidades culturais, linguísticas e nacionais, pois estavam presentes fiéis, por exemplo, de língua polaca e russa, Francisco exortou todos a caminharem juntos encontrando-se como irmãos:

“O Espírito Santo convoca-nos a todos e ajuda-nos a descobrir a beleza de estar juntos, de nos podermos encontrar para caminhar juntos; cada qual com a sua própria língua e tradição, mas feliz por se encontrar entre irmãos” – afirmou o Santo Padre.

“É a experiência de um novo Pentecostes”, que é difícil de percorrer “caminhando juntos” – disse o Papa – mas igual àquele “caminho que encetaram os Apóstolos há dois mil anos” – observou.

Segundo o Papa “existe uma rede espiritual muito forte que nos une, «conecta» e apoia, sendo mais forte do que qualquer outro tipo de conexão”. E esta rede “são as raízes”. “Porque o amor cria raízes e convida-nos a criá-las na vida dos outros” – declarou Francisco.

O Santo Padre afirmou que sem amor e sem Deus não se pode viver e aí será mesmo o fim do mundo: “Quando as pessoas já não amarem, será verdadeiramente o fim do mundo. Porque sem amor e sem Deus nenhum homem pode viver sobre a terra” – disse o Papa.

O Santo Padre no final do seu discurso às famílias e aos jovens da Roménia afirmou que usar a liberdade para dizer sim a um “projeto de amor” é ter uma “liberdade muito maior do que poder consumir e comprar coisas” – assinalou Francisco que, invocando a vocação cultural daquela cidade de Iasi, pediu a todos para abrirem estradas de amor para caminharem juntos.

Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano 2020 foram preparados pelas Igrejas cristãs em Malta e são publicados em conjunto pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas.

Laudetur Iesus Christus

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09 janeiro 2020, 15:39