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Francisco: Talitha Kum, vanguardas da Igreja contra o tráfico de pessoas

O Papa recordou que "em apenas dez anos", Talitha Kum "chegou a coordenar 52 redes de religiosas presentes em mais de 90 países em todos os continentes" e congratulou-se com o organismo pelo trabalho importante que realiza nesse âmbito tão complexo e dramático.

Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (26/09), na Sala do Consistório, no Vaticano, cento e vinte participantes da 1ª Assembleia Geral de Talitha Kum, Rede Internacional da Vida Consagrada contra o tráfico de pessoas.

Talitha Kum completa este ano dez anos de fundação. Nasceu, em 2009, de uma intuição missionária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).

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Depois de agradecer a saudação da coordenadora internacional da rede Talitha Kum, irmã Gabriella Bottani, e da presidente da UISG, irmã Jolanda Kafka, Francisco disse:

Em apenas dez anos, chegou a coordenar 52 redes de religiosas presentes em mais de 90 países em todos os continentes. Os números de seu serviço falam claro: dois mil agentes, mais de quinze mil vítimas do tráfico ajudadas e mais de duzentas mil pessoas alcançadas com atividades de prevenção e conscientização.

O Papa congratulou-se com o organismo pelo trabalho importante que realiza "nesse âmbito tão complexo e dramático. Uma obra que une a missão e a colaboração entre os Institutos".

“Vocês escolheram estar na linha de frente. Por isso, as numerosas congregações que trabalharam e continuam trabalhando como “vanguardas” da ação missionária da Igreja contra a chaga do tráfico de pessoas, merecem reconhecimento. Trabalhar juntas. É um exemplo. É um exemplo para toda a Igreja, também para nós: homens, sacerdotes e bispos. É um exemplo!”

Objetivos da Assembleia Geral

A primeira Assembleia Geral de Talitha Kum tem como objetivo a avaliação do caminho percorrido e a identificação das prioridades missionárias para os próximos cinco anos. “Vocês decidiram discutir duas questões principais relacionadas ao fenômeno do tráfico nas várias sessões de trabalho”, recordou Francisco.

A primeira, “as grandes diferenças que ainda marcam a condição das mulheres no mundo, que derivam principalmente de fatores socioculturais”. A segunda, “os limites do modelo de desenvolvimento neoliberal, que com a sua visão individualista, corre o risco de desresponsabilizar o Estado”.

Trata-se de desafios complexos e urgentes que exigem respostas adequadas e eficazes. “Sei que em sua assembleia vocês se comprometem a encontrar soluções, evidenciando os recursos necessários para realizá-las. Aprecio esse trabalho de planejamento pastoral em vista de uma assistência mais qualificada e profícua às Igrejas locais”, sublinhou.

Francisco recordou que a Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral publicou recentemente as “Orientações Pastorais sobre o Tráfico de Pessoas”, “um documento que explícita a complexidade dos desafios de hoje e oferece indicações claras para todos os agentes pastorais que desejam engajar-se nesse âmbito”.

Sinergia das realidades eclesiais

O Papa incentivou todos os institutos femininos de vida consagrada que apoiaram o compromisso de suas religiosas na luta contra o tráfico e na assistência às vítimas. Encorajou os institutos femininos a prosseguirem nesse compromisso e fez um apelo também a outras congregações religiosas femininas e masculinas, “para que se unam a essa obra missionária, disponibilizando pessoas e recursos a fim de alcançar todos os lugares”.

“Espero que se multipliquem as fundações e os benfeitores que garantem o seu apoio generoso e desinteressado às suas atividades. Nesse convite a outras congregações religiosas, também penso nos problemas que muitas congregações religiosas têm, e talvez algumas possam dizer, tanto femininas quanto masculinas: “Temos tantos problemas para resolver dentro, não podemos ...”. Diga-lhes que o Papa disse que os problemas “internos” são resolvidos saindo para a rua. Que entre ar fresco”, sublinhou.

“Considerando a extensão dos desafios colocados pelo tráfico de pessoas, é necessário promover um compromisso sinérgico por parte das diferentes realidades eclesiais.”

“Se por um lado a responsabilidade pastoral é confiada essencialmente às Igrejas locais e aos Ordinários, por outro, deseja-se que eles saibam envolver no planejamento e na ação pastoral as congregações religiosas femininas e masculinas, e as organizações católicas presentes em seus territórios, a fim de tornar mais rápida e eficaz a obra da Igreja.”

Segundo o Papa, “na luta contra o tráfico de pessoas, as congregações religiosas estão realizando de modo exemplar a sua tarefa de animação carismática das Igrejas locais. Suas intuições e iniciativas pastorais traçaram o caminho de uma resposta eclesial urgente e eficaz. É o caminho que o Espírito Santo fez: Ele é o autor da desordem na Igreja com muitos carismas e, ao mesmo tempo, é o autor da harmonia na Igreja. Este é um caminho de riqueza. Isso é estar na Igreja, com os dons do Espírito Santo: é a liberdade do Espírito”.

“Nunca terminem o dia sem pensar no olhar de uma das vítimas que vocês conheceram. Esta será uma oração bonita”, concluiu.

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26 setembro 2019, 13:19