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Papa Francisco na audiência ao Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira de São João de Deus Papa Francisco na audiência ao Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira de São João de Deus 

Papa: levem a compaixão de Jesus aos doentes e mais necessitados

Foi a exortação do Papa Francisco aos participantes do Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, conhecidos como Fatebenefratelli (Fazei o bem irmãos). Trata-se do 69º Capítulo Geral da Ordem religiosa, em andamento em Roma com o tema “Construindo o futuro da Hospitalidade”.

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

“Peço-lhes que criem redes ‘samaritanas’ em favor dos mais fracos, com atenção particular aos doentes pobres, e que suas casas sejam sempre comunidades abertas e acolhedoras para globalizar uma solidariedade compassiva.”

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Foi a exortação do Papa Francisco aos participantes do Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, conhecidos como Fatebenefratelli (Fazei o bem irmãos), recebidos pelo Santo Padre na manhã desta sexta-feira (01/02) na Sala Clementina, no Vaticano.

Trata-se do 69º Capítulo Geral da Ordem religiosa, em andamento em Roma de 14 de janeiro a 5 de fevereiro com o tema “Construindo o futuro da Hospitalidade”.

Discernimento, proximidade-hospitalidade e missão

Em sua homilia, articulada em três temas – discernimento, proximidade-hospitalidade e missão –, o Pontífice agradeceu aos religiosos hospitaleiros pelo que são e pelo que fazem nas várias expressões de seu carisma.

Atendo-se ao tema do discernimento, disse tratar-se de uma atitude fundamental na vida da Igreja e na vida consagrada. “Sem um adequado discernimento seria impossível recordar reconhecidamente o passado, viver o presente com paixão e abraçar o futuro com esperança – os três objetivos indicados para o Ano da Vida Consagrada”, ressaltou Francisco.

Após afirmar que o discernimento se radica numa dimensão histórica, o Santo Padre fez votos de que este Capítulo fique no coração e na memória da “Congregação como uma experiência de diálogo e de discernimento, na escuta do Espírito e dos irmãos e colaboradores, sem cair na tentação da autorreferencialidade, que os levaria a fechar-se em si mesmos”.

“Por favor não façam da Ordem Hospitaleira um exército fechado, uma reserva fechada. Dialoguem, debatam e projetem juntos, a partir de suas raízes, o presente e o futuro da vida e missão de vocês, ouvindo sempre a voz de muitos doentes e das pessoas que precisam de vocês, como fez São João de Deus: um homem apaixonado por Deus e que tinha compaixão pelos doentes e pelo pobre.”

Passando ao tema da proximidade-hospitalidade, o Papa destacou que ambas são energias do Espírito que darão sentido à missão hospitaleira, “que animarão a espiritualidade de vocês e darão qualidade à sua vida fraterna em comunidade”, disse.

Causa do humano como causa de Deus

“Num consagrado, e em todo batizado, não pode existir compaixão autêntica pelos outros se não houver paixão de amor por Jesus. A paixão por Cristo nos impulsiona à profecia  da compaixão. Que ressoe em vocês a causa do humano como causa de Deus. E assim, sentindo-se uma família, poderão colocar-se a cada momento a serviço do mundo ferido e enfermo.”

Em seguida, o Papa evocou aos presentes a figura evangélica do samaritano. “A preocupação pela vida ameaçada do outro faz emergir o melhor da sua humanidade, e lhe faz derramar com ternura óleo e vinho nas feridas daquele homem meio morto”, vítima de seus assaltantes.

“Neste gesto de puro altruísmo e de grande humanidade se esconde o segredo da identidade de vocês como hospitaleiros. Ao se deixarem envolver pelo outro e no gesto do samaritano de derramar óleo e vinho sobre as feridas daquele que estava caído por mãos de bandidos descobrirão a marca da própria identidade de vocês”, acrescentou Francisco.

“Uma marca que os levará a manter viva no tempo a presença misericordiosa de Jesus, que se identifica com os pobres, os doentes e os necessitados, e se dedica a serviço deles. Desse modo poderão cumprir a missão de vocês de anunciar e realizar o Reino entre os pobres e os enfermos. Com o testemunho de vocês e suas obras apostólicas asseguram assistência aos doentes e aos necessitados, com preferência pelos mais pobres, e promovem a pastoral da saúde.”

Tocar a carne de Cristo na carne dos que sofrem

O samaritano cuidou do ferido. A expressão “cuidar” tem uma dimensão humana e espiritual, disse o Pontífice. “Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a sua carne na carne daqueles que sofrem no corpo e no espírito”, frisou.

Francisco pediu aos membros da família hospitalar de São João de Deus um sereno discernimento sobre as estruturas. Suas estruturas sejam “espaços em que especialmente os doentes e os pobres se sintam acolhidos. E lhes fará bem perguntar-se sempre como conservar a memória de tais estruturas que nasceram como expressão do carisma de vocês, a fim de que permaneçam sempre a serviço da ternura e da atenção que devemos às vítimas do descarte da sociedade”.

Por fim, atendo-se ao tema da missão partilhada, disse tratar-se de “uma verdadeira urgência, não só porque se atravessam momentos de escassez de vocações, mas porque nossos carismas são dons para toda a Igreja e para o mundo”.

Francisco concluiu exortando-os a levar “a compaixão e a misericórdia de Jesus aos doentes e aos mais necessitados. Saiam de vocês mesmos, de seus limites, de seus problemas e dificuldades, para unir-se aos outros numa caravana de solidariedade. Que seus jovens profetizem e seus anciãos não deixem de sonhar”.

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01 fevereiro 2019, 12:24