Não somos súditos portanto, mas filhos, e o Decálogo não é "instrução fria do que deve ser feito, mas é a relação de um pai com seu filho, um pai que instrui o filho sobre a vida e no mesmo momento em que fala a ele sobre a vida, na realidade está entrando em relação com ele para fazê-lo crescer, para criá-lo ". Não somos súditos portanto, mas filhos, e o Decálogo não é "instrução fria do que deve ser feito, mas é a relação de um pai com seu filho, um pai que instrui o filho sobre a vida e no mesmo momento em que fala a ele sobre a vida, na realidade está entrando em relação com ele para fazê-lo crescer, para criá-lo ". 

As Dez Palavras: livro das catequeses do Papa sobre os Mandamentos

Em entrevista ao Vatican News, o autor do livro lançado nesta sexta-feira pela Paulus, padre Fabio Rosini, explica que "a capacidade de reconduzir toda a lógica da obediência a Deus de uma mentalidade de súditos à confiança de uma criança, depende da imagem que se tem de Deus”.

Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano

"Quando são citados os Dez Mandamentos, todo mundo se remete ao legalismo ... Francisco poderia voltar ao legalismo?"

Não ordem, mas palavras

 

Em seu prefácio no livro sobre as catequeses do Papa sobre o Decálogo, parte desta interrogação padre Fabio Rosini - responsável na Diocese de Roma pelo serviço vocacional,  que há mais de 20 anos encontra milhares de jovens para conversar com eles justamente sobre as "Dez Palavras" - esclarecendo imediatamente o que as 17 catequeses das Audiências Gerais dedicadas ao tema não são.


Chicotadas morais austeras e saudáveis? Ordens? Não, palavras. E a diferença entre palavra e ordem - explicou aos Vatican News - é aquela entre o relação e a estranheza: "a distinção" – enfatiza  padre Fabio - "é iluminada profundamente e muda toda a perspectiva da fé no Deus de Jesus Cristo: Um Pai, não um tirano, e essa distinção é a passagem do falso cristianismo ao cristianismo autêntico".

“O mundo não tem necessidade de legalismo, mas de cuidado. Precisa de cristãos com coração de filhos. Há necessidade de cristãos com coração de filhos: não vos esqueçais disto! (Audiência de 20 de junho de 2018)”

Não é coincidência que a palavra “filho” seja a mais repetida, provavelmente em todas as catequeses. "A capacidade de reconduzir toda a lógica da obediência a Deus, de uma mentalidade de súditos à confiança de uma criança  - diz padre Fabio - depende da imagem que se tem de Deus”.

 

Não somos súditos portanto, mas filhos, e o Decálogo não é "instrução fria do que deve ser feito, mas é a relação de um pai com seu filho, um pai que instrui o filho sobre a vida e no mesmo momento em que fala a ele sobre a vida, na realidade está entrando em relação com ele para fazê-lo crescer, para criá-lo ".

No Decálogo é revelado o plano de Deus sobre a vida humana

 

A vida dos filhos de Deus toma forma através das Audiências, através das Dez Palavras, "jubilosas descobertas" que suscitam, como mecanismo interior, a atração pela transformação e não os sentimentos de culpa, e isso porque - explica o sacerdote  - "o cristianismo é propositivo muito mais do que impositivo". "Nós não temos tanto que censurar este mundo já tão dolorido por seus problemas, temos que propor uma vida diferente: é por isso que quando alguém lê a Palavra de Deus, é exortado a viver e não a negar-se.  É o amor nosso chamado!" .

"O que regularmente aparece na análise de cada Mandamento, de fato – lê-se no prefácio do volume - não é a negação da formulação, mas a afirmação que é subtendida a ela". "O Papa Francisco - observa padre Fabio - não lê o Decálogo para ver qual o  'não' a ser dito, mas qual o 'sim' a ser anunciado".

“Em Cristo, e unicamente n’Ele, o Decálogo deixa de ser condenação (cf. Rm 8, 1), tornando-se a verdade autêntica da vida humana, ou seja, desejo de amor — aqui nasce um desejo de bem, de praticar o bem — desejo de alegria, desejo de paz, de magnanimidade, de benevolência, de bondade, de fidelidade, de mansidão e de temperança. Daqueles “nãos” passa-se para este “sim”: a atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito Santo. (Audiência Geral, 28 de novembro de 2018)”

Todavia, isto não significa que não existam compromissos nem esforços nos Mandamentos propostos nas reflexões pelo Papa, embora -  faz a distinção padre Fabio - "por um lado existe o esforço de quem deve cumprir um dever, por outro,  existe o esforço de quem está enamorado: quando eu realmente  tenho algo em consideração, a realizo mesmo em meio a mil sacrifícios e a faço com prazer. Quando a impostação é o amor, então nada é pesado para mim!”

A proposta de Francisco em suas catequeses sobre os Mandamentos  nas Audiência Gerais, é uma nova perspectiva, como destaca  padre Fabio. É a perspectiva da contemplação de Cristo, do encontro que, como o Papa disse em várias ocasiões, é a nossa fé. É Ele que "vive a existência delineada por esse antigo texto" e, enquanto entendemos melhor o conteúdo do Decálogo, conhecemos melhor a Cristo e somos compreendidos, isto é, nos encontramos nele como homens e mulheres.  "Como se tudo que é dito ressoasse como nosso, interiormente reconhecível como verdadeiro".

Conclui, portanto, Don Fabio, escrevendo que "a lei escrita em tábuas de pedra, a encontramos escrita e despertada dentro de nós".

 

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22 fevereiro 2019, 13:33