Francisco: mercado de armas é uma ameaça para a humanidade
Cidade do Vaticano
O destino do planeta está ameaçado por graves perigos como os ligados ao uso das armas. É o que o Papa Francisco recorda no discurso dirigido ao Corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé para a apresentação das felicitações para o Ano Novo. Maurizio Simoncelli, vice-presidente do Instituto de Pesquisas Internacionais ‘Arquivo Desarmamento’ sublinha que em escala mundial registra-se um “crescimento das despesas militares”.
Mercado de armas em crescimento
Nos anos da chamada Guerra Fria, a despesa militar global era de cerca de 1.400 bilhões. Hoje superou o valor de 1.730 bilhões. No seu discurso de 7 de janeiro o Papa sublinhou:
Continuando o Pontífice observou: “Aqui quero reiterar que não podemos deixar de ter um grande sentimento de inquietação, se considerarmos as catastróficas consequências humanitárias e ambientais que derivam de qualquer uso dos dispositivos nucleares.
Uma das grandes preocupações, sublinha Maurizio Simoncelli, é também o comércio de armas de pequeno porte, “usadas em todas as guerras esquecidas” e nos últimos anos destinadas, em particular, ao Oriente Médio e o Norte da África.
As novas armas
Francisco destaca o perigo das novas armas: “De modo especial preocupa o fato de que o desarmamento nuclear, amplamente almejado e em parte perseguido nas últimas décadas, esteja agora dando lugar à pesquisa de novas armas cada vez mais sofisticadas e destrutivas”.
Além da ameaça permanente da guerra nuclear, assiste-se ao desenvolvimento de novos cenários ligados à tecnologia militar. Maurizio Simoncelli sublinha que “causa grande preocupação as armas autônomas em condições, de agir por meio da inteligência artificial, de escolher o objetivo e atingir o alvo”. Algumas dessas armas já são operativas ao longo da fronteira entre a Coreia do Norte e Coreia do Sul. A arma autônoma, recorda Simoncelli, poderia ser um instrumento para consolidar regimes e ditadores “que não teriam mais necessidade da presença humana nas fronteiras”.
Sentido enganador de segurança
Um outro aspecto marcante foi a chamada ostentação de arsenais bélicos.
Um passo fundamental, recorda Maurizio Simoncelli, é o de renunciar às armas nucleares. Um sinal político importantíssimo – acrescenta - foi dado no ano passado com o Tratado pela Eliminação Total das Armas Nucleares, assinado por mais de 120 países na Assembleia Geral das Nações Unidas. Mas, infelizmente, observa Simoncelli, “os países do chamado clube nuclear não assinaram este Tratado”. À essa atitude se contrapõe a lógica das áreas desnuclearizadas, entre as quais a América Latina, a África e a Ásia Central, onde se confirma a recusa das armas nucleares, “que levariam somente à destruição do planeta”. Mas ainda há países “que se definem mais avançados e democráticos” – conclui Simoncelli – e que, ao invés, dispõem dessas armas.
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