Papa Francisco em Trujillo: lutar contra a praga do feminicídio

"Nesta praça, queremos fazer tesouro da memória dum povo que sabe que Maria é Mãe e não abandona os seus filhos", disse o Papa aos mais de 35 mil peruanos reunidos na Plaza de Armas de Trujillos.

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Olhar para Maria para recordar as mães e as avós do Peru, verdadeira força motriz da vida e das famílias, que devem ser protegidas com leis que combatem o feminicídio. Francisco na celebração mariana à Virgen de la Puerta, na Plaza de Armas de Trujillo, convida a seguir Nossa Senhora para promover uma cultura da misericórdia em que ninguém vire o olhar diante do sofrimento dos irmãos. O Papa na sua chegada à Nunciatura em Lima encontrou a esperá-lo muitos fiéis e cerca de trinta enfermos os quais cumprimentou e com quem rezou a oração do Pai Nosso.

Misericórdia: remédio para curar o coração

É “um santuário ao ar livre” que acolhe o Papa no último evento do seu terceiro dia no Peru. Na Praça de Armas de Trujillo, há 35 imagens de Maria, vindas de todos os lugares da região, expressão da devoção popular, riqueza de cada comunidade cristã. A Virgem está ali diante daquele povo que conhece o seu amor de mãe, ela “que - afirma Francisco em seu discurso - viu suas lágrimas, suas risadas, suas aspirações”. Diante da Virgen de la Puerta há corações palpitantes e ansiosos, corações cheios de esperança e de amor pela Edelicadeza de nosso Deus”.

Maria, mãe mestiça

 “A linguagem do amor de Deus  - prossegue o Papa - sempre se pronuncia «em dialeto», não conhece outra forma de o fazer. E é por isso, na proximidade do coração, que “a Mãe assume os traços dos filhos, as vestes, o dialeto dos seus, para os tornar participantes da sua bênção”.

“Maria será sempre uma Mãe mestiça, porque no seu coração encontram lugar todas as raças, porque o amor procura todos os meios para amar e ser amado. Todas estas imagens recordam-nos a ternura com que Deus quer estar perto de cada aldeia, de cada família, de ti, de mim, de todos”.

No coração de Maria, todas as raças

Recordando a proximidade da Virgem, padroeira do Norte do Peru e Rainha da paz universal, ao povo que tinha colocado encima da porta a imagem de Maria para se defender de ameaças externas, o Papa sublinha que “Ela continua a defender-nos e a indicar-nos a Porta que nos abre o caminho para a vida autêntica, a Vida que não definha”.

“Conheço o amor que vocês tem pela Virgem Imaculada da Porta de Otuzco que hoje, juntamente com vocês, desejo proclamar Virgem da Porta, “Mãe da Misericórdia e da Esperança.”

Misericórdia: remédio para curar o coração

E vale ainda para hoje, o convite que o Papa fez no Jubileu extraordinário da Misericórdia, em 2015, de passar a porta da Misericórdia “para experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança”.

“Não há um remédio melhor para curar tantas feridas do que um coração capaz de misericórdia, um coração capaz de ter compaixão perante o sofrimento e a desgraça, perante o erro e a vontade de se levantar de muitos, que frequentemente não sabem como fazê-lo”.

As mulheres do Peru, força motriz da vida e das famílias

Na conclusão de seu discurso, Francisco exorta a olhar para Maria e a ver n’Ela todas as mães e avós da Nação, “verdadeira força motriz da vida e das famílias do Peru”, convidando a se perguntar o que seria da vida e do país sem a importante presença delas.

“O amor a Maria tem que nos ajudar a gerar atitudes de reconhecimento e gratidão para com a mulher, para com as nossas mães e avós que são um baluarte na vida das nossas cidades. Quase sempre silenciosas, fazem avançar a vida. É o silêncio e a força da esperança. Obrigado pelo vosso testemunho”.

O repúdio à violência

Diante dos rostos provados, mas alegres das mulheres presentes, dos seus olhos brilhantes, da sua dignidade de mães e de avós fortes, Francisco novamente agradece, mas acima de tudo, pede compromisso contra a violência que muitas vivem dentro de suas casas.

“Mas, olhando para as mães e as avós, quero convidar-vos a lutar contra uma praga que fere o nosso continente americano: os numerosos casos de feminicídio. E muitas são as situações de violência que ficam silenciadas por trás de tantas paredes. Convido-vos a lutar contra esta fonte de sofrimento, pedindo que se promova uma legislação e uma cultura de repúdio a todas as formas de violência”.

Uma cultura que deve ser “cultura de misericórdia, com base na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos”.

Saudação na Nunciatura

O Papa chegou à Nunciatura em Lima e encontrou muitos fiéis a sua espera e cerca de trinta enfermos os quais saudou e com quem rezou a oração do Pai Nosso.

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20 janeiro 2018, 23:49