· Cidade do Vaticano ·

Mensagem do Papa às famílias da Itália e do mundo

A criatividade do amor vence

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07 abril 2020

E pediu um gesto de ternura por quem sofre


Ao aproximar-se o início da Semana santa, neste tempo de pandemia de coronavírus, o Papa Francisco quis fazer-se próximo das famílias da Itália e do mundo através da seguinte mensagem televisiva transmitida na noite de sexta-feira, 3 de abril.

Amados amigos, boa noite!

Esta noite tenho a oportunidade de entrar nas vossas casas de uma forma diferente do habitual. Se me permitirdes, gostaria de conversar convosco por alguns minutos, neste momento de dificuldade e sofrimento. Imagino-vos nas vossas famílias, a viver uma vida insólita para evitar o contágio. Estou a pensar na vivacidade das crianças e dos jovens, que não podem sair, frequentar a escola, fazer a sua vida. Tenho no coração todas as famílias, especialmente aquelas que têm algum parente doente ou que infelizmente sofreram o luto devido ao coronavírus ou a outras causas. Hoje em dia penso muitas vezes em pessoas sozinhas, por isso é mais difícil enfrentar estes momentos. Penso, sobretudo, nos idosos, que me são tão caros.

Não posso esquecer aqueles que estão doentes de coronavírus, as pessoas nos hospitais. Estou ciente da generosidade daqueles que se expõem para tratar desta pandemia ou para garantir os serviços essenciais à sociedade. Quantos heróis, de todos os dias, de todas as horas! Lembro-me também de quantos se encontram em dificuldades económicas e estão preocupados com o trabalho e com o futuro. Um pensamento vai também para os presos nos cárceres, a cuja dor se junta o medo da epidemia, para si próprios e para os seus entes queridos; estou a pensar nos desabrigados, que não têm uma casa para os proteger.

É um momento difícil para todos. Para muitos, dificílimo. O Papa sabe disso e, com estas palavras, quer manifestar a todos a sua proximidade e o seu afeto. Procuremos, se pudermos, fazer o melhor uso possível deste tempo: sejamos generosos; ajudemos os necessitados da nossa vizinhança; procuremos as pessoas mais sozinhas, talvez por telefone ou por redes sociais; rezemos ao Senhor por aqueles que se encontram em dificuldade em Itália e no mundo. Mesmo que estejamos isolados, o pensamento e o espírito podem ir longe com a criatividade do amor. É disto que precisamos hoje: da criatividade do amor.

Celebraremos a Semana Santa de uma forma verdadeiramente particular, que manifesta e resume a mensagem do Evangelho, a mensagem do amor sem limites de Deus. E, no silêncio das nossas cidades, ressoará o Evangelho da Páscoa. O Apóstolo Paulo diz: «E morreu por todos, para que aqueles que vivem já não vivam  para si, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por eles» (2 Cor 5, 15). Em Jesus ressuscitado, a vida venceu a morte. Esta fé pascal alimenta a nossa esperança. Gostaria de o partilhar convosco esta noite. É a esperança de um tempo melhor, no qual possamos ser melhores, finalmente libertados do mal e desta pandemia. É uma esperança: a esperança não desilude; não é uma ilusão, é uma esperança.

Juntos, com amor e paciência, podemos preparar um tempo melhor nestes dias. Obrigado por me permitirdes entrar nas vossas casas. Fazei um gesto de ternura para com aqueles que sofrem, para com as crianças, para com os idosos. Dizei-lhes que o Papa está próximo e reza, para que o Senhor  nos livre depressa do mal. E vós, rezai por mim. Bom jantar. Até breve!