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Drama das minas na Ucrânia Drama das minas na Ucrânia 

Drama das minas na Ucrânia

Aumentam os riscos para os civis na Ucrânia por causa das minas explosivas deixadas no solo. Este alarme diz respeito também às áreas mais críticas, como ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhia. Segundo Giuseppe Schiavello, diretor da Onlus italiana contra as Minas, trata-se de um drama que não terminará com o fim dos conflitos, pois são sempre os civis que pagam seu alto preço.

Fausta Speranza – Vatican News

As autoridades ucranianas estimam que cerca de 50% da área do seu país (cerca de 300.000 quilômetros quadrados) foi atingida por ações militares, que colocam em alto risco os civis, que retornam às áreas desocupadas, devido a minas, explosivos e munições não detonados. Instituições ucranianas e agências internacionais estão trabalhando para garantir a recuperação dos terrenos minados, mas os riscos se multiplicam, pois continuam os combates e as retiradas estão em constante evolução. Combates intensos continuam nas linhas de frente no leste do país, enquanto as forças ucranianas tentam libertar a península de Kinburn, entre o rio Dnieper e o Mar Negro. A ponta da península, ainda ocupada pelos russos, permite o acesso tanto a Kherson quanto em Mykolaiv. Por isso, aquele lugar é absolutamente estratégico para ambos os exércitos. No entanto, calcula-se que o tempo necessário para reabilitar um território, como aquele ucraniano, sem combates, seria de pelo menos de 5 a 7 anos.

Um compromisso capilar

Projetos de remoção de minas e educação sobre seu risco são cada vez mais frequentes na Ucrânia. Desde o início da invasão russa, quase 115.000 minas, inclusive cerca de 2.000 bombas aéreas, foram neutralizadas no país, em uma área de mais de 22.000 hectares. Dos 300.000 metros quadrados de áreas, que precisam da remoção de minas, 19.000 referem-se às áreas hídricas de bacias, rios e mares. Entretanto, os explosivos podem ser encontrados em qualquer lugar, não apenas em campos, ruas ou pátios de casas particulares, mas também em móveis e até em brinquedos infantis. O governo de Kyiv informou que foi instituído um “Centro Internacional de Remoção de Minas”, com o objetivo, sobretudo, de administrar a assistência internacional, profissional, técnica e financeira. Parece que cerca de 20 organizações estrangeiras já aderiram à proposta e estão pedindo autorização para trabalhar na Ucrânia.

Alerta de minas desde 2014

Giuseppe Schiavello, diretor da Campanha onlus contra as Minas  recorda: “não podemos esquecer que o problema das minas já havia surgido, no leste da Ucrânia, nos anos de conflito, a partir de 2014, bem antes da atual invasão russa. Em oito anos de conflito, foram publicados diversos documentos sobre o uso de minas ou bombas de fragmentação, além de reportagens jornalísticas”. Schiavello diz ainda que a evolução dos eventos não permitiu maiores esclarecimentos. Na maioria dos casos, trata-se de materiais atribuídos aos russos, mas houve também um caso, segundo notícias do New York Times, de bombas de fragmentação, que poderiam ser atribuídas às forças ucranianas.

Bombas e tratados

Por outro lado, Giuseppe Schiavello adverte: “Devemos distinguir entre minas e bombas de fragmentação. Isso é importante para entender se aderir ou não aos vários acordos internacionais. Neste caso, foram assinados dois acordos sobre minas e explosivos não detonados: a “Convenção contra Minas antipessoais”, assinada em Ottawa, em 1999, por 164 Estados, inclusive a Ucrânia, exceto a Rússia; e a “Convenção da ONU sobre Bombas de fragmentação”, que proíbe o uso de armas explosivas, cujo efeito é a dispersão de submunições (bomblets) em uma determinada área. Esta Convenção entrou em vigor em 1º de agosto de 2010 e foi ratificada, até hoje, por cerca de 100 Estados, exceto a Ucrânia e a Rússia.

Civis “cidadãos do mundo”

Segundo o diretor da “Campanha italiana contra Minas”, se considerarmos o drama causado por este tipo de bomba particular, deveremos pensar nos civis, independentemente da sua nacionalidade”. Por isso, Schiavello sugere falar de civis, em tempos de guerra, como "cidadãos do mundo", diante da prioridade absoluta de salvar vidas humanas inocentes. Em relação à defesa do valor da vida humana e contra toda lógica de guerra, sobretudo o uso de bombas contra civis, Giuseppe Schiavello recorda a importância dos apelos do Papa, que despertam as consciências, e o papel que a Santa Sé desempenha para que sejam feitos acordos internacionais, que preveem a proibição de tais bombas contra populações inermes.

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02 dezembro 2022, 13:39