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Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior 

Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior: a história de Lampião

Mário Contini Júnior apresenta um novo livro. Dessa vez o seu olhar vai para Lampião o homem do Chapéu de Couro. E nós conversamos com Mário Santini...

Silvonei José - Vatican News

O escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior que nasceu em Brasília e vive há muitos anos na Itália apresenta um novo livro. Dessa vez o seu olhar vai para o personagem brasileiro do cangaço, Lampião o homem do Chapéu de Couro. E nós conversamos com Mário Santini...

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Lampião o homem do Chapéu de Couro. Você está apresentando um livro em italiano da figura de Lampião, por que?

É uma tentativa de recuperar a imagem de uma pessoa que foi denigrada, vista de maneira muito negativa. Creio que é um modo de rever essa situação. Quando eu fui embora do Brasil no final dos anos 80, foi naquele momento importante que eu aprendi muito sobre a história do Brasil... estando fora eu decidi escrever livros sobre o Brasil, mas de um ponto de vista diferente daquele que é somos acostumados a ver a ler no Brasil a estudar.

Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior
Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior

Quem era Lampião?

Lampião é um personagem ambíguo. Era violento, sim, matou muita gente, sim, mas era uma pessoa que era um revoltado contra um sistema muito opressivo, mais opressivo que a própria sua violência. O sistema que ele combatia era violência pura. É verdade que a violência não se combate com violência, só que era o único modo que aquelas pessoas tinham de poder se fazer valer no mundo que era completamente controlado pelo poder econômico e político dos grandes latifundiários, de grandes opressores. Era uma revolta. Não era um movimento revolucionário... era uma revolta contra um sistema opressivo.

Cangaço uma expressão também de uma busca de uma certa liberdade?

Cangaço é liberdade. O Cangaço era um movimento jovem, tanto que tinha muita dignidade dentro do Cangaço. O Cangaço lutava para conquistar a própria dignidade, a própria liberdade em um ambiente de opressão e de falta de liberdade, porque quem comandava tinha o poder econômico político na mão.

Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior
Escritor Ítalo-brasileiro Mário Contini Júnior

Ao italiano interessa a nossa história. Você traz em italiano a figura de Lampião, mas já fez a história de Conselheiro, da Revolta do Contestado?

Depende, depende muito porque hoje tem muita superficialidade na parte da leitura, da escolha da leitura. Hoje publicar um livro é uma aventura. Não se sabe que tipo de final pode ter. Hoje é muito mais fácil trabalhar com as figuras. Lê-se muito pouco na Itália ultimamente. Se na Itália já não se leem os próprios autores locais e também os clássicos, imagina se podem interessar pelo que vem de fora, mas tem uma pequena parte a quem interessa, só que é muito pouco.

É difícil publicar histórias como essa, mas a minha tentativa é de levar para frente e fazer conhecer alguns aspectos da história do Brasil que ninguém conhece. Senão não tinha graça. Eu poderia falar do futebol brasileiro, todo mundo conhece e seria muito mais fácil.

Talvez teria mais interesse, só que eu falo de Lampião, falo da guerra de Canudos e da Guerra do Contestado....você falou algo interessante. Tem interesse na Itália, não sei nem mesmo se tem interesse no Brasil porque a situação é cada vez pior deste ponto de vista.

Eu escrevo para fazer conhecer uma cultura, a minha cultura. Eu sou apaixonado pelo Brasil, apaixonado pelo nordeste brasileiro, principalmente. Está no meu sangue. Eu sou italiano, mas eu sou nordestino de paixão, de coração, sempre tive uma grande paixão pelo Nordeste.

Eis a entrevista na íntergra em italiano:

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12 agosto 2022, 15:51