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Onda de calor bate recordes na Europa

Temperaturas recordes na Europa, aliadas à seca, alimentam incêndios florestais. As temperaturas estão subindo acima de 40°C em todo o continente. O calor que deve atingir a Europa Ocidental será o mais intenso na Península Ibérica, onde centenas já morreram como resultado do calor escaldante que, segundo especialistas, foi agravado pelas mudanças climáticas.

Marílica Siqueira - Cidade do Vaticano

Uma onda de calor que assola a Europa se deslocou para o norte, em direção ao Reino Unido, e alimentou ferozes incêndios florestais na Espanha e na França, onde mais de uma dúzia de recordes locais de temperatura foram quebrados.

Esse número se soma às centenas de mortes relacionadas ao calor relatadas na Península Ibérica, já que as altas temperaturas atingiram o continente nos últimos dias e provocaram incêndios florestais. Algumas áreas, incluindo o norte da Itália, também estão passando por secas prolongadas.

Cientistas do clima dizem que as ondas de calor com risco de vida são mais intensas, mais frequentes e mais longas por causa das mudanças climáticas e, aliadas às secas, tornaram os incêndios mais difíceis de serem controlados.

Reino Unido

 

Ondas de calor severas chegaram a o Reino Unido e autoridades emitiram o primeiro alerta de calor extremo do país. O serviço meteorológico prevê o recorde de 38,7° C.

As temperaturas atingiram 38°C no sul da Inglaterra. Em Londres, várias linhas de metrô tiveram que ser suspensas devido a problemas nos trilhos, e a maioria das empresas ferroviárias está operando com serviços reduzidos em muitas de suas rotas.

O aeroporto de Luton, em Londres, disse que voos foram suspensos no dia 18 de julho, depois que um defeito foi encontrado na superfície da pista. "Após as altas temperaturas, foi identificado um defeito na superfície da pista", disse o aeroporto em comunicado, antes de atualizar que o serviço foi reaberto assim que o problema for sanado.

Recordes quebrados na França

 

Os recordes regionais de temperatura na França foram quebrados em mais de doze cidades, o serviço meteorológico disse que o dia 18 de julho foi o dia mais quente desta onda de calor.

“A região da Bretanha, na França, atingiu um recorde de 39,3°C no porto de Brest, superando a máxima de 35,1°C que se mantinha desde setembro de 2003”, informou o serviço meteorológico francês Meteo-France. O meteorologista francês Gourand previu que “em algumas áreas do sudoeste, será um apocalipse de calor”.

O fogo se propaga

 

Os ventos quentes em redemoinho complicaram o combate a incêndios na região. “O fogo está literalmente explodindo”, disse Marc Vermeulen, chefe do serviço de bombeiros regional, que descreveu que os troncos das árvores se quebram enquanto as chamas os consumiam, enviando brasas para o ar e espalhando ainda mais as chamas. "Estamos enfrentando circunstâncias extremas e excepcionais", disse ele.

As autoridades evacuaram cidades, deslocando mais de 14 mil pessoas de áreas que poderiam estar no caminho dos incêndios e da fumaça sufocante. Ao todo, mais de 31 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas e locais de férias na região de Gironde desde que os incêndios começaram em 12 de julho.

Mais de 200 reforços se juntaram aos 1.500 bombeiros que tentam conter as chamas no Gironde, onde as chamas se aproximam de vinhedos valiosos e espalham fumaça pela bacia marítima de Arcachon, famosa por suas ostras e praias. Três aviões adicionais foram enviados para se juntar a outros seis no combate aos incêndios, recolhendo água do mar e fazendo repetidas passagens por densas nuvens de fumaça.

Mortes na Espanha

 

A Espanha, por sua vez, relatou uma segunda morte em dois dias devido a incêndios. O corpo de um criador de ovelhas de 69 anos foi encontrado na segunda-feira (18 de julho) na mesma área montanhosa onde um bombeiro de 62 anos morreu um dia antes, quando ficou preso pelas chamas na província de Zamora, no Noroeste. O primeiro-ministro da Espanha vinculou esta onda de calor ao aquecimento global, afirmando que: “mudanças climáticas matam”.

Mais de 30 incêndios florestais em toda a Espanha forçaram a evacuação de milhares de pessoas e destruíram mais de 220 quilômetros quadrados de floresta e arbustos. Teresa Ribera, ministra datransição ecológica da Espanha, descreveu seu país como “literalmente sob fogo” enquanto participava de conversas sobre mudanças climáticas em Berlim.

Ela alertou para “perspectivas aterrorizantes ainda para os próximos dias”, após mais de 10 dias de temperaturas acima de 40°C, esfriando apenas moderadamente à noite.

Na Bélgica medidas extraordinárias

As coleções permanentes dos museus federais belgas abrem suas portas gratuitamente para pessoas com mais de 65 anos e seus acompanhantes durante a onda de calor para que possam enfrentar as altas temperaturas em ambientes climatizados espaços, anunciou o governo da Bélgica. Esta é uma das medidas extraordinárias com que as autoridades tentam fazer face à vaga de um calor que atingiu o país, com temperaturas que podem chegar aos 40C, segundo o instituto meteorológico real, que ativou o alerta laranja no início desta semana.

"A principal missão dos nossos grandes museus é, obviamente, mostrar um acervo. Mas são também instituições abertas à sociedade e ao serviço da população", disse o secretário de estado Thomas Dermine, que defendeu que estes espaços estejam "totalmente disponíveis para pessoas vulneráveis ​​em caso de eventos climáticos extremos".

Italianos já em estado de alerta

 

A Itália também sofre com temperaturas que chegam a 42°C durante o dia e 30°C à noite no centro e norte do país - na Toscana, Úmbria, Lácio e na planície de Padana - combinadas com a pior seca dos últimos setenta anos.

Os meteorologistas italianos já alertam que começou "a semana mais quente de 2022" devido ao anticiclone africano significativamente batizado de "Apocalypse4800", com temperaturas recordes.

O aumento das temperaturas nas geleiras pode causar catástrofes como o recente deslizamento de Marmolada nas Dolomitas, que causou onze mortes. No domingo anterior foi registado um novo evento deste tipo na zona, embora desta vez sem vítimas.

*Com informações de EFE e Al Jazeera

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19 julho 2022, 14:24