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Índia, a mansidão dos cristãos diante das agressões no Natal

Suportar a violência e o ódio pregando a esperança: esta é a resposta da comunidade cristã do país, que nos últimos dias tem sofrido agressões e atos de vandalismo. O padre jesuíta Cedric Prakash afirma: "O Senhor consola as pessoas em seu sofrimento, expulsa toda tristeza. O Natal é a derrota do mal".

Paolo Affatato

Responder ao mal com o bem. Suportar a violência e o ódio, pregando a esperança e testemunhando a caridade na sociedade. Abalada pelas agressões sofridas, mas firme na sua fé, a comunidade cristã na Índia responde com mansidão evangélica à onda de violência que os atingiu nos últimos dias, por volta do período do Natal, em várias regiões da vasta nação asiática.

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Natal, derrota do mal

"O Natal é nossa certeza, a companhia de Deus que caminha conosco". O Senhor já venceu e consola as pessoas em seu sofrimento, expulsa toda tristeza. O Natal é a derrota do mal", assim afirma o jesuíta indiano Cedric Prakash, um observador atento das condições em que os fiéis vivem no que orgulhosamente se autodenomina "a maior democracia do mundo", com mais de 1,3 bilhões de cidadãos. Prakash, que há anos vem monitorando os casos de violência contra cristãos indianos, que constituem cerca de 2% da população, observa que "nos últimos tempos, têm ocorrido abusos contra as comunidades de fé com assustadora regularidade em toda a Índia, particularmente nos estados governados pelo Partido Bharatiya Janata".

Campanha de agressões bem orquestrada

Entre os episódios mais chocantes, o de Agra, no Estado de Uttar Pradesh, alguns extremistas hindus queimaram imagens natalinas fora de uma escola cristã. No centro de oração Matridham Ashram, na diocese católica de Varanasi, também em Uttar Pradesh, um grupo de militantes sitiou e intimidou uma celebração natalina, gritando slogans como "morte aos missionários". Em Assam, um Estado do leste da Índia, dois extremistas invadiram uma Igreja Presbiteriana na véspera de Natal, interrompendo as celebrações e pedindo a todos os hindus presentes, por espírito de partilha inter-religiosa, que abandonassem o edifício. No Estado norte de Haryana, na véspera de Natal, foi interrompido um concerto de Natal infantil, acusado de usar as canções tradicionais como um "instrumento de conversão religiosa". No mesmo Estado, uma estátua de Cristo foi destruída e a Igreja Católica do Santo Redentor em Ambala foi vandalizada, para consternação dos Padres Redentoristas. Estes e outros casos de agressão, segundo o Padre Prakash, dão a imagem de "uma campanha bem orquestrada para denegrir e demonizar os cristãos, muitas vezes conduzida para fins políticos". A campanha, assinala o jesuíta, tem o efeito perigoso de "polarizar a sociedade numa base religiosa, dividindo a maioria hindu de outras comunidades religiosas, tais como os cristãos ou os muçulmanos".

Cristãos vivem o Evangelho

Na raiz disto está o espectro das chamadas "conversões forçadas", do suposto proselitismo conduzido por comunidades cristãs que vivem suas vidas de fé à luz do dia, que agem para o bem da sociedade com obras de caridade sem qualquer discriminação ou distinção de casta. É o caso das Missionárias da Caridade, a congregação religiosa fundada por Madre Teresa de Calcutá, que há quinze dias foram denunciadas sob a acusação de "atrair meninas ao cristianismo e ferir os sentimentos religiosos hindus", e cuja autorização para operar econômica e financeiramente como uma instituição de caridade reconhecida ainda não foi renovada.

O Padre Prakash observa perplexo que "entre outras coisas, temores infundados estão sendo despertados, afirmando que a população cristã está em aumento, enquanto as estatísticas desmentem isso". E embora o Estado de Karnataka tenha aprovado nos últimos dias uma lei para proibir as conversões religiosas, esta medida corre o risco de provocar mais tensões inter-religiosas. Em tais dificuldades, os cristãos continuam a proclamar e a viver o Evangelho de Cristo, o Deus-conosco.

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29 dezembro 2021, 08:54