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México. Violência sem fim. Por que a vida humana deixou de ter valor?

O editorial do semanário "Desde la Fe" da arquidiocese da capital mexicana é publicado num contexto em que, de janeiro a setembro deste ano, pelo menos 1.777 rapazes, moças e adolescentes em geral foram vítimas de homicídio, ou seja, sete deles morrem ou desaparecem todos os dias, segundo a Rede pelos direitos da Infância no México (Redim). O país bateu o seu recorde histórico com mais de 35.600 homicídios em 2019, enquanto um novo recorde com mais de 40.000 crimes está estimado para 2020, segundo o governo

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“Nas últimas semanas, fatos preocupantes vieram à luz: a descoberta, no centro histórico de Cidade do México, dos corpos de duas crianças desmembradas; a brincadeira de mau gosto com um pobre jovem feita por seus colegas de ginásio; o desprezo de muitas pessoas pelas medidas preventivas de saúde. Todos refletem, em diferentes níveis, uma espiral de desumanização e crueldade em nossa sociedade.”

Com estas palavras de preocupação inicia-se o editorial da revista semanal da Arquidiocese do México (da capital mexicana) “Desde la Fe”, com o título “Alerta”: diante da desumanização, reflitamos, por que a vida humana deixou de ter valor?

Causas múltiplas e complexas dos infelizes acontecimentos

A reflexão parte da terrível notícia da descoberta, na semana passada, dos restos mortais de dois adolescentes, de 12 e 14 anos, da etnia Mazahua, contidos em sacos do lixo enquanto uma pessoa os transportava num carrinho de mão, no centro da capital.

“Estes infelizes acontecimentos têm causas múltiplas e muito complexas, mas sem dúvida, no centro, o que é decisivo é o amor. Onde há violência, há corações feridos que não se sentiram suficientemente amados, ou não se deixaram amar, ou distorceram a sua experiência de amor.”

Apostar em ações que estão ao nosso alcance

“A violência social começa geralmente dentro das famílias, e é uma consequência da falta de profundidade dos laços, do abandono em que vivem tantas crianças, adolescentes e jovens. Face a esta crescente desumanização, em vez de nos queixarmos do que não podemos mudar, devemos apostar em ações que estão ao nosso alcance, na realidade e nas circunstâncias em que cada um de nós vive”, prossegue o editorial.

Uma reflexão que pode ser facilmente “alargada” para incluir vários “lugares de periferia”, tais como o problema dos migrantes, o problema das crianças centro-americanas expulsas dos EUA para o México, e o racismo contra os povos indígenas do próprio México.

“Narcomenudistas”, um fenômeno novo e assustador

Em relação a esta notícia horrenda, embora o governo de Cidade do México tenha negado durante muitos anos a presença de cartéis da droga no seu território, no último ano a presença de grupos como o cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG) e de traficantes de droga em competição pelo controle do centro histórico tem sido evidente.

Um fenômeno novo e assustador são os chamados “Narcomenudistas”, ou seja, grupos de crianças que traficam drogas e usam a violência, incluindo a violência criminosa, para defender o seu território.

Sete jovens morrem ou desaparecem todos os dias no país

O editorial é publicado num contexto em que, de janeiro a setembro deste ano, pelo menos 1.777 rapazes, moças e adolescentes em geral foram vítimas de homicídio, ou seja, sete deles morrem ou desaparecem todos os dias, segundo a Rede pelos direitos da Infância no México (Redim).

O país bateu o seu recorde histórico com mais de 35.600 homicídios em 2019, enquanto um novo recorde com mais de 40.000 crimes está estimado para 2020, segundo o governo.

(Fides)

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12 novembro 2020, 10:15