Camarões: 8 crianças mortas na escola em ataque que choca o país

O ato criminoso aconteceu no sábado (24), quando um grupo de homens armados invadiu o Instituto Elementar Madre Francisca da cidade de Kumba, na região inglesa do sudoeste do país, atirando nos alunos. Mais um registro brutal de uma crise que dura cerca de quatro anos.

Fausta Speranza - Vatican News

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Pelo menos 8 crianças foram mortas e outras doze ficaram feridas no último sábado (24), em um ataque a uma escola em Kumba, na região de língua inglesa do sudoeste dos Camarões. A notícia foi divulgada pelo Departamento das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) no país. Neste domingo (25), dezenas de manifestantes, a maioria mulheres, se reuniram contra a violência para dizer “não aos assassinatos”.

Particularmente dramático o detalhe divulgado pelos funcionários da ONU sobre o uso de facões durante o ataque.  As autoridades locais também se pronunciaram, através do prefeito de Meme, Chamberlin Ntou'ou Ndong, que garantiu que "os responsáveis serão capturados por qualquer meio", mas não disse se os atacantes são supostos membros de grupos separatistas da região.

Regiões de língua inglesa em confronto

Os confrontos nas regiões ocidentais de Camarões acontecem desde 2017. O conflito, num país de maioria francófona, entre separatistas de língua inglesa em dois distritos ocidentais e as forças de segurança do governo já ceifou mais de 3 mil vidas e forçou pelo menos 70 mil pessoas a fugir de casa.

No início de setembro, o exército lançou uma operação contra os separatistas na região noroeste que, junto com a região sudoeste, se lamentam por décadas de discriminação por parte da maioria francófona. Nas províncias do noroeste, a maioria da população fala inglês e está ligada às tradições administrativas britânicas. Os grupos de separatistas armados começaram a lutar contra as forças policiais de Yaoundé em 2017 e declararam a independência da chamada ‘Ambazônia’. O presidente de Camarões, Biya, qualificou os grupos como "terroristas".

A ameaça terrorista

Muitas aldeias próximas à fronteira com a Nigéria foram destruídas pelo Boko Haram, o grupo terrorista islâmico que atravessa as fronteiras da Nigéria há alguns anos e aterroriza os países vizinhos: além de Camarões, o Níger e o Chade. Somente em 2019, o grupo terrorista cometeu mais de 100 ataques em Camarões, matando mais de uma centena de civis. Mais de 270 mil no país foram deslocados pela violência do Boko Haram. A pobreza, a insegurança e a falta de perspectivas futuras facilitam a manipulação dos jovens – que são os alvos dos jihadistas.

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26 outubro 2020, 10:16