Crianças desenhando Crianças desenhando 

Validados o casamento e a conversão da pequena Raja. A Igreja protesta

Crescem os protestos no Paquistão por causa do sequestro de Arzoo Raja, a menina de 13 anos sequestrada em 13 de outubro passado por um muçulmano e convertida ao islamismo depois de se casar com ele. Em 27 de outubro, uma ordem do Tribunal Superior da Província de Sindh decidiu que o casamento e a conversão são legítimos porque Arzoo teria consentido.

Lisa Zengarini – Vatican News

A decisão do Tribunal suscitou grande indignação na Igreja paquistanesa. Nesta quinta-feira - informa a agência Ucanews -, 400 pessoas, na sua maioria cristãos, participaram numa manifestação de protesto convocado pelo cardeal Joseph Coutts em frente à catedral de São Patrício em Karachi para pedir justiça às autoridades judiciais e policiais.

Os protestos

A guiar a manifestação estava o padre Saleh Diego, vigário geral da arquidiocese e responsável pela comissão diocesana Justiça e Paz, que descreveu a decisão do tribunal como "vergonhosa e deplorável". "O tribunal, sem verificar a idade de Arzoo, decidiu a favor dos sequestradores". Mas "uma menina de 13 anos não pode decidir sobre a sua religião. É uma adolescente inocente cuja declaração deve ser considerada nula pelo tribunal", disse o padre que denunciou o aumento preocupante de sequestros e casamentos de menores pertencentes a minorias religiosas com cidadãos muçulmanos no Paquistão. "As minorias religiosas que vivem no Paquistão estão preocupadas com o futuro das suas filhas que estão se convertendo ao Islã”. 

Uma ofensa ao Estado de direito e à justiça

Durante a manifestação, o advogado católico Saleem Michael definiu a decisão do tribunal e da polícia "uma ofensa ao Estado de direito e à justiça": "O magistrado que segue o nosso caso sabe que não vamos parar até obtermos justiça para as nossas filhas. A lei", acrescentou, "afirma claramente que qualquer menina entre 9 e 15 anos de idade não pode se casar a menos que seja acompanhada pelos seus pais”.

As minorias no Paquistão

A Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) também interveio sobre o assunto nos últimos dias, anunciando que financiará a assistência jurídica da família, tal como tem feito para outros casos semelhantes.  As minorias religiosas no Paquistão há muito pressionam para que a prática de sequestros e conversões forçadas de mulheres ao islamismo sejam criminalmente punidas. Contudo, um novo projeto de lei nesse sentido foi recentemente rejeitado pela Comissão de Assuntos Religiosos do Senado.

 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui

30 outubro 2020, 14:17