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Dia do despertar das pessoas em coma: “Precisamos da cultura do abraço"

Uma associação italiana promove para o dia 7 de outubro o “Dia do Despertar” dedicado à pesquisa sobre o coma. Entrevistamos Fulvio De Nigris, fundador da associação que oferece assistência a pessoas em estado vegetativo ou pós-vegetativo: “As pessoas em coma e com graves lesões cerebrais não podem ser deixadas de lado por causa da pandemia”

Amedeo Lomonaco – Vatican News

Organizar uma rede entre várias cidades italianas e europeias para sensibilizar a opinião pública sobre as necessidades das pessoas que saíram do coma. Este é o objetivo do "Dia Nacional do Despertar para a Pesquisa do Coma", agora em sua 22ª edição. Entre as iniciativas programadas, o tradicional Open day em um centro público inovador de reabilitação e pesquisa de Bolonha.

Menos recursos por causa da pandemia

O “Dia do Despertar do Coma”, com o patrocínio do Presidente da República Italiana,  é marcado neste ano por um importante apelo: pessoas em estado de coma e com graves lesões cerebrais não podem ser deixadas de lado por causa da pandemia que desviou a atenção e os recursos. É o que Fulvio De Nigris, diretor do Centro de Pesquisa do Coma e fundador da associação "Gli amici di Luca",  apela aos governos e instituições. A organização foi  fundada em 1997 para prestar os cuidados necessários para despertar Luca, um garoto de 15 anos de Bolonha em coma por 240 dias e que faleceu em 1998.

“Rezemos por aqueles que vivem em estado de grave enfermidade. Protejamos sempre a vida, dom de Deus, desde o início até a morte natural. Não cedamos à cultura do descarte. (Tuíte do Papa Francisco de 20 de maio de 2019)”

Dignidade da pessoa

Na Carta "Samaritanus bonus", recentemente aprovada pelo Papa, é ressaltado que "incurável não significa incuidável". O documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o cuidado das pessoas em fases críticas e terminais da vida também lembra situações do chamado "estado vegetativo" e aquelas em que a pessoa doente está em um estado de "consciência mínima". É sempre totalmente desviante  - cita o texto - pensar que o estado vegetativo e o estado de consciência mínima, em sujeitos que respiram autonomamente, sejam sinal de que o doente tenha deixado de ser pessoa humana, com toda a dignidade que lhe é própria”. Ao contrário, nesses estados de máxima fraqueza, a pessoa deve ser reconhecida no seu valor e assistida com cuidados adequados. O fato de que o doente possa permanecer por anos nesta dolorosa situação, sem uma esperança clara de recuperação, implica inegável sofrimento para aqueles que dele cuidam. "O compromisso do profissional de saúde – sublinha a Carta - não pode ser limitado ao paciente, mas deve se estender também à família ou aos responsáveis pelo cuidado do paciente, para os quais também deve ser fornecido o cuidado pastoral apropriado".

Cultura do abraço

Precisamos abrir as consciências. “A cultura do descarte deve ser contrastada com a do abraço”, explica Fulvio De Nigris, pai de Luca, ao Vatican News. Celebrar esta data, acrescenta, significa estar al lado das famílias com pessoas em coma e com graves lesões cerebrais. Significa promover a cultura do abraço e rejeitar a cultura do descarte. “O fato de ‘não me afeta’, acrescenta o diretor da Associação, que ‘não afeta a mim’, é algo que deve acabar. As coisas afetam a todos e esta é uma maneira de garantir que estamos todos próximos mesmo daqueles que não conhecemos. Você pode chorar mesmo por aqueles que não conhece”, conclui.

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07 outubro 2020, 11:54