Aduana de Chiasso, município da Suíça, no Cantão Tessino (EPA/Alessandro Crinari) Aduana de Chiasso, município da Suíça, no Cantão Tessino (EPA/Alessandro Crinari) 

Empreendedores católicos: doutrina social da Igreja também é referência para relançar a economia

A Itália está promovendo uma série de encontros para desenvolver um plano de renascimento para o país, depois da crise econômica causada pelo coronavírus. Por ocasião do projeto intitulado “Estados Gerais da Economia”, a União Cristã de Empreendedores e Dirigentes (Ucid) enviou uma carta ao primeiro-ministro, Giuseppe Conte, reforçando o apoio fundamental da fé em “redesenhar o caminho”. A partir desta segunda-feira (15), grande parte das fronteiras dentro da União Europeia serão reabertas, entre nações que apresentam situação epidemiológica sob controle, com riscos e oportunidades, mas refletindo um sinal de retorno à normalidade.

Amedeo Lomonaco, Andrea de Angelis, Andressa Collet - Vatican News

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Nesta segunda-feira (15), no segundo dia de trabalhos dos “Estados Gerais da Economia”, convocados pelo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, acontece o confronto direto com os sindicatos, seguindo a pauta com os governos das Regiões e dos Municípios. A série de encontros para desenvolver um plano de renascimento para o país depois da crise econômica causada pelo coronavírus está sendo realizada na Vila Pamphilj, em Roma, e vai reunir várias personalidades dos setores políticos e econômicos da própria Itália e do exterior.

A carta da Ucid ao primeiro-ministro

Por ocasião do evento, na última sexta-feira (13), a União Cristã de Empreendedores e Dirigentes (Ucid) escreveu uma carta ao primeiro-ministro italiano enfatizando que a doutrina social da Igreja permanece uma referência sempre válida para relançar a economia. De fato, os Estados Gerais da Economia pretendem reunir todas as forças: o governo, as associações de categoria, as partes sociais e autônomas.

A “ótica solidária” para relançar a Europa pode ser fundamentada inclusive nas palavras dos Pontífices em diferentes momentos. O Papa Francisco, na mensagem de Páscoa Urbit et Orbi, do último 12 de abril, disse que “a União Europeia tem diante de si um desafio histórico, do qual dependerá não somente o seu futuro, mas aquele do mundo inteiro”. Na encíclica Caritas in veritate, o próprio Bento XVI sublinhava o apoio fundamental da fé em “redesenhar o caminho” e encontrar novas formas de empenho sobre experiências positivas.

O caminho indicado pelos empreendedores católicos

Jessica Maddaloni, do Comitê Técnico-Científico da associação dos empreendedores católicos, ao recordar a carta enviada ao primeiro-ministro, disse que a atual crise deve ser “uma oportunidade de discernimento”.

Jessica Maddaloni – “O caminho indicado pelos empreendedores católicos é aquele de trabalhar por um mercado livre, desde que praticado em regime de concorrência, mas vinculado na qualidade das prestações e garantido na acessibilidade aos serviços. Um mercado em que a concorrência é leal e real, com as pequenas e médias empresas italianas podendo competir com o exterior. Tudo no caminho do “made in Italy”, mas também sobre a ética do trabalho e da valorização do homem, do trabalho e da produção. Se quer, então, retomar do “made in Italy” numa relação de leal concorrência. Esse é o caminho que a associação deseja e pede para que as partes política e econômica da Itália persigam.”

Fronteiras abertas a partir de 15 de junho

A cerca de duas semanas do início do verão no hemisfério Norte, a Europa começa a se abrir gradualmente para turistas numa outra expectativa de tentar recuperar parte dos prejuízos econômicos causados pela pandemia. A partir desta segunda-feira (15), de fato, grande parte das fronteiras dentro da União Europeia serão reabertas, entre riscos e oportunidades, mas refletindo um sinal de retorno à normalidade.

A Comissão Europeia publicou ainda em 11 de junho as novas diretrizes, recomendando aos países da Zona Schengen de eliminar as restrições nas fronteiras internas. Em se tratando de países fora da Europa, como o Brasil, a recomendação é tomar a mesma medida a partir de julho, mas somente com as nações que apresentem situação epidemiológica sob controle.

Segundo o epidemiológico italiano Giovanni Rezza, dirigente do Instituto Superior de Saúde, “reabrir as fronteiras comporta riscos naturais. Todos sabemos que o deslocamento de pessoas é veículo para o vírus, assim como estamos cientes que cada país tem uma situação diferente. A Itália hoje é um dos Estados da União Europeia mais seguro, graças principalmente às fortes medidas de lockdown que, infelizmente, refletiram muito sobre a economia, mas fizeram muito bem à saúde pública”.

Giovanni Rezza - “A situação em nível global é obviamente séria, sobretudo em países da América Latina, não somente no Brasil, mas acima de tudo, porque parece estar sendo o mais afetado. Inclusive nos Estados Unidos a situação melhorou, sobretudo em algumas regiões, mas, no resto do país, o vírus está circulando de maneira muito relevante em muitos estados. Então, de uma parte devemos voltar à uma normalidade controlada, mas precisa ser feita sempre com muita atenção, respeitando as medidas de distanciamento social.”

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15 junho 2020, 15:19