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Desinvestimento em fósseis: oportunidade para a humanidade

O 5º aniversário da Laudato si’ recebeu um importante presente: 42 instituições religiosas anunciam seu desinvestimento em combustíveis fósseis, ou seja, setores do petróleo, carvão e gás. "Devemos extrair ensinamentos desta crise da Covid-19 também para as mudanças climáticas", afirma Rowan Williams, ex-Primaz da Igreja Anglicana

Cidade do Vaticano

Um novo modelo de crescimento econômico mais justo e sustentável e que olha para o futuro do planeta e da humanidade. Enquanto a economia global enfrenta a pior crise desde 1929 devido ao Coronavírus, 42 instituições religiosas de várias denominações em 14 países anunciam em conjunto seu desinvestimento em combustíveis fósseis. Também pedem aos governos do mundo comprometidos em apoiar suas economias com grandes planos de intervenção pública, para pensar a longo prazo, visando uma retomada que seja de baixo conteúdo em carbono e mais justa.

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Não investir em combustíveis fósseis

A declaração comum de intenções, a primeira assinada por um número tão grande de organizações confessionais nesta área, foi acompanhada, entre outras, por entidades católicas, metodistas, anglicanas e budistas. A participação católica é particularmente significativa nesta semana da Laudato si', celebrada na véspera do Ano dedicado aos cuidados da Criação, que terá início no dia 24 de maio, no quinto aniversário da publicação da Encíclica do Papa Francisco sobre ecologia integral.

Cuidado da Casa comum

A questão do cuidado da Casa comum é uma questão que a emergência sanitária e a emergência econômica e social em evidência correm o risco passar em segundo plano, enquanto o acordo climático de Paris continua a ser desconsiderado. Isto é confirmado por um recente relatório da ONG britânica cristã Operation Noah, segundo o qual nenhuma das grandes multinacionais do petróleo atingiu até agora as metas estabelecidas pelo Cop21 em 2015.

Por outro lado, as comunidades de fé há muito tempo assumiram a liderança do movimento pelo desinvestimento global da energia fóssil e são as que mais contribuíram com iniciativas individuais neste sentido: mais de 350 de um total de 1.400. Somente no último mês, 21 organizações católicas com um patrimônio total de 40 bilhões de dólares se comprometeram a investir em empresas que aderiram ao Catholic Impact Investing Pledge, o compromisso de respeitar os ensinamentos sociais da Igreja sobre proteção ambiental e justiça social em seus planos de investimento.

Recuperação “completa e resiliente”

A nova iniciativa inter-religiosa conjunta visa encorajar os governos de todo o mundo a promover políticas nessa direção para permitir uma recuperação "completa e resiliente" na era pós-Coronavírus. "A atual crise de saúde tem destacado mais do que nunca a necessidade de uma ação internacional coerente diante de uma ameaça global", destaca o reverendo Rowan Williams, ex-Primaz da Igreja Anglicana, segundo o qual a experiência do Coronavírus é uma lição da qual extrair ensinamentos também para as mudanças climáticas: Fazer isso", diz ele, "significa tomar medidas práticas e eficazes para reduzir nossa dependência letal em combustíveis fósseis". Com o mesmo tipo de pensamento afirma Padre Endra Wijayanta, diretor da Comissão de Justiça, Paz e a Integridade da Criação da Arquidiocese de Semarang, Indonésia: "Esta pandemia é o momento certo não só para refletir, mas também para agir", bloqueando "a espiral ecológica da morte" e "tomando o caminho de um estilo de vida mais sustentável".

Decisões de hoje marcarão o futuro

"Cada dólar investido em combustíveis fósseis é um voto de sofrimento", insiste Tomás Insua, diretor executivo do Movimento Católico Global para o Clima (Mcgc). Também para Isabel Apawo Phiri, secretária-geral adjunta do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o desinvestimento em combustíveis fósseis para uma economia mais sustentável "é mais urgente do que nunca". James Buchanan, responsável pela Campanha Bright Now da Operação Noah, lembra, por sua vez, que "As decisões que tomarmos agora vão afetar o futuro da humanidade por milhares de anos".

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19 maio 2020, 09:10