Mulher síria carrega filho ferido após bombardeios no centro de Maarrat Misrin, noroeste de Idlib. Mulher síria carrega filho ferido após bombardeios no centro de Maarrat Misrin, noroeste de Idlib. 

Bombardeios atingem escolas em Idlib, matando crianças e professoras

Na quarta-feira forças do governo sírio bombardearam alvos civis na Província de Idlib, no âmbito da campanha militar para derrotar os rebeldes. O UNICEF denunciou que "pelo menos 40 mulheres e crianças ficaram feridas nesses ataques, que ocorrem em um momento em que a escalada da violência no norte da Síria obriga mais de meio milhão de crianças a fugir."

"Mais uma vez, estamos chocados com onda de violência que não cessa e que matou pelo menos nove crianças e três professores, enquanto 10 escolas e jardins de infância foram atacados há dois dias em Idlib, no noroeste da Síria”, afirma o Diretor Regional do UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, Ted Chaiban.

Pelo menos quatro dessas escolas eram apoiadas por parceiros do UNICEF. Pelo menos 40 mulheres e crianças ficaram feridas nesses ataques, que ocorrem em um momento em que a escalada da violência no norte da Síria obriga mais de meio milhão de crianças a fugir.

 

Quase 280.000 crianças deixaram de receber instrução devido aos combates. Pelo menos 180 escolas na área não estão operacionais porque foram danificadas, destruídas ou acolhem famílias deslocadas.

“Condenamos com veemência a morte e o ferimento de crianças. Escolas e outras instalações educacionais são um refúgio para crianças. Atacá-las é uma grave violação dos direitos da criança”, diz Ted Chaiban. “Todas as partes do conflito na Síria devem proteger as crianças e impedir os ataques às estruturas civis que as hospedam, incluindo as escolas”.

Escalada do conflito

 

Na quarta-feira forças do governo sírio bombardearam alvos civis na Província de Idlib, no âmbito da campanha militar para derrotar os rebeldes os rebeldes. As forças do presidente Bashar Assad capturaram nos últimos dias dezenas de aldeias, incluindo redutos rebeldes na última área mantida pela oposição.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que a situação é cada vez mais grave após um aumento nas hostilidades nas últimas 48 horas. Ataques aéreos foram relatados no dia anterior em 19 comunidades, com bombardeios em 10 aldeias em Idlib e Hama. Pelo menos 21 civis foram mortos, incluindo cinco mulheres e nove crianças, quer nos ataques aéreos como terrestres. Os ataques aéreos também atingiram e danificaram instalações médicas e educacionais, incluindo Hospital Central de Idlib e várias instalações que serviam de abrigo para as pessoas deslocadas, disse Dujarric.

 

Mais de 300 civis foram mortos desde o início de dezembro, quando as tropas do governo lançaram uma nova campanha militar para recuperar Idlib, a última região significativa controlada pela oposição no país. De acordo com a ONU, 948.000 pessoas tiveram que abandonar suas casas e buscar refúgio em áreas mais seguras próximo da fronteira com a Turquia. Os combates desencadearam um desastre humanitário, forçando a ida de pessoas para campos de refugiados já superlotados, em meio à escassez de alimentos e remédios.

O Grupo de Coordenação de Resposta à Síria, um grupo de ajuda que opera no noroeste do país, disse que as forças do governo atingiram vários alvos civis nas últimas 24 horas, incluindo oito escolas, três centros médicos e vários assentamentos onde as pessoas deslocadas pelos combates se abrigaram. A declaração do grupo condenou o "silêncio da comunidade internacional", chamando-o de "convite aberto" para as forças do governo apoiadas pela Rússia continuarem seu ataque.

Um médico em Idlib que se identificou como Ihsan Eidi disse que as condições médicas estavam se deteriorando rapidamente em Idlib, acrescentando que mais de 50 hospitais e centros de saúde ficaram fora de serviço nos últimos nove meses. "Tínhamos pouco equipamento e a maioria foi danificada pelas bombas, infelizmente", disse ele no vídeo divulgado por uma organização de caridade conhecida como Islamic Relief Worldwide. Ele acrescentou que, com o fluxo de pessoas deslocadas neste período de baixas temperaturas, os assentamentos das barracas se tornaram superlotados, o que faz com que as doenças se propaguem com mais facilidade. A violência ocorreu quando uma delegação russa estava programada para chegar na Turquia na quarta-feira para retomar as negociações destinadas a diminuir as tensões na região de Idlib, no noroeste.

Turquia e Rússia apoiam grupos rivais no conflito sírio e, nas últimas semanas, Ancara enviou milhares de tropas turcas para Idlib. Confrontos entre tropas turcas e sírias provocaram a morte de 16 soldados turcos mortos neste mês. Ativistas da oposição síria disseram que as forças do governo atacaram um comboio militar turco em uma estrada perto da vila de Bara, no noroeste, na quarta-feira. Não houve relatos imediatos sobre vítimas.

Na terça-feira, tropas sírias abateram um avião turco sobre Idlib, dizendo que estava realizando uma missão de reconhecimento sobre uma cidade recentemente capturada por forças do governo. Um comunicado do exército sírio disse que as forças do governo capturaram, além de dezenas de aldeias, algumas colinas estratégicas nas profundezas das áreas fortemente fortificadas que outrora eram mantidas por insurgentes. Ele disse que as aldeias capturadas incluem antigas fortalezas como Kafranbel, Has, Kfar Sajneh e al-Dar al-Kabira.

(Com UNICEF e Associated Press)

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Ofensiva em Idlib e crianças refugiadas
27 fevereiro 2020, 15:15