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Uma criança às margens do Rio Marmelo, no Estado do Amazonas Uma criança às margens do Rio Marmelo, no Estado do Amazonas 

A Amazônia em canto e poesia em evento temático no sul do Brasil

Um sarau intitulado “PalavrAcanção” em Florianópolis ergueu a voz em nome da Amazônia no sul do Brasil. A cantora e compositora Silvia Abelin, uma das idealizadoras, afirma que a escolha do argumento que tem tocado o mundo inteiro foi para “discutir poeticamente a temática da Amazônia”.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

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“Nas águas do rio Amazonas
O meu coração se banhou
No fundo encantado do lado de lá
A voz da Iara chamou
Ouvi chamar”

 

A música “Rio Amazonas” é de Dori Caymmi, filho de Dorival Caymmi e irmão dos também artistas Nana e Danilo, que hoje vive nos Estados Unidos mas tem uma importante atividade musical desde a déc. 60 - muito influenciado pelo pai. A interpretação que ouvimos, porém, é de dois brasileiros que participaram de um evento temático em Florianópolis, sobre a Amazônia, no final de setembro.

O projeto “PalavrAcanção”, como explica Silvia Abelin, uma das idealizadoras, é um encontro mensal artístico para reunir poetas, compositores e musicistas locais e se debater poeticamente dentro de um espaço como a Casa de Música Qualé Mané Bar. Uma iniciativa que realiza “mais como cidadã e artista, e tendo a música como fio condutor”, acrescenta a brasileira.

Silvia foi quem deu o tom de abertura no evento sobre a Amazônia com a obra-prima de Dori Caymmi:

“Poeticamente ele canta... ‘nas águas do Rio Amazonas, meu coração se banhou’... Tu viaja com ele, parece que tu está no rio, boiando e indo junto com ele.”

Os participantes do projeto “PalavrAcanção”
Os participantes do projeto “PalavrAcanção”

Discutindo poeticamente a Amazônia

Silvia Abelin é uma cantora e compositora gaúcha, de Erechim/RS, radicada em Florianópolis. Ela também é fisioterapeuta, especialista em acupuntura tradicional chinesa e mestra em Neurociências, no âmbito da musicoterapia pela Brunel University de Londres. Lá, onde morou por 5 anos, participou do trio Bossa Nova Vibes, com um músico inglês e outro guitarrista gaúcho.

“Todo mundo está no mesmo momento, não interessa onde tu vive. E quando pega a natureza, pra mim é muito difícil. Desde a tragédia do Rio Doce, Mariana e tudo o que está acontecendo e o Brasil é um país tão rico pela natureza, índios também sofrem com isso. Foi nesse sentido que resolvi colocar uma temática no sarau para discutir poeticamente a temática da Amazônia. Um espaço de troca e de escuta artística, porque tem a arte acontecendo para ser ouvida. Para ser um espaço que faça parte de tudo o que está acontecendo. Todo mundo se inspira e transcende um pouco desse momento de muito ódio acontecendo nas mídias. A arte realmente transcende.”

Silvia Abelin é uma cantora e compositora gaúcha, com passagens pelo exterior
Silvia Abelin é uma cantora e compositora gaúcha, com passagens pelo exterior

Rio Doce e o Sabiá

Silvia Abelin vive uma fase atual inspirada na natureza, tanto que tem trabalhado em três composições temáticas sobre ela. A cantora acredita esse caminho está muito conectado com a essência de artista independente e como ela vê o mundo segundo a sua perspectiva. O seu último single, “Voa voa sabiá”, também é voltado ao Brasil e à natureza, como a composição “Rio Doce”.

“A gente que nasce no interior... Eu sempre vivi com muita natureza em volta. Em Erechim, mesmo, ou na terra do meu vó, com açude, e a gente nasce e adora, apesar de ser muito urbana – como foi quando morei em Londres. Eu como intérprete acabo direcionando meu trabalho pelas influências do jazz e da bossa nova. Mas, em essência, eu gosto muito de falar de natureza como compositora e aí surgiu a letra do ‘Sabiá’, que faz referência ao meu pai mesmo. O sabiá é como um mensageiro e o passarinho mais famoso do Brasil. E o ‘Rio Doce’ veio pela tragédia, porque é uma coisa que deixa a gente de coração na mão e a necessidade falar é natural mesmo.”

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18 outubro 2019, 11:07