Incêndio da Catedral de Notre-Dame, Paris Incêndio da Catedral de Notre-Dame, Paris 

Da Santa Sé à Unesco uma voz de esperança para Notre-Dame

"No coração do drama, mais forte do que as chamas do incêndio, é a chama da fé que se chama esperança no amor", palavras do cardeal francês Paul Poupard. Reflexões sobre o incêndio da Catedral de Notre-Dame dos cardeais Gianfranco Ravasi e Paul Poupard, do arcebispo Rino Fisichella e Mons. Francesco Follo da Unesco

Cidade do Vaticano

Depois do incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris eleva-se um chamado à esperança, à solidariedade, à unidade. As reflexões dos cardeais Gianfranco Ravasi e Paul Poupard, do arcebispo Rino Fisichella e de Mons. Francesco Follo reunidas pelo Vatican News.

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Mons. Frollo: uma homenagem da Unesco

Mons. Francesco Follo, é Observador Permanente da Santa Sé junto à Unesco em Paris:

“Foi aprovada uma declaração proposta pela Itália, pela França e pela Santa Sé de apoio tanto cultural como econômico. Além disso, iremos até a Catedral para manifestar nossa solidariedade à Igreja e ao povo francês. Participarão da nossa iniciativa os 58 Estados membros do Conselho executivo, não apenas os de maioria cristã, inclusive a China. Foi reconhecido o valor cultural mas também o valor religioso de Notre-Dame: no meu discurso evidenciei o quanto a Catedral seja um símbolo no sentido etimológico do termo. A palavra “símbolo” provém do grego symbállō, que quer dizer "unir". Não é apenas um símbolo, porque dá um exemplo como imagem, mas é a Igreja que "une" o Povo de Deus, mesmo o não crente: diante destes lugares há uma unidade de povo que parte da cultura”.

Cardeal Ravasi: um símbolo de ressurreição

Como “espelho da sociedade, também a Catedral de Notre-Dame reflete as tragédias e os dramas da história, mas sempre consegue “ressurgir”. Palavras do cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho da Cultura e da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra:

“Acredito que este evento tenha duas faces. Por um lado, certamente, o lado trágico, porque representa a queda de símbolos, a profunda ferida em um dos grandes estandartes da França, seja civil seja religioso. Mas, por outro lado, gostaria de dizer uma palavra de esperança, de consolo, porque dentro da história, da própria história da catedral de Notre-Dame, sempre aconteceu o fato de que, como em todo espelho da sociedade, refletiu também as tragédias, os dramas. Portanto dentro da história teve muitas feridas. Algumas vezes até se aproximou da morte, mas sempre ressurgiu. Por isso penso que se deva olhar sempre avante. Talvez agora as previsões sejam difíceis, mas no futuro poderemos ainda – como fiz muitas vezes – atravessar o limiar e entrar dentro do espaço precioso deste monumento”.

Dom Rino Fisichella: um forte sinal de esperança

Do incêndio de Notre-Dame chega “um forte sinal de esperança”. São palavras do arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dicastério responsável também pelos santuários:

“A Catedral de Notre-Dame não pode ser considerada perdida. Mesmo na tristeza e na dramaticidade do momento, devemos pensar na Ressurreição, na Páscoa, que significa que devemos pensar também como será a Catedral restaurada – esperamos – com todo o seu esplendor. Não sabemos quando ou como, porém acredito que, diante das chamas, o coração e a mente devem trazer consigo a grande esperança de rever ainda a beleza de Notre-Dame como era na sua origem. Certamente há muita tristeza, penso que seja um sentimento comum, porém devemos dar também um forte sinal de esperança, que não é apenas a reconstrução de Notre-Dame, mas é também a reconstrução de uma obra prima, de uma obra de arte que significa um dom para toda a humanidade”.

Cardeal Poupard: uma oração unânime

O cardeal francês Paul Poupard, presidente emérito do Pontifício Conselho da Cultura e do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso exprime a solidariedade recebida de vários países.

“Estou muito comovido por toda a solidariedade que recebi por parte de muitos amigos italianos e de outros países, que se uniram à dor dos franceses pelo incêndio da Catedral de Notre-Dame. Estão sofrendo junto conosco como se fosse seu próprio drama. Pessoalmente não conseguia acreditar no que estava vendo. Por fim tive que me render, rezando. Fiquei também muito comovido com uma outra imagem, à qual não tinha pensado: centenas de pessoas, principalmente jovens, ajoelhados em oração diante da Notre-Dame em chamas. No coração do drama, mais forte dosque as chamas do incêndio, é a chama da fé que se chama esperança no amor”.

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17 abril 2019, 12:09