Quem pode, abandona a Província de Idlib com seus pertences, antes da ofensiva do exército sírio Quem pode, abandona a Província de Idlib com seus pertences, antes da ofensiva do exército sírio 

Ofensiva em Idlib: Unicef pede corredores humanitários para crianças e civis

Após o fracasso das conversações na última sexta-feira em Teerã, Rússia, Turquia e Irã voltaram a falar sobre a Síria esta terça-feira em Genebra. A preocupação da comunidade internacional é de que a iminente ofensiva terrestre contra o reduto rebelde na província de Idlib possa provocar uma nova catástrofe humanitária. O UNICEF defende a criação de corredores humanitários para crianças e civis.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

São cerca de 30 mil os sírios em fuga nas últimas horas dos intensos ataques aéreos governamentais e russos na região ao sul de Idlib, informou em um comunicado o coordenador regional humanitário da ONU para a crise síria, Panos Moumtzis.

Há dias a aviação síria e russa bombardeiam a área que se encontra ao longo da linha que divide insurgentes e forças leais ao governo de Bashar al-Assad, entre as regiões de Hama e de Idlib.

Segundo analistas, os ataques servem para preparar o terreno para uma ofensiva terrestre, na qual tomarão parte também forças iranianas, aliadas a Damasco.

A ONU afirma que em toda a região de Idlib há cerca de 3 milhões de civis, dos quais a metade são deslocados provenientes de outras zonas da Síria em guerra. No total, os deslocados desde o início do conflito chegam a seis milhões.

Catástrofe humanitária

 

O temor não só da comunidade internacional, é de que a ofensiva por terra possa provocar uma nova crise humanitária. A Província de Idlib é o último reduto de rebeldes anti-Assad e na área há também grupos terroristas ativos.

O ministro do exterior iraniano, Hossein Jaberi Ansari, afirmou hoje em Genebra que o país - que é aliado de Damasco - teme uma catástrofe humanitária. “Trabalharemos para que isso não aconteça”, disse a jornalistas antes de participar das conversações convocadas pelo enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, com os países garantes do processo de Astana (Rússia, Turquia e Irã) sobre a formação de uma Assembleia Constituinte síria.

Já o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, por meio das páginas do “Wall Street Journal”, disse que uma eventual ofensiva do “regime” em Idlib, “criaria sérios riscos humanitários e de segurança para a Turquia, o resto da Europa e além”. “Todos os membros da comunidade internacional devem compreender suas responsabilidades. As consequências da inação são imensas. Não podemos deixar o povo sírio à mercê de Bashar al-Assad. A ofensiva do regime contra Idlib seria um ataque indiscriminado para varrer a oposição, não uma campanha real ou eficaz contra o terrorismo (...). Nenhum país apreciaria mais combater o terrorismo do que a Turquia (...). Pessoas inocentes não devem ser sacrificadas em nome da luta ao terrorismo”, defendeu.

Diante da iminência de um agravamento nos combates, Ancara deslocou blindados para a fronteira com a Síria na Província de Hatay, também em preparação a uma temida nova onda de refugiados, em caso de uma ofensiva terrestre contra Idlib.

Corredor humanitário para crianças e civis

 

O Unicef, por sua vez, alerta que os combates colocarão em risco a vida de mais de 1 milhão de crianças, obrigadas a deixar as próprias casas diversas vezes ou os campos de refugiados superlotados, onde falta comida, água e remédios.

Somente cerca da metade das estruturas de saúde públicas na região estão operativas. Faltam remédios e escoltas para levar os feridos em segurança aos hospitais.

As aulas recomeçaram em 1º de setembro, mas há carência de material escolar, e de professores. Cerca de 7 mil salas de aula deveriam ser reformadas ou reconstruídas, para garantir o mínimo de condição de aprendizado. Há 2.300 vagas para professores. A escalada nos combates poderá levar ao fechamento das escolas, e caso se alongarem, a perda do ano escolar.

O nosso pedido é simples, diz a diretora geral do UNICEF, Henrietta Fore: “Proteger as crianças. Dar a elas um acesso seguro e estável”, e que todos aqueles que queiram sair, possam fazê-lo voluntariamente e em segurança.

Como verificado ao longo destes anos de conflito na Síria, as crianças acabam pagando um alto preço com a falta de educação, de cuidados médicos, mas acima de tudo pelas consequência que o conflito acarreta em sua saúde mental e física, com prováveis repercussões ao longo de toda a vida.

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Fuga de Idlib
11 setembro 2018, 15:14