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Ortega: “A visita terminou”. A ONU expulsa da Nicarágua

Para evitar o escrutínio internacional, o governo deixa em evidência sua responsabilidade nas violações dos direitos humanos. A decisão do Governo, de suspender de um momento para outro a presença da Agência da ONU para os Direitos Humanos (ACNDUH) na Nicarágua, foi criticada pelas organizações humanitárias internacionais e locais que qualificaram o ato como uma “expulsão”

Patricia Ynestroza-Cidade do Vaticano

No último sábado (01/09) a missão da Agência do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNDUH) teve que abandonar a Nicarágua, depois de o Governo considerar concluído o trabalho realizado no país. A Agência tinha publicado um relatório sobre a violação dos direitos humanos, depois de dois meses no país.

Segundo o relatório da ONU, o Estado nicaraguense é responsável por graves violações aos direitos humanos. Antes de deixar o país a missão, dirigida pelo peruano Guillermo Fernández Maldonado, divulgou uma mensagem de agradecimento pelas “demonstrações de apoio recebidas” na Nicarágua, durante o seu trabalho entre junho e agosto. Também confirmou que continuará “supervisionando a situação ajudando as vítimas que procuram a justiça e a verdade mesmo trabalhando no seu escritório regional que esse encontra no Panamá”.

O relatório da ONU sobre a crise na Nicarágua

A missão da ACNDUH chegou na Nicarágua em junho passado para investigar a crise sócio-política iniciada em abril, e na quarta feira passada (29/08) lançou um relatório denunciando o “alto grau de repressão” nos protestos por parte do Governo, nas quais registraram-se mais de 300 mortos e 2.000 feridos”.

No relatório, o organismo acusa o Governo de Ortega de “uso desproporcional da força por parte da polícia,  às vezes traduzida em execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados e impedimento do acesso ao atendimento médico”, entre outras violações dos direitos humanos, e anunciou que continuará o controle e vigilância a distância. O Governo também é responsabilizado por “detenções arbitrárias ou ilegais de caráter generalizado, frequentes maus tratos e casos de tortura e violência sexual nas prisões, violações à liberdade de reuniões pacíficas e manifestações".

Com esta decisão Ortega comprova crimes cometidos 

O presidente Ortega contestou o relatório, considerando-o subjetivo, distorcido, prejudicial e claramente parcial, redigido sob influência de setores vinculados à oposição e sem o devido cuidado de expor os fatos  em maneira objetiva.

A decisão do Governo, de suspender de um momento para outro a presença da ACNDUH (Agência da ONU para os Direitos Humanos) na Nicarágua, foi criticada pelas organizações humanitárias internacionais e locais, que qualificaram o ato como uma “expulsão” .

Erika Guevara Rosas, diretora da Amnistía Internacional Américas declarou que "com esta decisão o presidente Ortega comprova crimes cometidos e evidencia o desprezo pelas obrigações intenacionais do seu governo".

 

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03 setembro 2018, 11:36