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Sudão do Sul: milhões de crianças que nunca viram a paz

Enquanto vacila o cessar-fogo, o Unicef descreve o drama de mais de 2 milhões e meio de crianças do Sudão do Sul que desde a independência de 2011 só conheceram abusos, guerra e desnutrição.

Cidade do Vaticano

Com uma metralhadora nas mãos que deveriam estar com uma bola de futebol. Ou se têm mais sorte com uma colher diante de uma panela com comida. Ainda pior, são vítimas de abusos ignóbeis. Não se pode deixar de falar das crianças-soldado nem mesmo, ampliando, das crianças em zonas de guerra, primeiras vítimas, porque se não combatem, escapam e morrem, ou pela violência ou pela fome e doenças.

Exploração

 

No entanto, quem fala com certezas, ou seja com números, é o Unicef, que divulga um comunicado sobre as condições dos menores no Sudão do Sul. Já a primeira consideração é aterradora: das 3,4 milhões de crianças nascidas desde a criação do país africano, 7 anos atrás - quando se tornou o “país mais jovem do mundo” - cerca de “2,6 milhões nasceram em guerra”. Um número absurdo de crianças que só conheceram o medo, sangue e dramas.

“Embora desde o início do ano – informa o Unicef – tenham sido libertados 800 meninos dos grupos armados, estima-se que 19 mil crianças continuem a ser utilizadas como soldados, cozinheiros e mensageiros e submetidas a abusos sexuais, em confronto com as 500 crianças que havia quando iniciou o conflito em 2013”.

“19 mil crianças continuam a ser utilizadas como soldados, cozinheiros e mensageiros e submetidas a abusos sexuais”

Sem comida nem estudo

 

Se em 2014, 35 de cada 100 crianças não sabia se teria a próxima refeição, este valor subiu agora para 60 de cada 100 crianças, “com algumas regiões do país – continua o comunicado – a um passo da carestia, principalmente no período de seca”. Os índices de desnutrição “têm valores críticos. Mais de 1 milhão de crianças são desnutridas, 300 mil das quais gravemente desnutridas e com risco de morte”. Como se sabe, uma nação em guerra não oferece futuro para seus filhos. Porque, prossegue o Unicef, “o conflito levou centenas de milhares de crianças para fora da escola, sem instrução alguma. Uma de cada três escolas está destruída, ocupada, ou fechada desde 2013”. Em outras palavras, “mais de 2 milhões de crianças – ou mais de 70% dos que deveriam frequentar as aulas – não recebem educação”.

Espaço para os que socorrem

 

“Enquanto o Sudão do Sul completa 7 anos, uma guerra aparentemente sem fim continua a devastar a vida de milhões de crianças”, declarou Henrietta H. Fore, Diretora geral do Unicef, em visita a Juba, Ganiyel e Bentiu. “A assinatura de um cessar-fogo permanente entre as duas principais partes em conflito realizada em Cartum no mês passado, foi um passo positivo neste processo lento e vacilante. Agora contamos com as lideranças e seus comandantes para respeitá-lo, ao mesmo tempo dando garantia para que os agentes humanitários possam ter acesso ilimitado para atender os que necessitam”.

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09 julho 2018, 11:11