A Assembleia Geral da União Africana de Radiodifusão está em andamento em Kigali, Ruanda A Assembleia Geral da União Africana de Radiodifusão está em andamento em Kigali, Ruanda 

Assembleia Geral da União Africana de Radiodifusão

A 1ª parte da assembleia é dedicada ao fórum à volta da TNT (Televisão Digital Terrestre, em francês), uma sessão especial organizada pela União Africana de Radiodifusão (UAR) para apoiar os Estados africanos no processo da passagem do analógico ao digital, em curso no continente.

Pe. Bernardo Suate - Kigali

Teve início, na manhã desta segunda-feira 12/3, no Centro de Conferências da capital ruandesa Kigali, a 11ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da União Africana de Radiodifusão (UAR), sobre o tema “Os media audiovisuais africanos e a questão migratória”.

A 1ª parte da Assembleia, para os dias 12 e 13, é dedicada ao fórum à volta da TNT (Televisão Digital Terrestre, em francês), uma sessão especial organizada pela UAR para apoiar os Estados africanos no processo da passagem do analógico ao digital, em curso no continente.

Diálogo entre profissionais

O fórum é organizado com o patrocínio de Smart África e a RBA (Agência de Radiodifusão Ruandesa), uma oportunidade para um diálogo a alto nível entre os profissionais dos media espalhados pelo mundo, dizem os organizadores.

O fórum é aberto aos ministros das comunicações dos países membros do Comité Executivo da UAR, ou seja, Argélia, Angola, Botswana, Camarões, Gana, Quénia, Líbia, Nigéria e Senegal, e também aos directores gerais dos media nos 49 Países membros da UAR e alguns convidados especiais e reguladores do audiovisual no Continente, bem como os parceiros neste processo.

Na cerimônia de abertura, destaque para os discursos do director da RBA, o director da Smart Africa, o presidente da UAR, a ministra dos Negócios Estrangeiros de Ruanda (Pais anfitrião) e o Presidente da CAF (Confederação Africana de Futebol), o malgaxe Ahmad Ahmad.

Apostar na tecnologia digital

Nas intervenções foi sublinhada a importância da tecnologia digital mas, enquanto esta tecnologia é uma realidade noutras partes do mundo, África ainda continua com a tecnologia analógica. E para sanar tal situação, o director da Agencia Ruandesa de Radiodifusão falou de um “Plano Marshal” para aqueles países que ainda não passaram à tecnologia digital, e o representante de Smart África convidou à cooperação (em vez de cada Pais agir separadamente), no espirito dos pais fundadores da UA que era precisamente a cooperação.

A ministra dos Negócios Estrangeiros Ruandesa reiterou a importância de apostar na tecnologia digital e empenhou-se em fazer-se porta-voz das deliberações desta semana junto dos membros da UA (União Africana) que estarão reunidos em Kigali na segunda-feira 19/3, juntamente com o presidente Paul Kagame, que também é presidente de turno da UA.

Ruanda completou a sua migração para o digital em 2014 e a ministra lançou a todos os desafios de utilizar a tecnologia para contar “a nossa história” evitando que o continente se torne lixeira das tecnologias obsoletas de outras partes. E também desafiou a UAR a promover em todo o continente a produção e distribuição de conteúdos locais, pois a tecnologia digital também significa multiplicidade de canais e com esta, a invasão de conteúdos de fora. “Não” a esta invasão mas também muita autocrítica na fraqueza que temos em contar as nossas próprias histórias.

Presidente da CAF reclama parceria com a UAR

Muito esperada a presença e intervenção do presidente da CAF, Ahmad Ahmad, sobre os direitos de transmissão televisiva, e radiofônica, em África. Ahmad reconheceu que nunca se alcançou ate agora uma verdadeira parceria entre a sua organização e a URTNA antes e a UAR agora, mas que reconhecia a importância da questão. E sugeriu diálogo entre as duas organizações para que todas as competições sejam projectadas nas televisões africanas.

Casos de sucesso de migração para o digital

Em seguida foram apresentados os exemplos de alguns países neste processo de migração do analógico para o digital. Antes de tudo a experiência da Argélia com a sua migração para TNT, tendo apresentado os custos significativos que tal processo comporta mas também as vantagens; o ministro das comunicações do Gana apresentou a historia do Pais que com a passagem ao digital foi capaz de oferecer 42 canais de televisão e destes passar para 110, sendo 10 em alta definição e os restantes com definição normal. E quanto aos conteúdos locais, o ministro explicou que o Gana encoraja 70% de conteúdo local na transmissão digital.

O Senegal apresentou as expectativas dos jovens do país para que as estratégias sobre direitos de transmissão desportiva sejam analisadas e debatidas nesta assembleia em vista a conclusões que possam ser aplicadas no continente. O Mali apresentou os desafios sociopolíticos pelos quais tem passado e que dificultaram o processo de migração, tendo auspiciado que meios apropriados possam ser encontrados para apoiar as populações a receber quer as transmissões terrestres quer aquelas por satélite.

Continuar o diálogo

E para concluir a manhã a conferência de imprensa de Ahmad Ahmad, presidente da CAF, que falou das conversações previamente tidas com os organizadores da assembleia e da necessidade de continuar o diálogo sobre os direitos televisivos nas transmissões desportivas. A pergunta sobre o que a CAF faz para promover o futebol feminino no Continente Ahmad Ahmad desafiou as próprias mulheres a serem mais pro-activas e a se envolverem no debate, contando com o apoio da CAF.

O período da tarde foi dedicado aos workshop distribuídos em 4 grupos:

- questões tecnológicas relativas à Transmissão Digital Terrestre;

- questões comerciais e econômicas;

- questões culturais e de conteúdos

- questões sociopolíticas e jurídicas, e tudo aquilo que não funcionou bem no processo de migração para uma boa parte dos países.

O fórum termina amanha, 13 de março, com a leitura das actas, recomendações e resoluções dos workshop, bem como a publicação daquela que será conhecida como a “Declaração de Kigali”.

Pe. Suate sobre encontro em Kigali

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13 março 2018, 11:58