Terceira Etapa da Escola de Fé e Cidadania Dom José Gomes
Jaison Alves da Silva - ASCOM CNBB Sul 4
A Escola de Fé e Cidadania tem como base o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP), da CNBB. O objetivo é fomentar o pensamento social cristão à luz da Doutrina Social da Igreja e dos valores evangélicos, colaborando com a formação de lideranças inseridas na política brasileira, por meio de uma reflexão bíblica, teológica, das ciências sociais e da filosofia. A missão consiste em promover a transformação social por meio da formação e articulação política, na defesa da democracia participativa, com ações solidárias, diálogo e atenção às pessoas, sob a perspectiva de uma ecologia integral e de uma economia solidária.
Os princípios discutidos na Escola são baseados no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, distribuído a todos os participantes, com ênfase no papel do Evangelho na transformação social.
Na primeira etapa, com assessoria de Rosana Manzini, professora da PUC São Paulo, foram estudados os princípios do Ensino Social da Igreja e a relação entre fé e cidadania no Vaticano II, nos documentos da Igreja na América Latina e no Brasil, na Bíblia e nos Santos Padres.
A segunda etapa contou com a presença de Franklin Machado, jornalista, comunicador popular e filósofo, e Osnilda Lima, jornalista e especialista em Dimensão Social da Fé. Os debates abordaram a educomunicação, estratégia que integra educação e comunicação, com o objetivo de formar agentes de pastoral preparados para produzir e interpretar conteúdos de forma crítica e responsável.
A terceira etapa teve como tema a "Metodologia para uma Análise de Conjuntura" e foi conduzida por Cleber César Buzatto, ex-secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Sul. A proposta metodológica apresentada se baseia na Educação Popular, conforme o pensamento de Paulo Freire, e busca promover a leitura crítica da realidade a partir da vivência e saberes das comunidades.
A análise de conjuntura foi desenvolvida em oficinas práticas organizadas por grupos geográficos, com base nos municípios de origem dos participantes. O trabalho teve como foco a conjuntura política municipal, sendo discutido em plenárias e complementado com reflexões coletivas. Os grupos apresentaram os resultados, sorteados para exposição, e receberam contribuições da assessoria e dos demais participantes.
Durante a assessoria, foi abordado o conceito de conjuntura como o conjunto de forças e elementos que influenciam uma realidade em determinado momento. A análise busca identificar atores sociais, interesses envolvidos, cenários, acontecimentos relevantes, relações de força e tendências. A metodologia também prevê uma articulação entre a realidade conjuntural e estruturas históricas, culturais, sociais e eclesiais.
A apresentação destacou a importância da análise como instrumento de planejamento de ações pastorais, com vistas à transformação da realidade. Segundo Cleber, a análise de conjuntura deve ser feita a partir de pontos de vista distintos — tanto do capital quanto das classes populares — e deve estar alinhada aos princípios da Doutrina Social da Igreja: dignidade da pessoa humana, bem comum, destinação universal dos bens, primazia do trabalho sobre o capital, subsidiariedade e solidariedade.
Cleber destacou:
“Analisar uma conjuntura é descortinar uma janela e reconhecer, através dela, quais os personagens que estão encenando uma determinada história. Qual a força real desses atores sociais? Quais os indivíduos, grupos, classes e quais seus interesses? Quais os objetivos que os mobilizam? Quais os interesses históricos e imediatos que estão em jogo, quais as regras do jogo e qual é a atuação de cada um sobre o tabuleiro da vida?”
“A análise da conjuntura é necessária sempre. Qualquer ação, individual ou coletiva, exige que seja pensada e programada. Isto serve para a ação político-eleitoral, para uma empreitada comercial, para um projeto industrial, assim como, para a ação pastoral”.
“Analisar constantemente a conjuntura é a tarefa número um dos agentes pastorais/sociais/políticos que se propõem a agir sobre a realidade, buscando a sua alteração”.
“É necessário conhecer a realidade onde estamos e saber para onde queremos ir, a fim de, agindo sobre esta realidade de modo mais assertivo, possamos alcançar os objetivos almejados”.
Como desdobramento desta etapa, foram propostas as seguintes tarefas:
- Cada participante deverá realizar uma intervenção em seu município para promover maior respeito e efetivação dos princípios da Doutrina Social da Igreja.
- Em âmbito diocesano, os participantes deverão realizar uma análise de conjuntura eclesiológica e propor uma intervenção coletiva.
- Os membros de uma mesma pastoral deverão propor e realizar uma intervenção no Regional Sul 4 da CNBB com base nos mesmos princípios.
Além das atividades formativas, a programação contou com momentos de espiritualidade inspirados no Ofício Divino das Comunidades, com assessoria musical de Arnaldo Temochko. A Celebração Eucarística do Domingo de Ramos, presidida por dom Guilherme Antônio Werlang, bispo da Diocese de Lages, encerrou a terceira etapa.
Fotos: Jaison Alves da Silva | ASCOM CNBB Sul 4
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