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Dom Roberto Francisco, bispo de Campos participa de debate sobre liberdade religiosa Dom Roberto Francisco, bispo de Campos participa de debate sobre liberdade religiosa 

Bispo de Campos participa de debate sobre liberdade religiosa e defesa da vida do povo negro

Encontro foi realizado no sábado (05) na Tenda Cultural, na Praia de Farol de São Tomé, Campos dos Goytacazes (RJ), com participação do Bispo de Campos, dom Roberto Francisco e lideranças de religiões de matriz africana. Participaram do encontro o Babalorixá Ivani dos Santos e a Alissan Maria de Iemanjá.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

Debater e defender a liberdade religiosa. Em Campos dos Goytacazes, uma cidade com invasões a casas de culto das religiões de matriz africana e com violência praticada contra ministros religiosos o Bispo de Campos e Referencial da Pastoral Afro-brasileira, dom Roberto Francisco Fererria Paz foi uma das vozes em defesa do respeito a liberdade de culto. No sábado o bispo participou do Encontro Diálogo Inter-religioso Nossa Senhora e Iemanjá: Olhares e encontros, promovido pela Fundação Cultural Jornalista Osvaldo Lima.

Dom Roberto Francisco vem sendo uma voz em defesa da liberdade e respeito ao culto das religiões de matriz africana. Em Campos dos Goytacazes várias casas de culto foram alvo de ataques violentos sendo registrada morte de dois ministros de culto e desde 2019 a situação está ficando alarmante. Em 2021 foi registrado dois casos de invasão a casa de culto de matriz africana. Já são contabilizados mais de 70 lugares de culto invadidos no município.

Diante dos ataques dom Roberto Francisco sempre manifestou solidariedade aos ministros religiosos que tiveram suas casas de culto invadidas. E em 2019 emitiu nota de repúdio. Uma situação que continua sendo alvo de debates e de ação por parte das autoridades.

Debate
Debate

“Expressamos como Diocese de Campos nossa solidariedade fraterna e apoio para com os irmãos e irmãs pertencentes a religiões de matriz africana. Repudiamos e manifestamos nosso total desacordo e desconformidade com a perseguição religiosa, a intolerância e a violência que levou ao fechamento de vários Terreiros. O desrespeito à liberdade religiosa e à liberdade de consciência fere profundamente a Democracia, a convivência social e torna-se uma grave ameaça à paz. Nossa bênção de consolação e paz!”,  ressalta dom Roberto Francisco Ferrería Paz.

Na Diocese de Campos foi criada a Pastoral Afro-brasileira como uma das vozes em defesa da liberdade religiosa e contra a violência contra os negros. Estatísticas apontam para o alto índice de violência contra a população negra em todo o Brasil e recentemente o assassinato do negro congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, na cidade do Rio de Janeiro. Das 34.918 mortes violentas de jovens divulgadas no final do ano de 2021, 80% são de jovens negros. O cenário é desolador para as famílias e comunidades negras.

Conhecer para poder dialogar

“Uma pessoa quando perde o direito de cultuar seu Deus como quer e onde quer perde tudo É fundamental a batalha pela liberdade religiosa Deus nos criou para a liberdade e antes de termos uma religião somos filhos de Deus”. Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos.

Dom Roberto Francisco iniciou destacando a necessidade de conhecer e a partir desse envolvimento poder dialogar e defender a liberdade de professar a sua vivencia religiosa. O tema Maria e Iemanjá parte da experiência de Nossa Senhora, a Mãe dos viventes e partindo da maternidade do filho de Deus. Iemanjá revela a maternidade dos orixás na tradição africana. Duas personagens que revelam a maternidade.

Manifestação emm defesa da tolerância
Manifestação emm defesa da tolerância

“Quando a gente faz uma experiencia de grupo de diálogo inter-religioso cada religião se apresenta. Quando a gente vê uma religião de fora não entende. Muitos acham que as religiões afro-brasileiras são politeístas, porque veem de fora e somente quem vê de dentro pode captar o espirito e a alma dessa religião e respeita-la melhor”.

“O diálogo é reconhecer identidades e crescer com elas e respeita-las.” Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos.

E dom Roberto Francisco aponta o diálogo para a restauração da paz e o direito à liberdade de cada pessoa expressar a sua religião e culto a Deus. O diálogo inter-religioso deve levantar as questões sobre a vida, o sentido e a esperança a ética e a casa comum. É essa a importância do diálogo entre os credos religiosos gerando a paz e as expressões religiosas fundamentalistas.
A paz está em perigo. Dom Roberto Francisco aponta que dos anos 60 até o ano 2000 todos os conflitos que foram gerados pela intolerância religiosa estão entre os fatores que desencadearam as guerras.

“O diálogo Inter-religioso é um dos baluartes da paz e da civilização do amor e as religiões como a palavra indica religar, são as que unem as culturas, as nações e as próprias pessoas. Queremos uma família humana e reconciliada. Temos de apostar nesse diálogo por apresentar o rosto de um Deus que dialoga e nos quer Palavra e ama a todos”, reflete dom Roberto Francisco.

Fotos: Matheus Andrade

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07 fevereiro 2022, 10:10