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Terra Santa, Qasr al-Yahud, lugar do Batismo de Jesus Terra Santa, Qasr al-Yahud, lugar do Batismo de Jesus 

Patton: o local de Batismo de Jesus, de campo minado a lugar de oração

Depois da pequena festa do ano passado, cerca de mil pessoas participaram no domingo (09/01) da tradicional peregrinação ao local do Batismo de Jesus, na margem ocidental do rio Jordão. O Custódio da Terra Santa frei Francesco Patton, presidiu uma missa ao ar livre, respeitando todas as normas anti-Covid-19.

Tiziana Campisi – Vatican News

“Este ano estamos novamente reunidos em grande número, como povo de Deus e como Igreja, para celebrar o Batismo de Jesus aqui nesse santuário. Estamos no 55º ano desta celebração, mais que um jubileu bíblico”. Foi o que disse o Custódio da Terra Santa, frei Francesco Patton, que no domingo (09/01), presidiu à Missa da Solenidade do Batismo do Senhor perto de Qasr el Yahud, na margem oeste do Rio Jordão, onde Jesus teria sido batizado. Esse local é gerido pela Administração Civil e pelo Ministério do Turismo de Israel.

Por outro lado, existe também a região de Al-Maghtas ou Betânia, na costa leste, em solo jordaniano, que em 2015 foi declarada patrimônio da UNESCO. No ano passado, em entrevista ao Catholic News Service, o patriarca latino de Jerusalém dom Pierbattista Pizzaballa, especificou que, do ponto de vista histórico e arqueológico, a margem jordaniana é o verdadeiro local do Batismo de Jesus, como está escrito no Evangelho de São João, que descreve o evento em Betânia.

Antigo campo minado
Antigo campo minado

Nessa região, há mais de 25 anos, algumas escavações trouxeram à luz as ruínas de antigas igrejas e capelas romanas e bizantinas, um mosteiro, cavernas eremitas e bacias batismais, destruídas por terremotos e inundações do rio. Os franciscanos - informa o portal da Custódia da Terra Santa, voltaram a celebrar na costa ocidental no ano passado, depois de 54 anos. Na verdade, a área tornou-se um campo minado e não foi possível acessá-la por vários anos. No ano passado, devido à pandemia, apenas algumas pessoas puderam participar da celebração. Neste 2022, entretanto, cerca de mil pessoas estiveram presentes na cerimônia ao ar livre, que cumpriu todas as normas sanitárias anti-Covid-19.

Para acolher e saudar o custódio da Terra Santa, estavam presentes as autoridades civis e religiosas locais, incluindo o prefeito, o governador e o imã da Mesquita de Jericó. Também estiveram presentes na celebração o cônsul geral da Itália Giuseppe Fedele, o cônsul geral da Espanha Alfonso Lucini Mateo, o chefe de assuntos políticos do consulado da Bélgica Philip Haspeslagh, além do pároco da Igreja Latina do Bom Pastor em Jericó, frei Mario Hadchiti.

Rio Jordão
Rio Jordão

O Batismo de Jesus: “Solidariedade de Deus com a humanidade pecadora”

A liturgia começou no convento franciscano do Bom Pastor em Jericó. Depois, em procissão solene, os frades foram às margens do rio Jordão para a celebração da missa. Em sua homilia, frei Patton destacou que o lugar que por muitos anos foi um campo de guerra, um campo minado, é hoje “um campo de paz, adoração e oração”.

“Quando Jesus entra nas águas do Jordão e é batizado por João junto com os pecadores, ele expressa a solidariedade de Deus com a humanidade pecadora. Isto é, com cada um de nós. E demonstra a intenção que Deus tem de salvar toda a humanidade e cada um de nós”, acrescenta o custódio da Terra Santa. “Não é a água que purifica Cristo, mas é Cristo que santifica a água. Este é o significado da Encarnação do Filho de Deus – continua frei Patton –, quando Cristo começa a frequentar a humanidade pecadora, a humanidade pecadora começa a experimentar a benevolência, o amor, a santidade e a salvação de Deus. Não é Deus que se ‘corrompe’ em contato conosco, mas nós que somos ‘santificados’ em contado com Ele”.

Ao final da missa, os religiosos franciscanos foram em peregrinação ao mosteiro greco-ortodoxo de “Quarentena”, perto de Jericó, reconhecido há séculos como a montanha onde Jesus foi tentado por Satanás. Foi precisamente a leitura do trecho evangélico que recorda este episódio que encerrou o dia de oração.

Antigo campo minado
Antigo campo minado

A costa ocidental do rio Jordão

Na margem oeste do Jordão, comemorando o local do Batismo de Jesus, encontra-se uma pequena igreja franciscana, construída em 1956 em terreno adquirido pela Custódia da Terra Santa em 1932. A tradição da peregrinação anual ao local do Batismo de Jesus ocorre pelo menos desde 1641. Em 1967, devido à eclosão da guerra entre Israel e Jordânia, a área foi transformada em um campo minado de 55 hectares, do qual os franciscanos foram forçados a sair.

O lugar sagrado – que está localizado em território palestino – classificado como área “C” e sob o controle de Israel, segundo os Acordos de Oslo do início dos anos 1990 – foi praticamente recuperado para a visita do Papa João Paulo II à Terra Santa no ano 2000 e depois aberto aos peregrinos em 2011.

Em março de 2018, a associação Halo Trust começou a ‘desminagem’ da área, conseguindo recuperá-la completamente e devolvendo as chaves do local aos franciscanos em outubro de 2020. A estrutura está organizada em um prédio de dois andares, com dois lances de escada localizados na parte externa, que permitem o acesso à igreja no andar superior. Após as reformas, a igreja foi reinaugurada no ano passado e ali voltaram a acontecer celebrações da festa do Batismo de Jesus. “A mensagem desta festa nos impulsiona a encorajar as pessoas a permanecerem nesta terra – afirma frei Hadchiti – porque Jesus se encarnou nesta terra”.

22ª peregrinação às margens do Rio Jordão

Na próxima sexta-feira, (14/01), ocorrerá a 22º peregrinação das Igrejas Católicas ao local do Batismo de Jesus. O evento, que ocorre anualmente na segunda sexta-feira de janeiro, é realizado na margem oriental do Rio Jordão. Quem celebrará a Santa Missa na Igreja do Batismo de Cristo, será o patriarca latino de Jerusalém, dom Pierbattista Pizzaballa. De acordo com Frei Rif'at Bader, diretor do Centro Católico de Estudos e Mídia (CCSM), devido à pandemia, apenas mil pessoas poderão participar da celebração. Ainda segundo o religioso, o objetivo é garantir o distanciamento social na igreja, que tem capacidade de dois mil lugares. A cerimônia contará com a presença do arcebispo greco-católico melquita de Petra e Filadélfia e de toda a Jordânia Joseph Jbarah, do vigário patriarcal latino para a Jordânia padre Jamal Khader e do encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica em Amã, dom Mauro Lalli. Frei Bader elogiou os esforços de coordenação feitos pela Igreja, Ministério de Turismo e Antiguidades da Jordânia, o Conselho de Turismo, o Alto Comitê para o Batismo, a polícia, os escoteiros e o coros. 

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11 janeiro 2022, 16:24