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Dom Michel Aupetit: “Que Deus me permita de servi-lo todos os dias nos meus irmãos” Dom Michel Aupetit: “Que Deus me permita de servi-lo todos os dias nos meus irmãos” 

Dom Aupetit: perdido de amor, mas por Cristo

Durante a Missa de despedida celebrada na Igreja de Saint-Sulpice, o arcebispo emérito de Paris agradeceu aos fiéis e exortou à unidade, respondendo às declarações publicadas na revista Paris Match.

Vatican News

“Um jornalista escreveu: 'O arcebispo de Paris se perdeu por amor', mas se esqueceu do final da frase. A frase completa é: 'O arcebispo de Paris se perdeu por amor a Cristo'”.

Em uma passagem da homilia, acompanhada pelos aplausos dos dois mil fiéis presentes na Igreja de Saint-Sulpice em Paris, Dom Aupetit respondeu às acusações que lhe foram feitas pelo Paris Match em um artigo publicado em 8 de dezembro, reafirmando o significado profundo da sua vocação: “Ontem perdi a minha vida por amor a Cristo quando entrei no seminário. Hoje perdi minha vida por amor a Cristo. Amanhã vou perder novamente a minha vida por amor a Cristo”, porque “devemos correr o risco de amar, como Jesus”.

Os aplausos para Dom Michel Aupetit – à frente da Arquidiocese de Paris por quatro anos, até 2 de dezembro passado, quando o Papa aceitou sua renúncia - começaram assim que ele entrou no corredor da igreja. O prelado compartilhou seus sentimentos e agradeceu aos fiéis pelo carinho, reiterando o convite à unidade já expresso na carta de despedida escrita há poucos dias. “Preocupo-me com a unidade para além das diferenças que possamos ter. Deixo-vos hoje com a gratidão, com a celebração da Eucaristia que nos reúne todos, independentemente da nossa idade e condição”.

“O amor é um risco permanente 

 

Durante a homilia, Dom Aupetit destacou a “lucidez do Senhor sobre a condição humana” em relação à “permanente frustração da nossa humanidade”. “É verdade – observou - que muitas vezes procura-se agradar às pessoas, principalmente quando se trata de ganhar seu voto, como por exemplo, o cenário das próximas eleições presidenciais deixa claro.

 

Mas, Cristo, disse o prelado, não é um político, "Jesus é livre." Livre da liberdade de sua relação de amor com o Pai e livre para a salvação da humanidade, livre da glória passageira que seus contemporâneos poderiam oferecer a ele. No entanto – continuou ele - "o amor leva a correr riscos" e Jesus correu esse risco ao comer com pecadores ou a permitir que uma mulher de reputação duvidosa lavasse seus pés. Mas por que - perguntou o arcebispo emérito de Paris - Jesus correu esses riscos? Para salvar essas pessoas, porque “o amor é um risco permanente” e porque “se permanecermos barricados em princípios precaucionais espirituais, a pergunta será se amamos verdadeiramente, se ainda amamos Jesus”.

Seguir o alfabeto divino

 

Dom Aupetit convidou então os fiéis a seguirem "o alfabeto divino", "o alfabeto do amor". Desde as primeiras cartas - com amor a si mesmo, aos pais, aos amigos - às cartas finais. A letra “Z” - observou ele - “creio que consista em amar os inimigos como diz Jesus” e “perante a injustiça, não há outro remédio senão ir à letra Z”.

A história que levou à renúncia de Dom Aupetit e à nomeação do arcebispo Georges Pontier como administrador apostólico Sede vacante et ad nutum Sanctæ Sedis de Paris começou em 23 de novembro com a publicação de um artigo no semanário francês Le Point, que criticava a gestão da arquidiocese pelo prelado e destacava alguns aspectos de sua vida privada, em particular a suposta relação com uma mulher no tempo de seu ministério como vigário geral. O prelado havia rejeitado as acusações em uma entrevista à Rádio Notre Dame, afirmando entre outras coisas que aqueles que o conheceram na época e compartilharam de sua vida cotidiana, poderiam "certamente testemunhar que eu não levei uma vida dupla como o artigo sugere".  E conclui afirmando querer colocar a sua vida “nas mãos do Senhor”: “Que me permita de servi-lo todos os dias nos meus irmãos”.

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11 dezembro 2021, 13:17