Dom Eric de Moulins-Beufort preside Missa na Catedral de Notre-Dame de Reims Dom Eric de Moulins-Beufort preside Missa na Catedral de Notre-Dame de Reims 

Presidente dos bispos franceses reitera que tutela dos menores é prioridade absoluta

A realidade da violência sexual e das agressões contra menores na Igreja e na sociedade convida, de fato, todas as pessoas de boa vontade, "crentes ou não", a "trabalharem juntas a serviço da proteção dos mais jovens, da acolhida e do acompanhamento das vítimas".

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

"Fazer da proteção das crianças uma prioridade absoluta de todos os bispos e de todos os católicos, em estreita colaboração com as autoridades francesas". É o que defende  o arcebispo de Reims e presidente da Conferência Episcopal francesa (CECF),  Dom Éric de Moulins-Beaufort, em uma nota divulgada na terça-feira, 12 de outubro.

Suas palavras chegam poucos dias após a publicação do Relatório da Ciase, a Comissão Independente sobre Abusos Sexuais na Igreja. Encomendado pela própria CEF e conduzido por Jean-Marc Sauvé, a Comissão revelou a existência de pelos menos 216.000 vítimas de abusos na França, cometidos entre 1950 a 2020 por sacerdotes e religiosos. "Peço perdão a todas as vítimas", reitera Dom de Moulins-Beaufort.

 

"A dimensão da violência sexual e das agressões contra menores revelada pelo Relatório Ciase - continua a nota - exige que a Igreja reinterprete suas práticas à luz desta realidade". Neste sentido, o apelo à colaboração com as autoridades, tanto que já foram implementados "protocolos que ligam as 17 dioceses da França ao Ministério Público, para facilitar e acelerar o processamento de denúncias de qualquer ato denunciado". Um sistema que “o Ministério de Justiça acaba de incentivar a difusão".

O presidente da CEF destaca, ademais, que na próxima sessão plenária da organismo, prevista para se realizar de 3 a 8 de novembro, os bispos franceses "trabalharão juntos, com base no Relatório Ciase e nas suas 45 recomendações, sobre as medidas e reformas a serem prosseguidas e empreendidas, em estreita comunhão com a Igreja universal".

As paróquias, os movimentos e as comunidades são, portanto, convidadas a "ler este Relatório, a compartilhá-lo e a trabalhar nele, pois parece essencial que todos acolham os numerosos testemunhos de vítimas que ele contém e dele tirem as consequências necessárias".

A realidade da violência sexual e das agressões contra menores na Igreja e na sociedade convida, de fato, todas as pessoas de boa vontade, "crentes ou não", a "trabalharem juntas a serviço da proteção dos mais jovens, da acolhida e do acompanhamento das vítimas". Diante destes fatos - conclui a nota - Dom de Moulins-Beaufort reitera sua vergonha e consternação, mas também sua determinação em realizar as reformas necessárias para que a Igreja na França mereça a confiança de todos".

 

Um outro ponto abordado pelo comunicado diz respeito à confissão: o prelado reitera que "é necessário trabalhar para conciliar a natureza" deste Sacramento "com a necessidade de proteger as crianças". Isso se faz necessário em função de um caso específico: em 6 de outubro, falando à France Info, o presidente da CEF afirmou que "o sigilo da confissão é uma exigência e continuará sendo uma exigência: em certo sentido, está acima das leis da República. Ele cria um espaço livre para falar diante de Deus”.

Tais afirmações provocaram um amplo debate do qual o próprio prelado disse estar ciente. Ainda na terça-feira, 12, o Ministro do Interior encarregado dos assuntos religiosos, Gérald Darmanin, reuniu-se com o presidente dos bispos.

Dom de Moulins-Beaufort - explica a nota – pode tratar com Gérald Darmanin  a respeito de sua resposta à France Info. “A tarefa do Estado é organizar a vida social e regular a ordem pública. Para nós cristãos, a fé apela para a consciência de cada pessoa, apela para a busca incessante do bem, o que não pode ser feito sem respeitar as leis do país".

A recordar que o Papa Francisco também se referiu ao Relatório Ciase durante a Audiência Geral de 6 de outubro: "Este é o momento de vergonha", disse o Pontífice, expressando sua proximidade com as vítimas e expressando tristeza e dor, mas também encorajando a fazer todos os esforços para garantir que tragédias semelhantes não se repitam e que a Igreja seja uma casa segura.

Vatican News Service – IP

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13 outubro 2021, 10:39